Anadia/AL

29 de março de 2024

Anadia/AL, 29 de março de 2024

Surto de sarna pode estar associado ao uso de ivermectina, diz Ufal; AL não tem casos registrados

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 26 de novembro de 2021

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Foto: Ufal

Um surto de lesões que causam coceira na pele foi registrado em Recife, em Pernambuco, nas últimas semanas. Conforme as informações, até o momento foram registrados 185 casos das lesões em três cidades da região metropolitana.​ Em Alagoas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, não há nenhum caso registrado.

Um trabalho publicado pelo Núcleo de Estudos em Farmacoterapia (NEF) da Ufal estuda a hipótese de que os casos estejam associados ao uso indiscriminado de ivermectina, medicamento que se popularizou no Brasil com o chamado “kit covid”.

O artigo publicado em agosto deste ano aponta que a partir da observação de casos de resistência a ivermectina já relatados, surtos isolados e os dados de aumento de consumo do medicamento por causa da pandemia de covid-19.

“O nosso artigo lança a hipótese de que poderíamos ter problemas com surtos de escabiose resistente por conta do uso irracional da ivermectina. O surto está configurado, pois está havendo um aumento rápido de casos de lesões de pele com coceira e outros sintomas”, contextualiza Sabrina, mas ressalta: “Ainda não há diagnóstico da doença que está causando o surto. Algumas hipóteses da etiologia [origem] estão sendo testadas, entre elas está a escabiose levantada pelo artigo”.

A pesquisadora explica que ainda são necessários alguns testes e o descarte de outras hipóteses para então confirmar as questões levantadas no artigo.

Os primeiros casos surgiram no início de outubro na região, mas se intensificaram no final do mês passado e no começo deste mês. Até o momento, são 117 casos, enquanto os demais estão distribuídos entre Camaragibe e Paulista, com 62 e 6, respectivamente.

Surto em Pernambuco e possível problema de saúde pública

Pelo menos 264 moradores de seis cidades da região metropolitana de Recife já apresentam lesões cutâneas, que ainda estão sendo investigadas pelas secretarias de saúde municipais.

Os pacientes se queixam de uma coceira forte, intensificada no período da noite, e que evolui para feridas, mesmo com o uso de antialérgicos.

Segundo Neves, para mapear os possíveis casos em outras regiões do Brasil, a vigilância epidemiológica emitiu um alerta com os sintomas para os serviços de saúde, assim todos devem notificar o atendimento a pacientes com os sintomas da doença.

A docente também está acompanhando de perto e, caso confirmado, prevê futuras complicações de saúde pública: “A hipótese do artigo é que é possível que o Sarcoptes scabiei, ácaro causador da escabiose, pode ter desenvolvido resistência à ivermectina. Se essa hipótese se confirmar, temos um problema enorme, pois a doença poderia atingir qualquer população, e o que é pior, com dificuldade de tratamento”.

Resistência a medicamento

O estudo aponta que após o início da pandemia causada pelo SARS-CoV-2, “a ivermectina foi identificada como um fármaco com potencial antiviral para tratamento de pacientes – a princípio hospitalizados e depois ambulatoriais – com covid-19”.

Por causa disso, o consumo deste antiparasitário aumentou quase dez vezes no Brasil. Mesmo com pareceres do Ministério da Saúde e da indústria farmacêutica, somados a evidências científicas não impediram a prescrição e automedicação baseada neste medicamento.

“O uso irracional de medicamentos é um problema de saúde pública, porém no caso de antibióticos, antiparasitários e antifúngicos este problema ganha proporções maiores. Quando utilizamos de forma irracional/incorreta medicamentos como a ivermectina corremos o risco de induzir a resistência do parasita ao medicamento que deveria tratar a doença causada por ele”, reforça a professora Sabrina.

E assim como antecipou o risco de aumento da resistência do Sarcoptes scabiei à ivermectina, ela deixa mais uma reflexão: “Esse é um problema mundial, principalmente no que diz respeito à resistência bacteriana, que é um problema sério uma vez que já temos vária cepas de bactérias resistentes a antibióticos no mundo todo. Ou seja, nesse caso, o uso irracional do medicamento leva a um problema geral, pois gera cepas resistentes a tratamento, que podem infectar qualquer pessoa”.

O trabalho completo da Ufal está disponível aqui 

Fonte: Cada Minuto

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