Anadia/AL

17 de novembro de 2024

Anadia/AL, 17 de novembro de 2024

Jornalista brasileira morta na Escócia manteve sobrenome do ex-marido após divórcio: ‘Absoluto choque’

A polícia investiga as causas da morte de Nathalia Urban, que caiu de uma ponte em Edimburgo, na Escócia. A jornalista de 36 anos era correspondente de um portal de notícias / 16:46 hs

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 27 de setembro de 2024

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Foto: Redes Sociais e Arquivo Pessoal

A jornalista Nathalia Urban, que morreu aos 36 anos, após cair de uma ponte em Edimburgo, na Escócia, manteve o sobrenome do ex-marido, Alan Urban, após o divórcio. Ao g1, o chef de cozinha disse que o casamento durou 10 anos, e que teve o último contato com a vítima há mais de um ano, na audiência online que concluiu o processo de separação. “Absoluto choque”, desabafou ele, sobre a morte dela.

Nathalia caiu da ponte na segunda-feira (23). Ela foi socorrida e internada em um hospital, onde esteve em coma. Na quarta-feira (25), a jornalista passou por exames que constataram a morte cerebral. Ela é doadora de orgãos e realizou os procedimentos necessários. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e primeira-dama, Janja da Silva, inclusive publicaram uma mensagem de pesar.

Segundo Alan Urban, de 42 anos, a ex-esposa manteve o sobrenome dele pela “identidade” que criou nas redes sociais. Nathalia ganhou repercussão ao abordar temas como imperialismo, racismo, imigrantes, capitalismo e feminismo em programas jornalísticos na internet.

“Foi para facilitar nas redes sociais dela, pois já estava com mais de 30 mil seguidores no antigo Twitter [atualmente chamado de ‘X’], e tinha um monte [mais de 7 mil] no Instagram. Quando nos separamos, ela já assinava Nathalia Urban e preferiu ficar com o sobrenome”, explicou Alan.

O chef de cozinha acrescentou ter descoberto que Nathalia manteria o sobrenome dele na audiência que selou o divórcio. “Para mim, foi até uma surpresa”, lembrou.

Casamento

Nathalia e Alan Urban se conheceram no Brasil e moraram juntos na Inglaterra e Escócia — Foto: Arquivo Pessoal

Nathalia e Alan Urban se conheceram no Brasil e moraram juntos na Inglaterra e Escócia — Foto: Arquivo Pessoal

Nascido em Americana (SP), Alan disse ter conhecido Nathalia em um show de punk rock em São Paulo. O chef de cozinha se mudou para Santos(SP) em 2012, com o objetivo de ficar mais perto da então namorada. Eles se casaram e se mudaram para Londres, na Inglaterra, no ano seguinte.

Alan contou que, por questões financeiras, decidiu se mudar com a companheira para Glasgow, na Escócia, em 2014. Meses depois, o casal se mudou novamente, mas para Edimburgo, capital do país.

O divórcio, segundo Alan, aconteceu no início de 2023 depois que Nathalia começou a trabalhar no portal Brasil 247.

“O leque de amizades e contatos dela foi aumentando, e a minha conversa sobre cozinha já não a apetecia mais tanto quanto falar de política e tudo que ela estava envolvida 24h. [A relação] foi se desgastando, e acabamos nos separando”, disse ele.

“Absoluto choque”

Quando casados, Nathalia e Alan Urban adotaram dois cães — Foto: Arquivo Pessoal

Quando casados, Nathalia e Alan Urban adotaram dois cães — Foto: Arquivo Pessoal

O chef de cozinha, que atualmente mora em Albufeira, em Portugal, afirmou ter sofrido um “baque” ao descobrir sobre a morte da ex-esposa.

“Foi um absoluto choque. É como posso descrever. Não é fácil para mim. Por mais que o nosso relacionamento não tenha dado certo, nunca iria imaginar isso de uma ex-companheira. Foi e está sendo muito pesado”, desabafou.

