Anadia/AL

23 de novembro de 2024

Anadia/AL, 23 de novembro de 2024

Exclusivo: Juiz Appio fala em “Moro Gate” na vara da Lava Jato

Ali tinha uma caixa preta da corrupção, diz Eduardo Appio, que acrescenta que sofreu perseguição dura na 13ª Vara Criminal de Curitiba.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 26 de setembro de 2024

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Créditos: Justiça Federal/Divulgação

Por Yuri Ferreira

Em entrevista exclusiva ao Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (26), o juiz Eduardo Appio conversou com os jornalistas Renato Rovai e Dri Delorenzo, revelando como foi sua entrada na 13ª Vara Criminal de Curitiba, a famosa vara da Operação Lava Jato.

O magistrado é a figura central do livro “Tudo por Dinheiro: A ganância da Lava Jato segundo Eduardo Appio”, que revela escândalos bombásticos de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros membros da fatídica operação, marcada por violações de direitos e pela perseguição de inimigos políticos.

Ao assumir a Lava Jato, Appio contou à Fórum que sofreu intensa perseguição, descrevendo seu período como juiz titular da Vara como uma “guerra”.

Ele relatou que, logo ao chegar ao posto, foi alvo de diversos processos e moções por parte de políticos de extrema direita – como Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Kim Kataguiri (UB-SP) – e, posteriormente, por outras figuras dentro do sistema judiciário paranaense que tentavam impedi-lo.

“A minha chegada, que ocorreu no início de fevereiro de 2023, foi marcada pela hostilidade. Houve uma disputa muito grande sobre quem iria suceder Sergio Moro na 13ª Vara, ou seja, eu já sabia que havia uma ‘caixa-preta'”, afirmou Appio à Fórum.

Além disso, ele relatou ter sofrido outras provocações, como o esvaziamento de seu gabinete, o que o impediu de continuar seu trabalho.

“Quando cheguei lá, tiraram seis servidores da Vara, seis assessores que tinham assessorado Moro desde 2014. Eu passei a trabalhar literalmente sozinho”, afirmou.

Para ele, tudo estava relacionado com a tentativa de desvio (peculato) de R$ 2,5 bilhões dos cofres da União, via Lava Jato, para os procuradores envolvidos no processo.

“Existem 2,5 bilhões de reais nesse ‘Moro Gate’, que não foi desvendado por mim. Eu detectei a anomalia no sistema e reportei tudo ao CNJ. Quem foi o herói dessa ocasião e apurou tudo durante um ano foi o ministro Luiz Felipe Salomão, enquanto esteve corregedor no Conselho Nacional de Justiça”, completou.

Este escândalo virou investigação. A partir da correição extraordinária realizada na 13ª Vara Federal de Curitiba, a Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afirmou que Moro, enquanto juiz, teria cometido peculato ao desviar recursos da Lava Jato para uma fundação privada.

Redação com Revista Fórum

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