Por Plinio Teodoro
Em entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta segunda-feira (11), Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do PT, criticou a pressão do sistema financeiro e da mídia liberal para que o governo Lula promova cortes no orçamento em áreas que impactem diretamente o povo brasileiro.
A deputada ressaltou que a bancada e o PT entrou no debate sobre os cortes junto ao mercado e à mídia, mas não conversou diretamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem tratado do tema diretamente com Lula.
Gleisi ainda afirmou que tem divergências com Haddad em relação à questão fiscal. “Não tenho conversado com o ministro Haddad. Ele não procurou o PT para expor suas propostas. Pelo que vi está discutindo isso no âmbito do governo”, afirmou.
“De fato a gente não tem conversado, nem com o PT, nem com a bancada. Espero que ele chame a gente para avaliar as propostas e ajudar no que for possível”, emendou.
Indagada por Renato Rovai, diretor de redação da Fórum, se vê certa similaridade ao que ocorreu no governo Dilma Rousseff (PT), quando o então ministro da Fazenda Joaquim Lecy promoveu um ajuste de contas sem ouvir a sociedade em 2015, Gleisi disse que o cenário conduzido por Lula é diferente.
“É uma situação um pouco diferente do que aconteceu com Dilma. Mesmo não tendo discutido com o partido, com a bancada, há uma discussão mais firme e mais forte no governo. O presidente Lula tem chamado isso para a discussão, reunido os ministros e ele mesmo tem se posicionado. É diferente do que aconteceu lá atrás”, afirmou a deputada, ressaltando que o partido confia muito em Lula.
Segundo Gleisi, o debate feito pelo partido leva em conta que Lula pegou um país praticamente quebrado e superou as projeções pessimistas do mercado financeiro.
“Antes do presidente assumir, diziam que haveria uma tragédia na economia. E não foi o que nós vimos. Muito pelo contrário. Nós tivemos o PIB subindo 2,9% no ano passado e esse ano deve subir mais de 3%. A inflação ficou controlada. A gente está vencendo o desemprego. A renda da população aumentou. Tudo contra aquilo que o mercado dizia que iria acontecer. Mas, o mercado insiste que tem que se colocar um ajuste fiscal sem precedentes em cima do povo brasileiro. Ora, cortar aposentadoria, reduzir o aumento do salário mínimo, desvincular de benefícios e aposentadoria é um absurdo. Porque isso? Nós não estamos com descontrole fiscal. Muito pelo contrário, a gente tem controle fiscal, sim, e uma relação com o PIB extremamente controlada”, afirmou.
Em seguida, a presidenta do PT voltou a fazer coro com Lula nas críticas ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que elevou em 0,5% a taxa Selic na última semana, jogando o índice para 11,25%.
“Qual é o problema que impacta as finanças públicas: os juros. Cada ponto percentual de juros que sobe nesse país, a gente tem impacto de cerca de R$ 50 bilhões nas contas públicas. E esse aumento de juros tem causado uma conta estratosféricas. Já são quase R$ 700 bilhões ao ano. Esse é o grande problema fiscal. E os juros estão subindo mediante um argumento do Banco Central de que a inflação está crescendo. Ora, a inflação não está crescendo por causa da demanda. Nós tivemos a situação climática ruim, a subida do dólar por especulação do próprio mercado. E ainda assim a inflação não está estourando”, afirmou.
“Então, não se justifica pedir um ajuste fiscal desta monta contra o povo brasileiro. E há uma pressão descomunal em cima disso. Por isso que a gente faz esse debate, para dizer ao mercado: olha aqui, tem outro lado. O presidente Lula foi eleito para reconstruir o Brasil e proporcionar melhoria de vida para o povo brasileiro e isso passa por políticas financiadas pelo Estado”, emendou.
Revista Fórum
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