Por Iram Alfaia
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, criticou o comportamento do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que num jantar lhe oferecido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, revelou que age politicamente e não apenas de forma técnica.
Na homenagem que recebeu na última segunda-feira (10), Campos Neto deu conselhos políticos e se ofereceu para o cargo de ministro da Fazenda numa eventual candidatura a presidente do governador bolsonarista.
A postura do presidente do BC reforça a tese segundo a qual ele sabota o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitando uma queda acentuada dos juros.
“Se sempre se reclama da fala da equipe econômica ou do governo sobre o juro cair mais rápido, então a mesma crítica vale agora para o presidente do BC. Até o fim do ano ele é presidente do BC”, advertiu a ministra em entrevista ao jornal O Globo.
“Que ele leve isso em consideração, independentemente de ter quaisquer pretensões políticas futuras ou mesmo imediatas. Se vai ser secretário de Fazenda, se pretende ser ministro etc. Que isso seja levado em conta para a própria credibilidade do BC autônomo”, completou.
A ministra deu a alfinetada depois de ser questionada sobre a expectativa da queda na Taxa Selic. “Não quero colocar mais lenha na fogueira esta semana. Será uma decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) das mais importantes e vai requerer da parte deles a maior responsabilidade possível e a maior autonomia”, disse.
“Quando falo de autonomia, estou falando dos dois lados, inclusive do próprio presidente Roberto Campos Neto, que tem de entender que, por enquanto, ainda é presidente do Banco Central, que nós aprovamos, com o meu voto, que é autônomo”, disse a ministra, referindo-se ao período que era senadora.
Tebet esclareceu que não estava criticando a participação no jantar, mas a conduta de Campos Neto.
“A questão protocolar não é um problema institucional. Não acho que tenha de ser interditado nenhum ambiente para autoridades públicas no Brasil. Não acho que o ministro Haddad não possa falar com o banqueiro ou que não possa estar em um determinado jantar. Mas é a forma como a gente se comporta, aquilo que a gente externaliza que é levado em conta”, explicou.
Redação com Vermelho