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29 de março de 2024

Anadia/AL, 29 de março de 2024

Servidores públicos protestam em frente à Sefaz

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 17 de julho de 2019

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 Servidores protestem em frente à sede da Sefaz (Foto: Sandro Lima)
 

Dezenas de servidores públicos protestaram em frente à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) na manhã desta quarta-feira (17). Na pauta, além da lembrança de 1997, quando Divaldo Suruagy deixou o Governo do Estado, cobranças quanto ao futuro do funcionalismo. Os sindicatos se dizem preocupados com o endividamento público devido a empréstimos tomados pelo governador Renan Filho (MDB).

Todas as atividades do prédio-sede da Sefaz foram paralisadas. Segundo os sindicalistas, a mobilização no local segue até as 14h. Os serviços nos centros de atendimento Já não pararam de ser realizados.

Segundo Izac Jackson, diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Alagoas, o 17 de julho de 2019, ao contrário do de 1997, não tem o que comemorar.

Para Izac Jackson, 17 de julho deste ano não terá o que comemorar (Foto: Sandro Lima)

“A gente resgata o que ocorreu há 22 anos, onde no processo de resistência conseguimos mudar a História de Alagoas. Aquilo ficou na simbologia do movimento sindical e, em especial, dos servidores públicos. Agora, o de 2019 não vai trazer boas lembranças. Há poucos dias foi aprovada em primeiro turno a reforma da Previdência, que deve trazer transtornos e perdas aos servidores públicos estaduais e municipais. No tocante à nossa pauta com o governo Renan Filho, que está atropelada e atrasada, o governo quer, por força, implantar – nos últimos 5 anos – dois reajustes zero. Nossa data-base é maio e o governador não conversa com os sindicatos, apenas alguns assessores e de forma extraoficial. Ou seja, nada com resultado efetivo”, diz o dirigente da CUT em Alagoas.

Ainda na avaliação de Izac Jackson, o argumento de crise econômica no Brasil não se sustenta porque o atual governo é o que menos gasta com salários nas últimas décadas em Alagoas.

“Desculpa é a crise, mas isso não é verdade. O governo Renan Filho, através de sue próprio balanço, é o que menos gasta com pessoal nos últimos 20 anos. Esse governo gasta menos que os oito do Ronaldo Lessa; que os oito do Téo Vilela; e já gasta menos que o seu primeiro mandato. 2018 ele gastou 46,19%”, afirma o diretor da CUT em Alagoas.

Ricardo Nazário, presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol), ressalta que a data serve para lembrar não só a queda de Divaldo Suruagy, mas os motivos que ocasionaram aquele movimento. O principal: salários atrasados.

Ricardo Nazário: ‘não queremos que ocorra agora o mesmo que se deu em 1997’ (Foto: Sandro Lima)

“O Governo do Estado não sinalizou com a reposição inflacionária, o IPCA, agora de 2019. Os servidores se uniram e, com essa data histórica de 17 de julho, que foi a derrubada de um governador, decidimos relembrar para que não aconteça o mesmo no futuro e o atual governo se atente em implantar a reposição inflacionária este ano para os servidores”, comenta. “O Governo do Estado, está fazendo o segundo empréstimo – de R$ 700 milhões – e isso preocupa os servidores. Se o governo passa à sociedade que o primeiro quadrimestre deu superávit em arrecadação, que é exemplo de gestão fiscal para o país e o ICMS, agora, foi anunciado que arrecadou alto. Então por que o Governo do Estado está em busca desse empréstimo? Isso nos preocupa por que estamos vendo uma ameaça futura de os aposentados não terem seus salários garantidos. Projetamos que se ele faz seu segundo empréstimo e que isso vai rolar para o próximo governador, então corre o risco de as contas públicas estarem ameaçadas”, completa o presidente do Sindpol.

(Foto: Sandro Lima)

Já Consuelo Correia, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), afirma haver semelhanças entre 2019 e 1997.

Para Consuelo Correia, ‘descaso’ com os servidores agora é o mesmo de 1997 (Foto: Sandro Lima)

“Esse 17 de julho de 2019, comparando com 1997, a gente vê o mesmo descaso do governo em relação aos servidores públicos, que ficam na invisibilidade por não serem chamados a dialogar. Há meses que encaminhamos ofícios para poder discutir nossa data-base – que é maio, mas já estamos em meados de julho – e o governo não se posiciona, nem os secretários das pastas. Ficam jogando um para o outro e não temos respostas. O governo está viajando [China] com uma comitiva expressiva e deixando os servidores sem resposta. E as nossas só aumentam e não temos reposição salarial”, diz a presidenta do Sinteal. “Não podemos esquecer o que aconteceu em 1997, porque se for necessária a unidade da classe trabalhadores – principalmente dos servidores públicos estaduais – vamos cobrar e resistir. Não aguentamos mais tanto arrochos e a falta de valorização dos servidores”, completa.

Consuelo Correia também destaca a reforma da Previdência como um fator preocupante para os servidores públicos.

“Ainda tem a reforma da Previdência para estados e municípios que vai reduzir nossos subsídios porque se aumenta a alíquota previdenciária, nosso parco salário de hoje vai diminuir mais ainda”, afirma a presidenta do Sinteal.

17 DE JULHO DE 1997

No dia 17 de julho de 1997, servidores públicos – civis e militares – se dirigiram à Praça Tavares Bastos, sede da Assembleia Legislativa Estadual (ALE) para cobrar dos parlamentares a queda do então governado Divaldo Suruagy. Àquela altura, o funcionalismo público já se encontrava há oito meses sem receber salários. E devido à mobilização dos policiais militares, o Exército foi chamado para fazer a segurança da sede do parlamento alagoano.

Mesmo diante de vários confrontos, derrubada de grades e prisões, a sessão da ALE ocorreu e Suruagy foi cassado pelo parlamento. Em seu lugar assumiu Manoel Gomes de Barros, então vice-governador do Estado.  Eleito pelo PMDB com mais de 80% dos votos em 1994, Divaldo Suruagy estava em seu terceiro mandato como governador de Alagoas. Suruagy faleceu em 2015 aos 78 anos.

Abaixo, imagens de arquivo da extinta Tribuna de Alagoas do confronto ocorrido na Praça Tavares Bastos.

 

 

Fonte: Tribuna Hoje

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