Por: Luísa Marzullo
Sem a presença do prefeito Fuad Noman (PSD), os principais candidatos à prefeitura de Belo Horizonte se enfrentaram, hoje, em debate promovido pelo jornal O Tempo que abre a maratona de três encontros televisivos nesta reta final de campanha. Estiveram presentes Bruno Engler (PL), Carlos Viana (Podemos),Duda Salabert (PDT), Gabriel Azevedo (MDB), Rogério Correia (PT) e Mauro Tramone (Republicanos).
O debate foi marcado por uma intensa troca de farpas entre os candidatos do presidente Lula (PT), Rogério Correia, e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Bruno Engler. O petista acusou o bolsonarista de ter faltado mais de 40% das sessões enquanto deputado estadual na Assembleia Legislativa de Minas Gerais:
— Gente, petista é assim: quando não está roubando, está mentindo. Não sei da onde ele tirou esses números, se estava doidão. Eu sou um deputado assíduo na Assembleia, tenho sete projetos que tenho muito orgulho — afirmou Engler.
Correia também questionou Engler sobre sua ida a um ato contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) neste domingo. O bolsonarista respondeu que tinha orgulho de ter participado da agenda.
— O Bruno não respondeu a pergunta, fez ofensas, mas só enrolou com seu negacionismo. Deve ter tomado cloroquina e veio para o debate nervoso — disse Correia.
O deputado estadual do PL respondeu o petista afirmando que ele se trata de um “mentiroso costumaz”
Dobradinha da esquerda
O debate começou com uma dobradinha entre os candidatos da esquerda, Rogério Correia e Duda Salabert, sobre a educação na capital mineira. Os dois usaram o tema para criticar a gestão municipal.
— Ele (Fuad Noman) usou a educação enquanto moeda de troca. Como a senhora falou, foram cinco secretários de educação. O último (Bruno Barral) é da Bahia e chegou aqui sem saber onde é a Avenida do Contorno, imagina o nome de uma escola municipal — disse Rogério Correia, que ainda afirmou que o prefeito não é de esquerda, nem tem “ideias avançadas”.
O contexto de sua fala é a recente aproximação de Fuad Noman com movimentos de esquerda na capital. Na semana passada, alas do PV, PSOL e Rede declararam voto útil no prefeito. No sábado, ele assinou termos de compromissos com movimentos minoritários.
‘Candidatos independentes’
Em conflito entre Carlos Viana e Gabriel Azevedo, a limpeza da Lagoa da Pampulha foi usada contra a gestão de Fuad Noman. Azevedo se colocou como um candidato que não apoia nem Lula, nem Bolsonaro, enquanto Viana disse ser um “candidato independente”.
— Fuad, o atual prefeito, é uma pessoa antiquada e ausente. Ele não está aqui porque não quer explicar a limpeza da Lagoa da Pampulha — afirmou Azevedo, enquanto defendeu Juscelino Kubitschek como o melhor prefeito da história da cidade.
Tramonte em foco
Líder nas pesquisas, Mauro Tramonte entrou na mira dos adversários. Gabriel Azevedo o questionou sobre dez pontos da cidade, como IPTU progressivo e bilhetagem eletrônico, afim de mostrar que seu adversário não teria conhecimento sobre as questões.
— A gente se depara com o candidato que fica a semana inteira estudando coisas para me perguntar coisas muito técnicas. Se eu vou ter um secretariado técnico, eu vou mandar na prefeitura e meu secretariado vai responder para mim — disse Tramonte.
Azevedo ainda questionou detalhes sobre a vida pessoal do candidato do Republicanos como, se anda de ônibus ou de carro, e se seu filho está em colégio particular. As perguntas irritaram Tramonte, que disse que perguntas técnicas não importam para a população.
Próximos debates
Este é o primeiro encontro de três que ocorrem nesta semana final antes do primeiro turno. Ausente nesta segunda-feira, o prefeito só irá comparecer aos dois debates finais. As ausências consistem em uma estratégia da campanha para evitar que os demais postulantes subam o tom contra ele e façam cortes para as redes sociais. A avaliação interna é de que um efeito digital semelhante ao propagado por Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo, poderia desgastá-lo.
Os debates da Rádio Itatiaia, na terça-feira, e da TV Globo, na quinta-feira, deve contar com todos os sete principais candidatos.
O único postulante ausente é o prefeito Fuad Noman (PSD), o que tornou o líder nas pesquisas, Mauro Tramonte, alvo da maior parte dos candidatos. O deputado estadual foi acusado de ter propostas rasas, criticado por seus padrinhos políticos e, até mesmo, acusado de copiar planos de governo.
Segundo o último Datafolha divulgado na capital mineira, Tramonte é quem lidera a disputa, com 28% das intenções de voto. Engler e Fuad estão empatados tecnicamente em segundo lugar, com 18% cada. Apesar de bem colocado na pesquisa, o bolsonarista não tem sido alvo tão frequente como os outros dois adversários.
Redação com o Globo