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29 de março de 2024

Anadia/AL, 29 de março de 2024

Confusão e atraso nos resultados de Iowa deixam prévia democrata sem vencedor

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 4 de fevereiro de 2020

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A divulgação do resultado das primárias democratas de Iowa atrasou nesta segunda-feira (3) e causou confusão nas campanhas dos principais candidatos do partido à Casa Branca.

A demora para a publicação dos números não é comum no processo conduzido no estado. Em 2016, por exemplo, 90% dos resultados já eram conhecidos após três horas do fim da votação. Desta vez, no mesmo horário, nenhum dado havia sido divulgado oficialmente, e as incertezas quanto aos prazos entraram pela madrugada desta terça (4).

O Partido Democrata em Iowa afirmou que o atraso não fora causado por ataque hacker ou qualquer tipo de invasão no sistema de transmissão dos resultados, mas sim devido a “inconsistências no envio dos números” para a central da legenda.

Segundo a CNN, perto da meia-noite as campanhas foram avisadas de que o resultado final não seria divulgado na noite desta segunda e não havia indicativos de que os números seriam conhecidos antes da manhã de terça.

No hotel em que o líder das pesquisas no estado, Bernie Sanders, reuniu-se com familiares e apoiadores para esperar os números, na capital de Iowa, jornalistas e a equipe do candidato foram desmobilizados logo no início da madrugada.

O atraso, justificaram líderes do partido, aconteceu porque novas regras foram incorporadas neste ano ao processo conhecido como caucus -espécie de assembleia de eleitores em que a votação ocorre de forma aberta e por aglomeração.

No formato de 2020, três dados -e não mais um- precisavam ser contabilizados e repassados ao fim da votação: a preferência dos eleitores na primeira e na segunda rodada do processo e a quantidade de delegados que cada candidato tem direito de acordo com seu desempenho ao final da votação.

Além disso, argumentam os oficiais democratas, houve falha técnica no aplicativo utilizado para relatar os números contabilizados nos recintos de votação.

 

A demora e as justificativas do partido irritaram as campanhas, segundo o jornal The New York Times, e os candidatos decidiram adiantar seus discursos. Enquanto isso, o presidente Donald Trump aproveitava a demora para deslegitimar a disputa interna da oposição.

Primeiro, falou a moderada Amy Klobuchar, seguida pelo centrista e ex-vice-presidente Joe Biden, que discursou ao mesmo tempo que a senadora progressista Elizabeth Warren. Cada um diante de sua audiência de eleitores.

Do hotel em Des Moines, Sanders afirmou que, quando os resultados saíssem, pressentia que seu desempenho havia sido “muito, muito bom.”

O ex-prefeito Pete Buttigieg, por sua vez, dirigiu-se a apoiadores com um discurso bastante longo, no qual parecia já contar vitória. “Hoje à noite, uma esperança improvável se tornou uma realidade inegável”, declarou mesmo sem a divulgação de nenhum dado oficial.

 

Buttigieg também postou vários tuítes nos quais parecia comemorar uma vitória, mesmo sem citar nenhum dado. “Iowa, você chocou a nação. Por todos os indicadores, vamos vitoriosos para New Hampshire [próxima primária]”, postou.

Diante dos atrasos, integrantes das campanhas começaram a divulgar, sem nenhum respaldo oficial, resultados preliminares que diziam ter colhido com os representantes dos candidatos nos locais de votação.

No sistema de caucus, voluntários das campanhas acompanham o processo nos diversos recintos. Em duas rodadas, candidatos precisam conseguir pelo menos 15% dos votos dos eleitores e, quem alcançar a marca, recebe proporcionalmente um número de delegados que serão levados à convenção nacional do partido, marcada para julho, em Wisconsin, onde será sacramentado o nome do adversário de Trump.

Para ser escolhido o candidato do partido, o concorrente precisa conseguir 1.991 dos 3.979 delegados na convenção. Em Iowa, estão em jogo 41 delegados.

 

A Folha acompanhou o caucus em um dos 1.765 locais de votação desta segunda-feira, num ginásio do condado de Polk, perto da capital de Iowa.

Ali, 849 eleitores se dividiam nas arquibancadas para indicar suas preferências entre os candidatos num evento que, diversas vezes, ganhou ares de programa de auditório.

Antes de anunciar os cinco candidatos que haviam alcançado o mínimo de 15% no primeiro turno, o locutor Jefrey Goetz esperou que o repórter da NBC, rede de TV americana, avisasse que estava ao vivo para só então cantar os números no microfone.

Naquele recinto eleitoral eram necessários 127 votos para que o candidato fosse considerado viável. Na primeira fase, Warren ficou com 212, Buttigieg marcou 172, Klobuchar teve 140, enquanto Biden ficou com 131 e Sanders, com 129.

 

Depois disso, as campanhas tinham cerca de 20 minutos para tentar convencer indecisos ou apoiadores de quem não havia alcançado o piso a se juntarem aos seus candidatos.

Foi o caso de Craig Bowers, 31, alvo da campanha de Warren.

A primeira opção do publicitário era Tulsi Gabbard, que só teve dois votos e não conseguiu os 15% no ginásio de Polk. Após conversar com uma integrante da equipe da senadora, Bowers disse que não estava convencido sobre a proposta da democrata de dividir as gigantes de tecnologia Amazon, Google e Facebook, como parte de uma mudança estrutural no setor de tecnologia para promover a concorrência.

“Você foi a defensora de Warren mais preparada com quem já conversei”, elogiou ele. Mas não se comoveu. Na sequência, afirmou à reportagem que iria embora sem fazer nova opção.

 

Na segunda rodada, após o realinhamento dos indecisos ou dos apoiadores dos candidatos menos competitivos, Warren acabou vitoriosa, com 227 votos.

Todos os dados eram anotados a caneta em uma folha de papel amarelo por um dos organizadores do caucus, em meio a discussões e movimentações muitas vezes confusas entre os eleitores.

A largada no estado do Meio-Oeste americano é simbólica e funciona geralmente como efeito cascata para as próximas primárias.

Apesar de ser um estado pequeno, com 3,1 milhões de habitantes, e pouco diverso -85,3% da população é branca-, Iowa tem influência histórica na nomeação democrata.

Há pelo menos duas décadas, quem ganha no estado também se torna o candidato do partido e, quem não consegue bom desempenho por ali, acaba ficando pelo caminho.

Fonte: Folhapress

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