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O grupo SBF, controlador da varejista de artigos esportivos Centauro, tornou-se o dono da operação da Nike no Brasil após fechar ontem um acordo no valor de R$ 900 milhões, informou a companhia nesta quinta-feira.
Com a transação, o SBF adquiriu o capital social da Nike do Brasil, excluindo direitos, como propriedade intelectual. A companhia brasileira passa a ser responsável, de forma exclusiva, pela distribuição, política comercial, vendas, gestão das lojas, entre outras aspectos, por 10 anos, podendo ter o prazo renovado. A Nike é a maior marca esportiva do mundo, superando Adidas.
O valor de R$ 900 milhões envolve a aquisição do capital de giro (incluindo estoque) da empresa. O acordo inclui a gestão do negócio de comércio eletrônico da Nike no país e das lojas da Nike. No Brasil, são 24 lojas Nike Factory e cerca de 15 lojas de parceiros.
Em entrevista ao Valor, o comando da SBF disse que haverá pagamentos de royalties à matriz da empresa nos Estados Unidos. Por cinco anos, o SBF poderá abrir lojas da Nike no país — o prazo é renovável.
Na prática, foram dois contratos fechados, um envolvendo a aquisição e outro, relativo à toda atividade local. O SBF criará uma unidade de negócio separada da Centauro para essa operação, disse Pedro Zemel, diretor-presidente do SBF.
A intenção com isso é manter os negócios independentes, mantendo regras de governança corporativa entre as atividades e a autonomia nas decisões, afirma ele. A Nike continuará com uma sede separada, em São Paulo.
A Centauro, assim como outras varejistas concorrentes, passarão a comprar do SBF os produtos da Nike, e o SBF fechará acordos comerciais com a Centauro, assim como com outras cadeias concorrentes da Centauro.
“Teremos governanças separadas. Todos os contratos anteriores com varejistas estão mantidos. Com a Nike começamos a montar uma operação maior do grupo SBF, para criar uma plataforma de negócios esportivos, que vai além de ser uma rede varejista do setor”, disse Zemel.
Negociações que envolvem o braço digital da Nike são algo inédito entre os acordos semelhantes que a fabricante fechou pelo mundo, disse ao Valor Alfonso Bueno, principal executivo da Nike no Brasil.
Em cerca de 100 países (entre os 180 em que a Nike está) uma outra empresa administra a operação local, e a Nike produz em suas unidades e vende à empresa parceira. Mas nesses contratos não está incluído o comércio eletrônico, como acertado com o SBF.
Seleção brasileira
Ficou fora da transação acordos globais de marketing, como com atletas da seleção brasileira de futebol e com a CBF. Para isso, a Nike manterá uma estrutura local. Já os contratos da Nike com times brasileiros fazem parte do acordo com o SBF.
A receita líquida da Nike atingiu cerca de R$ 2 bilhões em 12 meses encerrados em maio de 2019. O acordo aumenta a receita líquida anual da SBF em cerca de 70%, apurou o Valor. O Valor ainda apurou que o operação é lucrativa e a SBF não carregará dívidas da Nike para seu resultado.
Parte dos R$ 900 milhões virão de linhas já garantidas com Santander, Itaú BBA e Bradesco BBI. A transação entra no balanço da SBF no terceiro trimestre.
A transação não foi fechada considerando múltiplos de lucro operacional, como em operações tradicionais de fusão e aquisição. Até porque, pelo acordo, a Nike pode recomprar a operação do SBF ao fim do prazo. Se fosse considerar esses múltiplos, o valor seria maior que os R$ 900 milhões, diz fonte.
“Isso ocorreu porque não é um ‘M&A’ [merger & acquisition] tradicional. A preocupação da Nike é como a marca será gerida aqui. Mas é bom lembrar que também há pagamentos de royalties para a empresa”, afirma uma segunda fonte. Normalmente, royalties de marcas estrangeiras no país chegam a 6% das vendas. A empresa não informa a taxa.
Fonte: Yahoo Finanças
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