Qualquer semelhança com o ministro da Economia, Paulo Guedes, não é mera coincidência. Vamos recordar a Escolinha do professor Raimundo, apresentada pelo saudoso Chico Anísio, contracenando com o ator Rogério Cardoso, interpretando o aluno Rolando Lero.
Pergunta o professor:
– Seu Rolando Lero, o que é Cloreto de Sódio?
E o Rolando Lero responde:
– Amado mestre, não seria o coreto de Sodoma e Gomorra?
E o professor reage:
– Não deveria lhe ajudar, mas vou ajudar. Cloreto de Sódio é aquilo que a gente coloca no ovo.
Com ares de alívio de quem descobriu a resposta, o aluno ataca:
– Captei vossa mensagem amado mestre. Já sei o que é. É aquele pó que coloca no ovo. Não seria talco?!
Quando a ficção e o humor imitam a realidade, data vênia, o país está sem rumo. O ministro Paulo Guedes não fala mais no “crescimento em Vê” da economia, porque já percebeu que o mercado não acredita; já não fala mais em “fazer besteiras” para evitar que o dólar passe de 5 reais, não só porque já passou, mas, principalmente, porque na condição de dono de uma offshore num paraíso fiscal, quanto mais o dólar sobe, mais ele ganha dinheiro.
Dos 9 milhões e 100 mil reais depositados em 2018 no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, Guedes viu o saldo saltar para mais de 50 milhões de reais nesses três anos incompletos do governo Bolsonaro. E pelas projeções, deverá ultrapassar os 100 milhões de reais até o final do governo.
Mas, é estarrecedor ouvir o ministro dizer que “o Brasil está decolando de novo”, quando pelo segundo trimestre consecutivo o país registrou queda no PIB (Produto Interno Bruto) e entrou em “recessão técnica”. Sim, quando um país registra queda seguida no PIB em dois trimestre, está em recessão técnica e Guedes sabe disse, mas finge.
No ano passado, o PIB brasileiro caiu 2,3% no primeiro trimestre e caiu 8,9% no segundo trimestre. É verdade que a pandemia causada pelo coronavírus contribuiu, mas é mentira que a culpa integral seja da pandemia, porque em 2019 os números já eram negativos e não havia pandemia.
Para a oposição, o Guedes é o aliado ideal, porque enquanto ele “rola leros”, a expectativa do quanto pior melhor se robustece. O problema é que a fome está se alastrando e já não há mais nem ossos para catar no lixão em número suficiente para alimentar gente e cahorros.
* Redação ABN | Blog do Bob