DEUS CARREGOU PARA O CÉU, O NOSSO ZÉ DO ROJÃO

  • Um grande amigo da gente

    Locutor da voz sonora,

    Deu adeus e foi embora

    Pra um lugar florescente

    Vendo Deus na sua frente

    Pegado na sua mão

    São Pedro abriu o portão

    E lhe cobriu com um véu

    Deus carregou para o Céu

    O nosso Zé do Rojão.

    Um locutor excelente

    Da Rádio Novo Nordeste

    Está na mansão Celeste

    Muito distante da gente

    Nós sentimos, ele sente

    Bastante recordação,

    Que a dor da separação

    Fez chorar no mausoléu

    Deus carregou para o Céu

    O nosso Zé do Rojão.

    Nosso amigo, gente nossa

    Filho de trabalhador

    Gente do interior

    Criado perto da roça

    Carro de boi e carroça

    Chapéu de couro e gibão,

    Os costumes do Sertão

    Lhe deram muito troféu

    Deus carregou para o Céu

    O nosso Zé do Rojão.

  • Com bastante nostalgia

    Vejo a lágrima que desce

    Que Zé do Rojão merece

    A mais bela poesia

    Não fiz porque não sabia

    A melhor composição

    Mas, canto a triste canção

    Chorando igualmente um réu

    Deus carregou para o Céu

    O nosso Zé do Rojão.

    Lá do Céu está olhando

    Para a rua São Francisco

    E, quem nunca tocou seu disco

    Agora já está tocando

    Eu só fico escutando

    Prestando bem atenção

    Que o Zé na gravação

    Cantava igual um téu-téu

    Deus carregou para o Céu

    O nosso Zé do Rojão.

    Foi amigo dos vaqueiros

    Poetas-aboiadores

    Amigo dos cantadores

    Trovadores-violeiros

    Dos boêmios-seresteiros

    Que cantam com emoção

    Se ver Dr. Théo Brandão

    Dê lembrança ao Dr. Théo

    Deus carregou para o Céu

    O nosso Zé do Rojão.

Além do circuito Rio de Janeiro e São Paulo, João de Lima tocou em todas as regiões do Brasil, e com mais de 80 anos ainda consegue listar todos os palcos em que levou a sua poesia, mas um deles, em especial, o poeta relembra com carinho.

“Tive a honra de cantar na inauguração da TV Norte Fluminense, Canal 12, afiliada da Rede Globo e que pertencia ao deputado federal Alair Palmeira. Fui muito aplaudido pelo presidente João Figueiredo, pelo Roberto Marinho e por centenas de deputados, ministros e prefeitos que estavam na cerimônia. Foi o dia em que a minha estrela mais brilhou”, relata.

Após ganhar o Brasil com seus repentes e sua poesia e fazer participações em showmícios – comícios em que artistas se apresentavam para o público – de políticos importantes nas décadas de 1980 e 1990, resolveu voltar para o Nordeste que tanto cantou e inspirou durante toda a sua vida e hoje se divide entre Maceió e Aracaju.

Em suas inúmeras andanças, João de Lima colecionou muitos amigos queridos, entre eles Zé do Rojão, a quem dedicou o cordel acima, e também o mestre Afrísio Acácio, falecido em 2021.

No último dia 09 de setembro, foi homenageado na Tenda Cultural Mestre Afrísio, em Arapiraca, e mostrou que a idade avançada não tirou a afinação da sua voz e nem da sua viola, como é possível assistir a seguir: