Após ser recebido no Congresso dos Estados Unidos, onde defendeu a guerra em Gaza e pediu ao aliado americano que continue a fornecer ajuda militar, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reúne nesta quinta-feira (25) em Washington com o presidente Joe Biden e a sua vice-presidente, Kamala Harris.
No enclave, onde Netanyahu quer continuar a guerra até que o Hamas seja erradicado, o Exército realizou ataques na Cidade de Gaza e em Beit Lahia (norte), onde nove pessoas foram mortas segundo fontes médicas, e em Al-Bureij (centro), ferindo sete palestinos, a maioria deles crianças. As forças israelenses também continuaram as suas operações em Khan Yunis e Rafah (sul).
“Aviões de guerra israelenses tinham como alvo civis que estavam perto de suas casas”, cinco dos quais morreram, disse Ahmed Kahlout, diretor da defesa civil na área de Beit Lahia.
“Como os mortos”
No hospital Kamal Adwane, que fica na cidade, feridos e corpos são transportados de forma caótica em macas. Corpos cobertos por lençóis brancos podem ser vistos espalhados pelo chão.
Milhares de palestinos estão novamente nas estradas para fugir dos bombardeios, após ordens de evacuação do Exército que abrange vários setores do território palestino, governado desde 2007 pelo Hamas.
Sem ter para onde ir, as famílias se refugiam nas ruas ou, como em Khan Yunis, perto de um cemitério.
“Vivemos ao lado dos mortos. Somos como os mortos, a diferença é que respiramos, eles não”, diz Rytal Motlaq, uma pessoa deslocada, que improvisou um abrigo com lonas no local.
O ataque realizado em 7 de outubro por comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza, no sul de Israel, resultou na morte de 1.197 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP estabelecida a partir de dados oficiais israelenses.
Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque, 111 continuam mantidas em cativeiro em Gaza, das quais 39 morreram, segundo o Exército.
A ofensiva aérea e terrestre israelense em Gaza causou uma catástrofe humanitária, com cerca de 2,4 milhões de habitantes vivendo em condições descritas como desastrosas pela ONU, com falta de água e alimentos.
“Crise de confiança”
Na quinta-feira, o Exército disse ter recuperado, durante uma operação em Khan Yunis, os corpos de cinco israelenses mortos em 7 de outubro, que eram mantidos em Gaza.
Os corpos de Maya Goren, Ravid Katz e Oren Goldin, residentes de kibutz perto de Gaza, bem como os de dois soldados, Tomer Ahimas e Kiril Brodski, foram devolvidos a Israel.
O Fórum das famílias reféns exigiu de Benjamin Netanyahu a conclusão de um acordo para “trazer de volta” todos os reféns, “os vivos e os mortos”.
O Fórum também convocou uma reunião de emergência com a equipe de negociação israelense, citando uma “crise de confiança”.
As discussões para um cessar-fogo associado à libertação de reféns, prevista para quinta-feira no Qatar e envolvendo Israel, foram adiadas para a próxima semana, segundo uma fonte próxima das discussões que não especificou as razões deste atraso.
“Controle predominante”
Diante do Congresso norte-americano, Netanyahu falou do período pós-guerra em Gaza, dizendo que Israel queria “num futuro próximo manter o controle de segurança abrangente em Gaza”, mas sem ocupar novamente o território palestino, como fez a partir de 1967 a 2005.
Ele defendeu uma “administração civil em Gaza liderada por palestinos que não procuram destruir Israel”, excluindo o Hamas, considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Embora Washington esteja cada vez mais alarmado com o custo humano da guerra, o Congresso também rejeitou “todas as mentiras” sobre as perdas civis, alegando “uma das taxas mais baixas de perdas de não combatentes” em relação aos combatentes mortos “na história das guerras urbanas”.
Em maio, a ONU afirmou que as mulheres e as crianças representavam pelo menos 56% dos mortos na guerra, com base em dados do Ministério da Saúde do Hamas.
Fonte: RFI