O Clube de Regatas Brasil apresentou oficialmente, na tarde desta sexta-feira, 1º, André Martins, 50, como novo diretor de futebol do Galo. Ele chega para substituir a lacuna deixada após a saída de Thiago Paes, que foi demitido no dia 20 de setembro. O presidente Mário Marroquim fez a apresentação do novo dirigente.
“Desde o ano passado, tínhamos feito uma entrevista com o André. Ele já tinha vindo aqui, incluindo nosso diretor de futebol anterior. A gente iria trazer o André porque ele tem uma característica de headscout muito grande. De buscar mercado muito grande, de avaliar atletas. Precisávamos ampliar nossa base de pesquisa e consultas, de atletas. Ele sempre foi um cara sempre muito bem quisto e falado no mercado. […] Naquela época, não conseguimos nos acertar. Neste momento de vacância no cargo, entendemos que era hora de chegar, principalmente no momento em que precisamos planejar 2025”.
André Martins e o presidente do CRB, Mário Marroquim (Foto: Francisco Cedrim / CRB) |
O mandatário regatiano afirmou que o clube pretende, futuramente, contratar mais uma pessoa para auxiliar no comando da pasta do futebol.
“Isso foi conversado com ele. Ele vem para fazer o headscout, é o chefe da equipe de avaliação e busca de atletas. Ele vem para fazer a gerência de futebol. Evidentemente, a gente talvez precise complementar, no ano que vem, com um profissional de mercado. A função dele é muito mais interna do que de mercado. Precisamos dele aqui na gestão com os atletas. A função de mercado é muito menos exigida dele neste momento. […] Passa, sim, na nossa cabeça que venhamos posteriormente complementar nossa equipe com mais uma pessoa de mercado”.
André tem passagens em clubes como Athletico, Chapecoense, Cruzeiro, Avaí e recentemente estava no América-MG. O novo diretor de futebol do CRB traz na bagagem conquistas de títulos expressivos e os consequentes acessos no Campeonato Brasileiro Série B (2020 e 2022). Ele também foi analista no Lille, da França.
Veja abaixo os tópicos abordados pelo novo diretor de futebol do Galo:
Momento conturbado do CRB brigando para não cair – “Grande desafio. Aceitei justamente por isso. Existia uma possibilidade de eu ter vindo ano passado, não aconteceu. Agora, não titubeei. É um momento delicado, difícil. Tenho conversado com o staff do clube, comissão, própria diretoria. É um momento de dar apoio e também de cobrar os atletas. Já ocorreu essa cobrança. É um momento difícil, mas temos totais condições de reverter e permanecer na Série B”.
O que justifica essa queda de rendimento do CRB no Campeonato Brasileiro? – “Acompanho e realmente não imaginava que o clube estaria nesta situação. Eu comentava no clube que eu estava anteriormente que o CRB brigaria na parte de cima da tabela. Infelizmente, no decorrer do ano, acabou não acontecendo. Acredito que o empenho nas Copas… Seria injusto da minha parte, em dois dias aqui, ter aqui uma resposta, fazer qualquer tipo de julgamento com os profissionais que continuam e os que saíram do clube, de querer achar um culpado ou um erro cometido. O foco nas copas e, o início da Série B, quem olhava de fora e via a competição, achava que o CRB iria se recuperar. O clube tinha um jogo a menos. Estou tentando ainda entender alguns pontos aqui, conversando com muita gente, principalmente do staff do clube, que estão aqui desde o início. Vi muitas coisas positivas. Temos uma decisão na segunda-feira, é o foco total no próximo jogo. Temos que olhar para frente, só dependemos de nós, temos que fazer nossa parte para conquistar o objetivo da permanência”.
Houve erro no planejamento de contratações? – “Não estava aqui para fazer uma avaliação ampla, macro de todo o cenário. Porém, a campanha nas copas, antes da janela, talvez tenha tido o entendimento por parte de quem estava à frente do processo que a equipe estava bem e conseguiria dar a voltar por cima, dar o retorno esperado e se manter na parte de cima da tabela. O futebol é muito dinâmico, as coisas acabaram não acontecendo, tivemos problemas de lesões, perdemos atletas considerados titulares, que eram peças-chaves no sistema que vinha sendo utilizado no momento. Isso pode ter sido um fator, sim. Mas não quero colocar de forma direta se foi questão da janela ou falta de reforços”.