Por fim, Alan contou que, após o contato final com Nathalia na audiência do divórcio, a “última coisa que sobrou dela” foi o cachorro que adotaram quando ainda estavam juntos. “Foi duro chegar em casa, olhar para ele e saber que tudo aconteceu”, concluiu.

Lula e Janja se solidarizam

Presidente Lula e Janja publicam no Instagram mensagem de pesar pela morte da jornalista Nathalia Urban — Foto: Reprodução/Instagram

Presidente Lula e Janja publicam no Instagram mensagem de pesar pela morte da jornalista Nathalia Urban — Foto: Reprodução/Instagram

O presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e primeira-dama, Janja da Silva, publicaram na quinta-feira (26) uma mensagem de solidariedade à jornalista Nathalia Urban. Veja o texto completo abaixo:

“Com muita tristeza e pesar, ficamos sabendo da morte da jornalista Nathalia Urban na Escócia. Nathalia foi uma analista e jornalista internacional, extremamente competente e comprometida. Jovem, com um grande futuro pela frente que infelizmente foi cortado cedo demais.
Nathalia deixa um vazio na comunicação e nos debates no Brasil e na luta por um mundo mais justo. Esperamos que todas as circunstâncias em torno da sua morte sejam devidamente esclarecidas.
Estendendo nossa solidariedade aos familiares, amigos e a todos os públicos que acompanharam seu trabalho.
Luiz Inácio e Janja Lula da Silva”

Itamaraty

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio do Consulado-Geral do Brasil em Edimburgo, afirmou ter conhecimento do caso e estar em contato com as autoridades locais e com os familiares da cidadã brasileira para prestar a “assistência consular cabível”.

“Informa-se que, em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as Embaixadas e Consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais”, acrescentou o MRE.

O ministério afirmou que o “traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos, à luz do § 1º do artigo 257 do decreto 9.199/2017”.

Por fim, o MRE declarou que, em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, não fornece informações sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros.

Antes da queda

O jornalista e diretor de redação do Brasil 247, Florestan Fernandes Júnior, contou que a colega de profissão estava de férias  da empresa e havia  viajado para Tunísia, na África, junto com o companheiro.

Um dia antes de retornar ao serviço, ela mandou uma mensagem a um chefe informando que estava de volta e havia se separado. “Mas que ela estava bem, que estava tudo tranquilo”, afirmou Florestan.

Nathalia Urban era jornalista e morava na Escócia — Foto: Redes sociais

Nathalia Urban era jornalista e morava na Escócia — Foto: Redes sociais

Porém, Nathalia não fez contato no dia previsto para retorno ao emprego. Segundo o colega, a jornalista não costumava agir dessa forma, pois sempre avisava quando não conseguiria trabalhar. Com a falta de comunicação, a equipe descobriu sobre a queda ao tentar contato com familiares e a Embaixada Brasileira.

“O Itamaraty [Ministério das Relações Exteriores] conseguiu informações das autoridades da Inglaterra, como o hospital que ela estava, o que tinha ocorrido. Ela tinha quebrado duas costelas, tido uma perfuração e estava em estado de coma, mas também não tinha detalhes”, disse Florestan.

Causa da queda

De acordo com ele, as autoridades investigam as causas da queda. “O motivo que levou ela a cair de cima da ponte precisa ficar mais claro“, afirmou, dizendo que há diversas hipóteses, de acidente até feminicídio.

A notícia do caso surpreendeu a todos. “Eu fiquei chocado porque além de ser minha colega, ela era uma pessoa muito presente, ajudou muito minha filha que foi fazer mestrado na Europa”, afirmou o jornalista, dizendo que admirava o trabalho da colega de profissão.

“Ela fez sociologia, jornalismo, tinha uma rede de contatos, era muito bem informada, uma pessoa muito ativa, participava de seminários, de palestras. Tinha contato em tudo quanto é lugar do mundo, gostava muito do que fazia, estava bem, estava feliz com o relacionamento. Então, pegou todo mundo de surpresa”, finalizou.

O Consulado-Geral do Brasil em Edimburgo informou que as informações sobre o caso devem ser solicitadas ao Ministério de Relações Exteriores. No entanto, o Ministério não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Redação com G1

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