“A previsão é que todos os 853 funcionários dos Correios em Alagoas irão perder seus empregos. A gente sabe que quando acontece a privatização, a empresa privada se desfaz dos trabalhadores que eram da empresa pública e contratam novos funcionários com salário menor”, afirma.
Alysson ressalta que o prejuízo será imenso para a população alagoana. “Para você ter uma ideia, apenas dois dos 102 municípios alagoanos dão lucro para a empresa, que são Maceió e Arapiraca. Os demais só dão prejuízo. A gente sabe que a empresa tem um custo para manter essas agências abertas e provavelmente muitas vão fechar, principalmente no interior, agências menores, e as pessoas terão que se deslocar para outras cidades para receber suas encomendas e correspondências”, explicou.
Outro serviço importante que estaria ameaçado pela privatização dos Correios é a entrega de livros didáticos para escolas públicas. “Essa entrega sofrerá precarização em todo o país, já que não existirão mais agências dos Correios em todas as cidades e os prefeitos terão que se virar para buscar os livros ou as crianças ficarão sem acesso ao material didático”, opina o presidente do Sintect/AL.
Pacientes que precisam de medicamento de uso contínuo também podem ser prejudicados. Alysson Guerreiro explica que muitos desses remédios só chegam em cidades do interior através dos Correios. “Essas pessoas terão que se deslocar das cidades pequenas para os grandes centros para poder buscar os medicamentos. Mas e se essas pessoas não tiverem condições financeiras para viajar? Isso vai impactar e muito na saúde da população”, continuou.
Alysson Guerreiro conta que as urnas eletrônicas chegam nas cidades do interior através dos Correios durante as eleições. “Serão empresas privadas com interesses privados transportando as urnas eletrônicas, o que pode sim ser prejudicial para a democracia do país”, afirma.
PRECARIZAÇÃO
Uma portaria divulgada pelo Ministério da Comunicação no dia 23 de julho deste ano aponta que os Correios deveriam contar com mais de 100 mil trabalhadores. “Nós temos 88 mil trabalhadores, ou seja, o próprio Ministério da Comunicação sabe que o número de trabalhadores é deficitário e não dá para atender toda a população. O intuito é precarizar propositalmente para colocar a opinião pública contra os trabalhadores e contra os Correios, fazendo entender que a única solução é a privatização”, explica.
Alysson conta que os Correios lucraram R$ 1 bilhão e meio ano passado e nenhuma parte desse lucro foi revertido para a contratação de mais trabalhadores. “A gente quer que a população entenda que nós queremos atender bem e que estamos dando lucro para a empresa que não nos dá melhores condições para que o serviço seja melhorado”, concluiu.
“Sociedade brasileira ainda não entendeu o tamanho do prejuízo”
O deputado federal Paulão (PT), avalia que a privatização dos Correios é desserviço inquestionável a população brasileira. Segundo ele, o governo Bolsonaro quer entregar a empresa que é lucrativa a grupos estrangeiros, prejudicando sobremaneira os trabalhadores e os municípios brasileiros, uma vez que os Correios chegam com serviço de qualidade todos os recantos do país.
“Infelizmente a sociedade ainda não compreendeu o tamanho deste prejuízo imposto por Bolsonaro contra uma das mais antigas empresas públicas do país agora é colocada na ‘bacia das almas desse desgoverno’”, opinou o deputado.
Paulão destacou que os Correios, além de mensagens e produtos entregues por todos os cantos do país, entrega também o direito à cidadania do cidadão mais simples, da população mais humilde de cada município brasileiro.
Para ele, o governo deveria tratar os Correios como uma instituição de Estado e exatamente por isso deveria tratar com dignidade os seus trabalhadores, “o que não o faz, absolutamente”.
“É preciso que se diga que os Correios, além de tudo que realiza como empresa postal, também atua como banco, entrega vacinas, realiza Exame Nacional do Ensino Médio [Enem], exporta e importa, emite documentos e realiza sonhos dos cidadãos brasileiros nas regiões mais remotas. Por isso não posso concordar com essa privatização criminosa. Sou contra essa injustiça e o meu partido também”, concluiu Paulão.
DEFESA DO GOVERNO
O ministro das Comunicações, Fabio Faria, defendeu, na segunda-feira (2), a urgência da aprovação do Projeto de Lei 591/21, que trata da privatização dos Correios. Em rede nacional, alegou que a única forma de salvar a empresa. Em pronunciamento em cadeia nacional, o ministro disse que essa é a última oportunidade para garantir a sobrevivência da estatal e pediu o apoio de deputados e senadores à proposta.
Fabio Faria disse que a privatização é fundamental para fortalecer os Correios e a única forma de garantir a universalização dos serviços postais. “Esse é um compromisso do presidente Bolsonaro”, disse.
Fonte: Tribuna Hoje