Mercado sulamericano em alta no futebol brasileiro: ‘Tem que vir para resolver, não ser aposta’ – “É um mercado que vem crescendo bastante, sendo muito explorado por equipes das Séries A e B. Um levantamento recente mostra que essas Séries são consideradas a quinta ou sexta maior liga mundial. Só perde para Inglaterra, França, enfim. É um mercado que o jogador sulamericano busca muito, principalmente em relação aos valores praticados. Os clubes estão buscando trazer jogadores sul-americanos, porque vêm em uma condição, principalmente financeira, de negócio muito mais favorável que o jogador brasileiro. Porém, esses jogadores que vêm, temos que entender que ele venha para resolver os nossos problemas, não para ser aposta, porque tem a questão da adaptação. E muitas vezes o clube não tem muito tempo, pois sabemos como é o futebol, se não tem o resultado, tudo é muito generalizado. Perde-se muito algumas convicções e alguns processos que vêm sido construídos”.
Qual o planejamento para 2025? – “Temos que nos organizar independentemente do cenário. A gente joga uma final na segunda-feira, porém, internamente, já vem tendo essa conversa vislumbrando os dois cenários: de permanência ou de jogar a Série C ano que vem. A gente vem planejando, analisando os atletas que têm contrato por mais de um ano. A gente vem detalhando internamente alguns assuntos pertinentes, independentemente da divisão. Volto a repetir: tenho muita confiança que a gente permaneça. Mas independentemente disso, a gente vem conversando, sim, em relação aos cenários que podemos encontrar em 2025”.
Montagem de elenco e o perfil de jogador – “Tem muito a ver com a comissão e o treinador que está à frente da equipe, a forma que a gente quer jogar. A montagem de um elenco passa por muitos fatores. Temos que estar atentos. Sou muito a favor da continuidade de processos. Nem sempre aquele jargão do futebol ‘nem quando ganha está tudo bem, nem quando perde está tudo errado’. Estamos analisando alguns pontos importantes, isso depende muito de tudo que falei: da competição que vamos jogar, do perfil de atleta que vamos buscar. É a primeira vez que venho trabalhar no Nordeste. Tem a questão do clima, da formação do jogador, aqui no Nordeste é diferente do pessoal que joga no Sul e Sudeste. Temos que estar atentos a isso para montar um elenco equilibrado em todos os pilares: técnico, tático, físico e mental”.
Alta minutagem do elenco regatiano no ano – “Penso que a regularidade é um fator importantíssimo para a gente se manter lá em cima na tabela e não oscilar tanto. O calendário do CRB esse ano foi de muitos jogos, é uma das equipes que mais jogou. Ontem, tivemos uma reunião com os atletas e foi falado isso também. Temos pelo menos dois atletas no nosso atual elenco que são top 10 em minutagem dos atletas que mais jogaram no futebol brasileiro. O Anselmo Ramon e o Gegê têm quase 5 mil minutos jogados neste ano. A diferença de jogos do CRB para o América-MG é de 20 jogos no ano, isso faz muita diferença no decorrer da temporada”.
Experiência na França – “Aprendi muito trabalhando em um clube europeu. Era uma SAF já na época e tinha os processos e convicções bem definidos do que seria feito no ano. Para você ter uma ideia, o campeonato começava e a gente já sabia quais posições teríamos que contratar, quais atletas seriam vendidos no meio da janela, quais os atletas que teríamos que trazer para compor elenco. O planejamento era feito muito antes de iniciar a competição. O Lile tinha um nicho de mercado muito específico. Não brigava por títulos, brigava por revelar jovens atletas, trazer jovens atletas em potencial para serem vendidos e negociados dentro do futebol francês ou da Premier League”.
Avaliação do elenco, cobrança e união – “Vejo um elenco muito forte. A questão mental na fase em que nos encontramos hoje é crucial, principalmente nos últimos jogos. Venho acompanhando esses gols que a gente toma. O momento é de tentar resgatar, dar apoio e confiança aos atletas, e cobrá-los. Não existe futebol sem cobrança. Mas vejo um elenco com muito potencial. A classificação na tabela não condiz com o que o elenco entregou durante certo período do ano e o que está se passando agora. É momento de unir forças: diretoria, elenco, staff, comissão, torcida”.
Fonte: TNH1