Anadia/AL

24 de novembro de 2024

Anadia/AL, 24 de novembro de 2024

Sobreviventes de naufrágio se agarraram em pedras para não morrer

Embarcação com sete pessoas naufragou na noite de domingo (29), na região da Garganta do Diabo, no litoral de São Paulo / 11:30 hs

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 1 de outubro de 2024

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Foto: Redes sociais

Duas sobreviventes do naufrágio, que aconteceu na Garganta do Diabo, em São Vicente, no litoral de São Paulo, recordaram os momentos de tensão que viveram na noite de domingo (29). Camila Alves, estudante de 20 anos, e Vanessa Audrey, autônoma de 35, conseguiram se salvar após se agarrarem em pedras próximo à Ilha Porchat: ‘A gente nasceu de novo’, disse Camila ao g1.

O caso ocorreu na noite de domingo (29), na região conhecida como Garganta do Diabo. As vítimas estavam em uma festa dentro de uma lancha, mas sofreram o acidente durante o transporte de volta à terra em um barco menor.

A embarcação tinha sete pessoas a bordo e afundou. Cinco vítimas foram resgatadas, sendo três mulheres e dois homens. Beatriz Tavares da Silva Faria, de 27 anos, e Aline Tamara Moreira de Amorim, de 37 anos, seguem desaparecidas. As buscas foram retomadas pela equipe da Estação de Bombeiros Guarda- Vidas de São Vicente nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por moradores da região da Ilha Porchat para atender a ocorrência, e ao menos três viaturas foram enviadas para ajudar. A Marinha do Brasil também enviou uma embarcação para auxiliar nos trabalhos.

Camila explicou ao g1 que ela, Vanessa e Aline viajaram de São Paulo para a Baixada Santista no fim de semana. Por volta de 11h de domingo, saíram de Santos (SP) para uma lancha, em Guarujá (SP), onde acontecia a festa de aniversário de um conhecido.

De acordo com Vanessa, havia mulheres desconhecidas na festa. O grupo bebeu, andou em motos aquáticas e passou dia em Guarujá. Por volta de 18h, quando o período de ficar com a lancha expirou, eles marcaram de se encontrar no Rocket Sea Club, na Ilha Porchat, para voltar para Santos por terra.

O naufrágio

Barco com 7 pessoas afundou em região conhecida como ‘Garganta do Diabo’. Foto: Roni Pantera

Os ocupantes da lancha se dividiram em dois barcos menores. As três amigas ficaram juntas em um deles. Além delas, Beatriz Tavares da Silva Faria, de 27 anos, que está desaparecida, também estava na embarcação.

O barco onde estava o aniversariante seguiu na frente. Já o das jovens foi atingido por uma grande onda durante o trajeto para São Vicente.

“A gente tentou subir no barco, só que ele afundou. Aí, um menino conseguiu espalhar coletes e galões de gasolina”, disse Camila.

Ela conta que se agarrou em um dos coletes com o piloto do barco. De acordo com ela, a correnteza a levou junto com o homem para uma região de pedras. Mesmo com o colete, que a jovem não conseguiu vestí-lo, as ondas passaram por cima deles e a sensação era de desespero. Ela disse que engoliu muita água.

“A gente via que não ia aguentar por muito tempo, bater o pé e engolir muita água. A nossa solução foi se jogar nas pedras para tentar se agarrar e se salvar”, recordou.

‘Lutando pela vida’

Vanessa, que se agarrou em um colete com uma jovem que não conhecia, explicou que, naquele momento, o objetivo era se salvar. “Todo mundo subiu em cima do barco desesperado, só tinha três coletes e dois galões”, disse ela.

Assim como aconteceu com Camila, Vanessa foi jogada para perto das pedras, abaixo da Ilha Porchat. Ela viu pessoas lá em cima e gritou por socorro enquanto se segurava nas rochas.

“Chegou um momento na água que ninguém conseguia ver ninguém. Estava lutando pela vida”, recordou. Um homem conseguiu enxergar Vanessa, lá de cima, e acionou o resgate. Os bombeiros a acessaram e conseguiram levá-la para a terra.

Não sabiam nadar

Camila disse ao g1 que bateu o corpo com muita força nas pedras, o que rendeu um corte na cabeça e ferimentos nos joelhos e pernas. Ela precisou levar pontos na cabeça.

“Aí, eu fiquei vendo o menino [piloto] lá se afogar, eu não consegui voltar para salvar ele. Ele sumiu e eu comecei a gritar ‘socorro, socorro’, aí ele apareceu. Tinha tipo uma trilhazinha, a gente subiu e o Samu já estava lá em cima”, afirmou a jovem. “A gente nasceu de novo, o Samu falou para a gente. Estava muito forte [as ondas], a gente quase morreu. A gente não sabia nadar”.

Amiga desaparecida

Aline estava com as amigas em embarcação que afundou em São Vicente (SP). Foto: Redes sociais

Ao g1, Camila relatou a preocupação que sente ao saber que a amiga Aline está desaparecida.

“Ele falou que viu ela de colete e tudo, só que ele conseguiu se salvar e não acharam ela ainda. Tem outra menina [Beatriz], que está desaparecida também, que a gente não viu na hora”, disse. “A outra menina ninguém nem sabe, ninguém viu ela”, acrescentou.

“Cinco pessoas conseguiram chegar nessa pedra, e ela estava de colete. Então, a esperança é de que ela esteja lá”, concluiu Vanessa. As duas amigas receberam atendimento médico e ainda não voltaram para a capital paulista, pois, de acordo com elas, ainda prestarão depoimento à polícia.

Garganta do Diabo

A ‘Garganta do Diabo’ é uma região que fica entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová-Japuí, em São Vicente. Ela atrai surfistas por conta das ondulações, mas esconde vários perigos devido às fortes correntezas que atingem o local.

Segundo historiadores, existe uma crença popular de que o local serviu de passagem para as caravelas de Martim Afonso na fundação da Vila de São Vicente.

Redação com Metrópoles

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