Anadia/AL

24 de outubro de 2024

Anadia/AL, 24 de outubro de 2024

Vítimas da Braskem acusam empresa de intimidação e violência processual

Mais recente episódio foi o incêndio na casa do procurador do Ministério Público do Trabalho, Cássio Araújo, coordenador-geral do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB).

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 10 de outubro de 2024

Bairro afetado pela Braskem - Foto: Foto: Itawi Albuquerque

A luta contra os impactos ambientais e sociais causados pela mineração predatória da Braskem em Maceió persiste mesmo diante de uma série de relatos de intimidação crescente contra moradores e líderes que ousaram resistir. O mais recente episódio foi o incêndio na casa do procurador do Ministério  Público do Trabalho, Cássio Araújo, coordenador-geral do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), ocorrido na madrugada de terça-feira (8), no bairro do Pinheiro.

O MUVB classifica como criminosa a ação que destruiu parte da casa e uma bibilioteca com mais de 20 mil livros, avaliada por ele em cerca de R$ 6 milhões. O imóvel, localizado na esquina da Rua Professor José da Silva Camerino, uma das principais do bairro do Pinheiro e bem próximo à Ladeira do Calmom, que dá acesso ao histórico e finado bairro de Bebedouro, foi tomado pelas chamas de madrugada. O procurador disse que uma garrafa de álcool foi achada no local.

Para o professor e ecologista José Geraldo Marques, também uma das vozes mais críticas à mineração da Braskem e ex-morador do Pinheiro, descreveu o incêndio como parte de uma estratégia histórica de manipulação. “Pode ser a velha tática de Nero e Hitler: manda tocar fogo e depois inventa um culpado na parte opositora! Aguardemos!”, comentou Marques, em entrevista à Tribuna Independente, sugerindo que os responsáveis pelo atentado estariam tentando culpar as vítimas.

Marques, que prestou depoimento à CPI da Braskem no Senado, já havia sido vítima de violência quando foi forçado a desocupar sua casa no Pinheiro. Ele relatou que sua biblioteca foi depredada à marretadas e importantes documentos históricos relacionados à Salgema, nome original da Braskem, foram roubados. “A minha biblioteca, que continha todos os meus arquivos da Salgema, foi destruída. Meu filho salvou o pouco que pôde. Mas não era só a quantidade de livros, mas a raridade de vários deles”, lamentou o ecologista, que foi um dos primeiros a se posicionar contra a instalação da mineradora nos anos 70.

O empresário Alexandre Sampaio, presidente da Associação dos Empreendedores Vítimas da Mineração em Maceió, também denunciou a escalada de violência. Segundo ele, quem se opõe à Braskem enfrenta uma série de represálias, que vão desde ameaças de morte até campanhas de difamação. Sampaio relatou que, após resistir às negociações com a mineradora, foi vítima de ataques à sua imagem nas redes sociais. “Para os que lideram, as ameaças de morte, ou a violência do assassinato de reputação, como o que eu sofri ao chegar em Brasília para depor na CPI. Tudo sob o silêncio igualmente criminoso das autoridades”, afirmou.

Ele acrescentou que o incêndio na casa de Cássio Araújo foi mais uma etapa de um padrão de hostilidade por parte da Braskem. Sampaio destacou que o procurador resistiu a aceitar acordos propostos pela empresa e, em resposta, foi impedido de entrar na própria casa e teve seu imóvel vandalizado. “Para quem protesta, a violência e o assédio processual são constantes”, denunciou.

Em nota enviada à imprensa, a empresa mineradora cobrou a apuração das causas do incêndio e disse que considera inadmissível qualquer insinuação sobre participação ou interesssa da companhia no incêndio registrado na terça-feira, 8, no bairro do Pinheiro.

“A empresa espera que o Corpo de Bombeiros apresente informações técnicas sobre o possível motivo do incêndio e, se de fato tiver sido criminoso como alega o proprietário, que a autoria seja devidamente apurada.”

“A Braskem considera inadmissível qualquer insinuação sobre participação ou interesse da Companhia em um incêndio, registrado na última terça-feira, 8, em um imóvel desocupado, no bairro do Pinheiro.

Redação com Jornal de Alagoas

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