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29 de março de 2024

Anadia/AL, 29 de março de 2024

Protesto: moradores pintam rua contra área de resguardo

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 12 de dezembro de 2019

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Morador Aristóteles Augusto diz que comunidade está tensa com separação de dois lados da mesma rua (Foto: Edilson Omena)

Mais um grupo de moradores, desta vez da Rua Delmiro Gouveia, no Mutange, reclama da “divisão” resultante da área de resguardo da Braskem. Em protesto, eles pintaram uma faixa no meio da rua separando o lado que será evacuado e indenizado pela empresa e o que permanecerá aguardando a Defesa Civil de Maceió.

Num vídeo que circula nas redes sociais, o morador Aristóteles Augusto, que mora na região há 41 anos, afirma que a comunidade está tensa com a “separação”. É que na mesma rua um lado será evacuado pela Braskem e outro terá que aguardar a remoção para moradias populares que será feita pela Prefeitura de Maceió, ainda sem data definida. Para os moradores, a determinação é desproporcional.

“Na travessa Delmiro Gouveia um lado está [na área de resguardo] e o outro não está. Essa é a indignação do povo, da comunidade. Porque um lado está e outro não? Porque não andaram cinco metros e pegaram outras residências? Isso não poderia ser ampliado? Acredito que sim. É essa resposta que precisamos da Braskem e da Defesa Civil, que se amplie a área de resguardo, é isso que a comunidade almeja, que a gente tivesse o mesmo tratamento que o outro lado da rua está tendo”, avalia o morador.

Como forma de protesto eles pintaram a rua e questionam a petroquímica e a Defesa Civil sobre a determinação.

“A comunidade está aflita, está desesperada. Vendo um lado tendo seus direitos garantidos pela Braskem e o outro lado da rua não. Tendo que ir para apartamentos que a Prefeitura quer dar. E aí como vai ficar?”, indaga.

A região está classificada como zona de evacuação e monitoramento de acordo com o mapa de setorização de danos produzido pelo Serviço Geológico do Brasil e Defesa Civil.

“Estamos classificados na área de risco da Defesa Civil. A gente acredita que eles querem forçar os moradores a querer esses apartamentos do Minha Casa Minha Vida. Nada contra quem quer esses apartamentos, é uma morada justa, morada digna. Mas, na rua em que eu moro, ninguém quer sair para ir para apartamentos daquele, ninguém quer aceitar. O que a gente reivindica é que essa área de resguardo seja ampliada. As pessoas pagam IPTU, tem água e energia. Queremos que eles sejam coerentes e refaçam essa área de resguardo”, diz Aristóteles.

Procurada para comentar o assunto, a Braskem informou que segue as orientações do estudo produzido por especialistas da Alemanha.

“O mapa de desocupação definido em conjunto com a Defesa Civil de Maceió está inserido na área de resguardo em torno de 15 poços da Braskem. Esta área é uma recomendação do Instituto de Geomecânica de Leipzig, da Alemanha, referência internacional em poços de sal. Outras áreas que não constam neste mapa de desocupação da Braskem continuam tendo as suas classificações, entre remoção e monitoramento, com base no mapa que a Defesa Civil publicou em junho deste ano”, esclarece a empresa por meio de nota.

Ministério Público Federal quer que região seja ampliada

Para o Ministério Público Federal (MPF) a área de resguardo proposta pela Braskem é apenas o “ponto inicial” e que outras áreas também devem ser alcançadas com as medidas. O órgão divulgou nota conjunto com a Defensoria Pública da União (DPU) e Defensoria Pública do Estado (DPE) em que reforça o posicionamento de que todos os moradores atingidos sejam beneficiados.

“Portanto, a disposição da empresa em negociar indenizações por danos morais e materiais apenas com os moradores da Área de Resguardo não afeta o posicionamento das instituições em relação à necessidade de se contemplar as vítimas de todas as áreas afetadas. Para MPF, DPU e DPE, baseados no relatório conclusivo da CPRM, os danos nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro foram causados pela extração de sal-gema na região, razão por que buscam na Justiça a responsabilização da empresa petroquímica Braskem S/A para toda a área afetada”, destacou o MPF.

Fonte: Tribuna Hoje

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