Por Marcelo Hailer
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), adotaram a estratégia de eximir seus respectivos governos de qualquer responsabilidade pelo apagão e jogar a culpa no governo Lula. Freitas e Nunes acusam o Palácio do Planalto de inépcia diante da Enel, empresa responsável pelo fornecimento de energia no estado paulista.
Por meio de suas redes sociais, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que o governo federal e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) “faltam com respeito” aos paulistanos.
“A concessão da energia elétrica em São Paulo é federal, sendo o Ministério de Minas e Energia e a Aneel os representantes do poder concedente. A eles cabe regular, controlar, fiscalizar e garantir que o serviço prestado esteja adequado”, inicia Tarcísio.
Em seguida, o governador afirma que “Mais uma vez, a Enel deixou os consumidores de São Paulo na mão. Se o Ministério de Minas e Energia e, sobretudo, a Aneel, tiverem respeito com o cidadão paulista, o processo de caducidade será aberto imediatamente.”
Ao término de seu texto, Tarcísio de Freitas exime seu governo de qualquer responsabilidade no apagão em São Paulo. “O que não pode seguir acontecendo é o que estamos vendo mais uma vez em nosso estado. Não podemos ficar à mercê de tanta irresponsabilidade”, concluiu.
“Destacado bolsonarista”
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao tomar conhecimento do ataque de Tarcísio de Freitas, lembrou ao governador de São Paulo que a atual direção da Aneel foi indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem Tarcísio é aliado.
“Sobre as falhas da ENEL em São Paulo: Gostaria de lembrar ao governador Tarcísio de Freitas que a atual composição da Aneel, entidade responsável pela fiscalização da Enel, foi nomeada com mandato pelo governo anterior, do qual ele foi destacado integrante”, disse.
Em seguida, Silveira afirma que “Não faltou ao MME e ao nosso governo cobrança à agência para garantir punição adequada à distribuidora, incluindo o meu ofício que apontou o caminho da possível caducidade da Enel, há mais de 6 meses, em absoluto respeito à população da região metropolitana de São Paulo.”
“A Aneel bolsonarista não deu andamento ao processo de punição, nem mesmo a uma fiscalização adequada. O MME já avisou que não há qualquer indicativo de renovação da concessão da distribuidora em São Paulo e que a omissão da agência deve ser investigada pelos órgãos de controle”, continua o ministro Alexandre Silveira.
Por fim, o ministro do governo Lula destaca que “o Governo Federal editou decreto que estabelece critérios mais rigorosos de avaliação de desempenho das concessionárias, além de ampliar a previsão de investimentos, garantir a qualidade do atendimento e melhorar o serviço, mas a agência do Bolsonaro tem que trabalhar sério”.
Nunes culpa Lula por apagão em São Paulo
A cidade de São Paulo vive caos e apagão desde a noite de sexta-feira (11), quando uma forte tempestade caiu. Bairros das zonas Sul, Leste, Oeste, Norte e Centro estão sem luz. A Enel afirmou que não há previsão de retorno da eletricidade nas regiões afetadas.
Em disputa por um novo mandato, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) correu para as redes sociais para eximir sua gestão de qualquer responsabilidade pelo apagão e pelo caos que se instaurou na cidade de São Paulo.
Além de fugir de sua responsabilidade, o prefeito Ricardo Nunes responsabiliza o governo Lula pelo novo apagão. Segundo Nunes, em 2023, quando a cidade ficou no escuro, ele foi até Brasília dialogar com a gestão federal sobre a Enel, mas nada foi feito e, portanto, sua gestão é refém.
“A Enel está dando problema para a nossa cidade. Na outra vez que teve problema, eu fui pra Brasília, entramos com ação judicial, fui à Justiça contra a Enel. A Enel é concessão, regulação e fiscalização do governo federal (Lula). Eu estive no Tribunal de Contas da União (TCU) reclamando, fui ao ministro [de Minas e Energia, Alexandre Oliveira], deixei minha queixa, levei representação e, mais uma vez, a Enel deixa a cidade nessa situação”, declarou Ricardo Nunes.
A população de São Paulo (SP) está revoltada com o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Desde a noite desta sexta-feira (11), diversos bairros da capital paulista estão sem energia elétrica. Em algumas regiões, o corte de luz já se prolonga por mais de 16 horas, afetando residências, empresas e comércios.
