Circularam nas redes sociais e em alguns veículos de comunicação que o Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (CEPA) estaria com os dias contados devido ao afundamento de solo que fez com que vários moradores dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto deixassem suas residências. Entretanto, o especialista  em geotécnica e geologia, Abel Galindo, disse que o Cepa não vai desaparecer.

Segundo o  mapeamento realizado por pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), parte do local em que o Cepa está localizado é classificado de risco na área laranja do Pinheiro, bairro onde começaram a surgir as rachaduras nos imóveis. Além disso, as escolas estaduais Professor José Vitorino da Rocha e José Correia da Silva Titara que ficavam localizadas no fundo do Complexo apresentaram rachaduras.

No entanto, o ex-professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e engenheiro civil especialista em geotécnica e geologia, Abel Galindo, afirmou ao CadaMinuto que o CEPA não corre risco de afundamento. “Saiu recentemente uma notícia de que os quatro bairros vão desaparecer, isso não existe não. Da mesma forma que não vai ocorrer com o Cepa”, afirma o especialista.

Conforme as avaliações de Abel, a área do Complexo Educacional está afetada em 75%, no entanto continuará estável fisicamente. “Fisicamente vai continuar lá, dentro do meu estudo, do meu conhecimento, não vai afundar nada ali, não vai desaparecer fisicamente”, comentou Galindo.

Questionado sobre as possíveis áreas que correm o risco de afundar nos próximos anos, o professor universitário explicou que será do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), situado no Mutange até o Colégio Nossa Senhora Bom Conselho, mas o CEPA não está incluso nessa área.

“A área afetada fica ali entre uma parte da Fernandes Lima até a Lagoa, mas ainda não chegou para o outro lado da Fernandes Lima e se vai chegar ninguém sabe. Caso essa área venha a ser afetada, na minha opinião, será uma coisa bem branda, fissuras pequenas, alguma coisa assim”, explica.

Em relação aos  bairros de Maceió atingidos pela exploração das minas, o especialista alerta que as grandes deformações começarão em 2021, podendo afundar em até cinco anos. “Vai ter grandes deformações a partir do final do próximo ano e vai desaparecer daqui a quatro ou cinco anos. Grande parte da área será só água”, alerta.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (Seduc-AL) se posicionou com relação ao suposto desaparecimento do Complexo Educacional e disse que desconhece a existência de estudos que afirmem a evidência de riscos para o CEPA.

“Não procedem as informações divulgadas em alguns veículos  de que o Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa) seria extinto em virtude de atividades de mineração. A Seduc desconhece a existência de estudos ou levantamentos dos órgãos competentes que afirmem a evidência de riscos ao complexo educacional”, disse um trecho da nota

Ainda em nota, a Seduc reitera que, as duas escolas que se encontravam em área de instabilidade foram realocadas e as demais unidades do complexo não apresentam riscos.

“No início do ano, como medida preventiva e com base em orientações de laudos técnicos, a Seduc realocou apenas duas escolas do Cepa que se encontravam em área de instabilidade. As demais unidades do complexo não apresentam risco. Estas foram medidas meramente preventivas para resguardar a comunidade escolar”, ainda disse a Seduc em nota.

A indústria da sal-gema

Em 1976, a empresa Salgema começou a extração para a produção de cloro, soda cáustica e PVC na fábrica localizada no Pontal da Barra. Após algumas mudanças na administração ao longo dos anos, em 2002 foi criada a Braskem, que manteve a operação em Alagoas.

A jazida de sal-gema em Alagoas, foi descoberta em 1943, mas apenas em 1970 que um decreto presidencial liberou o início da extração. Localizada numa profundidade maior que 850 metros, a jazida possui uma reserva total estimada em cerca de 3 bilhões de toneladas.

Rachaduras no Farol?

Além da instabilidade no solo que afeta os bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto, durante este ano a Defesa Civil registrou rachaduras em três casas no bairro do Farol, mas segundo os moradores outras residências também estão com o mesmo problema.

Entretanto, o geólogo do Centro Integrado de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cimadec), Antonioni Guerrera disse que os técnicos estão em um trabalho mais investigativo e que a situação será analisada. “Nós fazemos o registro, coletamos os dados e levamos para a Defesa Civil para avaliar”.

A ideia da avaliação é saber se as rachaduras estão ligadas ao processo de instabilidade de solo. “Aqui é uma região que tratamos como o limite. É possível que esteja associada ou não. Pedimos um pouco de calma para a população”.

Apesar do medo dos moradores, o geólogo explicou que nem toda fissura ou rachadura está associada ao que aconteceu nos outros bairros.

Fonte: Cada Minuto