Por: Kelly Miyashiro
Para o autor, o reality comete uma grande erro ao não aproveitar o potencial que a leitura oferece. “É paradoxal, você tem uma sala que tem uma biblioteca cenográfica. É irônico, chega a ser sarcástico, porque tem um fundo de livros, mas não tem um único livro na casa. Você não pode levar um livro. Isso está vetado desde 2019, quando a Ana Clara lia livros no quarto. E veja só a influência positiva do livro. A Ana virou apresentadora do próprio Big Brother, ou seja, aquela leitora assumiu um papel de destaque, proeminência intelectual ali, a ponto de ser contratada pela Globo. Sua leitura não a impediu de chamar atenção, de virar finalista da edição. O livro não encolhe uma participação, pelo contrário, potencializa. Ela é prova viva disso”, explicou Carpinejar.
“A Vanessa Lopes, uma das participantes [que desistiu do programa nesta sexta-feira, 19], mencionou o livro 1984, de George Orwell, e já disparou as vendas dele em alguns sites. Olha o potencial da literatura brasileira que estamos perdendo. Temos a oferecer figuras como Itamar Vieira Junior, da Bahia, Conceição Evaristo e Carla Madeira, de Minas Gerais, autores best-sellers brasileiros que assumiram a liderança de listas de mais vendidos antes ocupadas só por autores internacionais. Existe uma desigualdade artística na casa mais vigiada do Brasil. Eles fazem uma seção pipoca com filmes e séries brasileiros, trazem artistas musicais que estão nas paradas de sucesso do Brasil, mas ao mesmo tempo, não dão espaço para a literatura”, argumentou o poeta.
“Eles incentivam o cinema e a música, mas não incentivam a literatura, porque vai inibir a interação e os diálogos, mas depois que eu leio um livro eu quero sair contando a história para todo mundo. Ninguém lê sem vontade de sacudir os outros com as reflexões de um livro, é o ímpeto natural. Por que não podemos ser fofoqueiros de livros?”, conclui o escritor.
*Redação com Veja.abril