Do twitter de Guilherme Boulos.
Depois de algumas especulações, sondagens e desmentidos, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, bateu o martelo da nomeação do titular da pasta de Educação. Será Ricardo Vélez Rodriguez, uma indicação, segundo diversas fontes na imprensa, do filósofo conservador Olavo de Carvalho.
O novo ministro já afirmou que é necessário limpar o MEC do “entulho marxista que tomou conta das propostas educacionais”. Em seu blog, ele também escreveu que o golpe de 64 (que ele não chama de golpe) é uma data para comemorar.
Com essa nomeação, o primeiro escalão do governo Bolsonaro está quase completo. E não há surpresas. As áreas econômicas, por exemplo, foram todas distribuídas a neoliberais. No BNDES, teremos Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda de Dilma. Na Petrobras, Caixa e Banco do Brasil, os responsáveis deram sinais favoráveis à privatização do que for possível, deixando apenas o esqueleto dessas estruturas.
No campo da oposição, as cartas também estão sendo mostradas. O bloco formado por PSB, PDT, PCdoB e Rede reuniu-se esta semana, com a presença do governador Flavio Dino, e agora já é uma realidade. A não-presença do PT manda um sinal claro de que essas legendas não ficaram satisfeitas com o papel desempenhado pelo partido na campanha presidencial.
O PT, por sua vez, aposta na liderança de Fernando Haddad, que teve uma semana animada. O ex-candidato à presidência comandou uma reunião da bancada da legenda em Brasília, recebeu um convite para integrar uma frente internacional progressista, encabeçada pelo senador americano Bernie Sanders, e ontem visitou Lula em Curitiba.
Na coletiva à imprensa, Haddad pareceu desdenhar do bloco parlamentar formado por seus colegas da centro-esquerda, ou pelo menos foi isso que ficou parecendo pela nota, ainda não rebatida, de Mônica Bergamo:
Acho importante observar, para evitar mal entendido, que o problema não é propriamente a defesa da liberdade de Lula, bandeira que toda centro-esquerda abraça, e sim a estratégia usada, desde o início, para chegar a esse fim, dando-lhe uma centralidade político-eleitoral que apenas ajudou o partido da justiça a reforçar as barras da cela do ex-presidente.
A boa notícia vinda do governo Bolsonaro, se é que isso é possível, é uma entrevista do vice-presidente, Hamilton Mourão, em que ele deixa transparecer algum bom senso. Trechos:
China e Rússia, hoje, representam o único contraponto real à hegemonia militar e geopolítica dos EUA. Uma “frente progressista” que se pretenda justa e objetiva precisa levar isso em conta.
Seria um erro bobo unir-se de maneira deslumbrada e provinciana a uma frente progressista liderada pelos Estados Unidos, sem fazer uma avaliação crítica de seus propósitos e limitações.
Aliás, o ideal é que uma frente desse tipo não fosse liderada pelos EUA.
Olho vivo, portanto!
Fonte: O Cafezinho
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