Na manhã deste sábado (12), moradores de bairros como Morumbi, Vila Sônia, Jabaquara e Ipiranga, na Zona Sul, além de Liberdade (Centro), Pompeia, Pinheiros, Vila Madalena e Vila Romana (Zona Oeste), continuam parcialmente sem energia.
O apagão foi causado por um forte temporal que atingiu a cidade na noite de sexta-feira. A chuva, que durou apenas uma hora, foi suficiente para causar um verdadeiro caos: centenas de árvores caíram sobre fios de energia e transformadores, semáforos pararam de funcionar, e inúmeros pontos de alagamento e congestionamentos se formaram.
No Campo Limpo, Zona Sul da capital, uma pessoa morreu após ser atingida por uma árvore que caiu. Outras duas pessoas também foram hospitalizadas pelo mesmo motivo.
Moradores da cidade têm utilizado as redes sociais para cobrar uma resposta de Ricardo Nunes. “Cadê o prefeito?”, questionam os internautas.
Em resposta, Nunes tem publicado vídeos em suas redes sociais, nos quais aparece vestindo um colete da Defesa Civil. Ele afirma que passou a madrugada trabalhando para resolver a situação, mas não apresentou soluções concretas ou previsão para o restabelecimento total da energia. O prefeito, que é candidato à reeleição, tem se limitado a responsabilizar a Enel, concessionária de energia de São Paulo.
A postura de Ricardo Nunes não tem convencido boa parte dos paulistanos, especialmente em função de episódios anteriores. Em novembro de 2023, por exemplo, durante uma situação semelhante de alagamentos e falta de energia, o prefeito esteve ausente, optando por participar de um camarote na Fórmula 1, no Autódromo de Interlagos.
A Enel, por sua vez, informou em nota que 1,6 milhão de pessoas na capital e na Região Metropolitana estão sem energia e que as equipes estão atuando para o restabelecimento do serviço. A previsão inicial era de que a luz voltasse em até cinco horas, porém, mais de 14 horas depois, muitas áreas seguem no escuro.
“De imediato, a companhia acionou um plano de emergência e cerca de 800 equipes (1,6 mil técnicos) estão em campo. Ao longo do dia, a empresa mobilizará cerca de 2.500 técnicos. Em alguns locais, trechos inteiros da rede foram danificados, e será necessário reconstruir quilômetros de rede, além de substituir postes, transformadores e outros equipamentos”, informou a empresa em comunicado.
Boulos cobra Nunes
Além de trânsito, alagamentos e falta de energia elétrica, o temporal que atingiu a cidade de São Paulo (SP) na noite desta sexta-feira (11) provocou a morte de uma pessoa. A vítima foi atingida por uma árvore que caiu em meio à chuva no bairro do Campo Limpo, zona sul da capital paulista.
Guilherme Boulos (PSOL), que é candidato à prefeitura de São Paulo e mora no Campo Limpo, mostrou em vídeos publicados nas redes sociais a situação de seu bairro e culpou o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) pelo caos na cidade. Boulos é um entre os milhares de moradores de diferentes bairros que estão há mais de 16 horas sem luz.
“Chegando em casa e olha aí, essa é a situação em São Paulo: semáforo apagado, a cidade um caos. Uma chuva que durou menos de uma hora. Uma ventania na cidade, e é isso que acontece: árvores caindo. Isso porque não há poda adequada da prefeitura. Quem liga para o 156 sabe muito bem disso, que não tem poda e, para conseguir, às vezes demora meses. Quando é atendido, vem uma ventania, vem uma chuva, e o que acontece é isso”, disse Boulos ao mostrar imagens dos estragos causados pela chuva na cidade.
“O bairro inteiro no escuro, árvore caída, a prefeitura não faz poda de maneira adequada e o bairro está no escuro. Parece que São Paulo não tem prefeito. Só na propaganda, né? Isso a propaganda do Ricardo Nunes não mostra. E não é só aqui, temos recebido notícias de dezenas de bairros da cidade em caos, sem semáforo funcionando, com árvores caindo (…) Essa é São Paulo depois de uma chuva de menos de uma hora. Não é fácil, né? Imagino que muitos de vocês devem estar passando pela mesma situação, tentando chegar em casa agora. E aí, cadê o prefeito Ricardo Nunes agora?”, questionou Boulos em outro vídeo.
Redação com Revista Fórum
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