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28 de março de 2024

Anadia/AL, 28 de março de 2024

Sars-CoV-2 usa o colesterol para invadir e formar megacélulas, diz estudo

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 24 de janeiro de 2021

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Cientistas de diversas partes do mundo têm reparado que, entre as pessoas com Covid-19, as que tomam medicamentos para baixar o colesterol parecem ser menos prejudicadas em comparação com as que não tomam. Uma série de estudos estão sendo realizados para determinar o porquê desse fenômeno — e o mais recente deles parece ter encontrado uma explicação plausível.

A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, sugere que o Sars-CoV-2 depende do colesterol para conseguir penetrar a membrana protetora das células humanas. A primeira versão do artigo, que aguarda revisão, foi postada no BioRxiv em dezembro do ano passado.

“O colesterol é parte integrante das membranas que envolvem as células e alguns vírus, incluindo o Sars-CoV-2″, afirmou Clifford Brangwynne, coautor do artigo, em declaração. “Faz sentido que seja tão importante para a infecção.”

Os pesquisadores projetaram células para transportar ou as proteínas spike (verde), do Sars-CoV-2, ou as proteínas ACE2 (magenta), seu alvo nas células humanas (Foto: D. Sanders et al./bioRxiv.org)
Os pesquisadores projetaram células para transportar ou as proteínas spike (verde), do Sars-CoV-2, ou as proteínas ACE2 (magenta), seu alvo nas células humanas (Foto: D. Sanders et al./bioRxiv.org)

Para o estudo, a equipe recriou o estágio inicial da doença em células cultivadas em laboratório. As partículas foram projetadas para exibir a proteína spike, usada pelo vírus para infectar as células, ou a proteína humana ACE2, que é onde a proteína spike se liga.

Os cientistas observaram que, primeiro, minúsculos tentáculos emergiram de células com ACE2 e se fixaram em proteínas spike de células próximas. Nesses pontos de ligação, as duas membranas celulares se fundiram, formando uma abertura que permitiu que o conteúdo das partículas se misturassem e, eventualmente, as células se fundissem — processo semelhante ao que acredita-se ocorrer durante a infecção pelo Sars-CoV-2.

Então, usando um sistema automatizado, os estudiosos testaram o efeito de cerca de 6 mil compostos, bem como mais de 30 ajustes na proteína spike, para tentar interromper a fusão celular observada. O resultado, que corrobora os achados de outras equipes de pesquisa, sugere que o novo coronavírus é incapaz de entrar nas células que carecem colesterol.

 

A superfície de uma célula que carrega ACE2 (magenta) se liga a proteínas de pico (verdes) em uma célula próxima (Foto: D. Sanders et al./bioRxiv.org)

A superfície de uma célula que carrega ACE2 (magenta) se liga a proteínas de pico (verdes) em uma célula próxima (Foto: D. Sanders et al./bioRxiv.org)

“O colesterol foi muito bem estudado como um fator importante em um grande número de infecções virais”, afirmou Peter Kasson, cientista da Universidade da Virgínia, que não esteve envolvido no estudo. “O interessante é que o papel do colesterol na entrada viral varia muito entre os vírus.” Esse é o caso do Sars-CoV-2, pois ainda não está claro exatamente como o colesterol ajuda o patógeno a penetrar as células humanas.

Megacélulas
Na nova análise, os especialistas também notaram algo curioso: após os experimentos, as células continuaram a “engolir” umas às outras, espalhando seu conteúdo no meio onde estavam. As partículas utilizadas no estudo, conhecidas como sincícios, se assemelham às células encontradas em tecidos saudáveis, como músculos e placenta, e em algumas doenças virais.

Muitas células podem se fundir, produzindo megacélulas (verdes) semelhantes às encontradas nos pulmões de pacientes com Covid-19 (Foto: D. Sanders et al./bioRxiv.org)
Muitas células podem se fundir, produzindo megacélulas (verdes) semelhantes às encontradas nos pulmões de pacientes com Covid-19 (Foto: D. Sanders et al./bioRxiv.org)

“As pessoas já sabiam que o vírus [causador da] Covid-19 criará sincícios, mas os pesquisadores foram capazes de visualizar o processo lindamente”, comentou Jennifer Lippincott-Schwartz, pesquisadora do Instituto Médico Howard Hughes, que não participou da pesquisa. “A fusão célula-célula é em si uma área muito pouco estudada em biologia.”

Embora ainda não esteja claro se os sincícios desempenham ou não um papel importante na progressão da doença, os experimentos provavelmente ilustram como as megacélulas encontradas nos pulmões dos pacientes são criadas. “A formação de sincícios pode ser muito prejudicial no caso da Covid-19, onde pode destruir os tecidos pulmonares e levar à morte”, disse Lippincott-Schwartz.

Fonte: Revista Galileu 

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