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Por: Heloisa Tolipan
São cinco anos da morte de Antônio Augusto Moraes Liberato, o Gugu Liberato (1959-2019), um dos mais importantes nomes da televisão e que consolidou sua trajetória na emissora de Silvio Santos (1930-2024) no início dos anos 1980, ainda que tenha passado pela Tupi. Foi apresentador da Sessão Premiada, do Viva a Noite, do Domingo Legal, do Domingugu, do TV Animal… Porém, estes dois últimos programas praticamente não são citados no documentário “Gugu, Augusto e Toninho”, produzido pelo SBT para sua plataforma +SBT. Esta talvez seja uma das primeiras falhas do documentário do streaming da ex-TVS.
O doc, de cinco episódios com pouco mais de 30 minutos cada, é importante como um documento nostálgico por revisitar a carreira de Gugu e trazer, inclusive, registros em vídeo muito pouco conhecidos do apresentador tanto no próprio SBT como na Tupi, onde era repórter do programa Caravela da Saudade.
Essa seria uma das virtudes do doc, que também consegue trazer outras facetas de Gugu, como o próprio nome do documentário sugere, separando-o em três personas: o Augusto, o Gugu e o Toninho. A entrevista com o diretor Roberto Manzoni (1949-2023), o Magrão, também é um ponto alto. Falecido há um ano, talvez esta seja uma das últimas entrevistas. O resgate à Mariette Dettotto, assistente do Viva a Noite – e seu possível namoro com Gugu, também, assim como um panorama sobre os fracassos comerciais do apresentador e sua desistência em ser dono de uma rede de TV, são pontos altos. O documentário surpreende também ao falar abertamente sobre seu arrependimento em ter ido para a Record em 2009.
Porém, a produção fica no meio do caminho entre entretenimento e jornalismo e não se decide se quer atender a uma ou outra demanda. Toca em temas sensíveis para não fazer a linha chapa-branca, mas não se aprofunda em detalhes importantes tanto da biografia como da própria trajetória do apresentador. Deste modo, parece servir apenas “para matar a saudade de Gugu”.
Ainda que citada, Rose Miriam, mãe dos três filhos do apresentador, também não aparece na atração senão por fotografias. A disputa familiar pela herança foi totalmente ignorada pelo diretor Michael Ukstin. A escolha foi por não tocar nos assuntos que pudessem constranger a imagem de Gugu e sua família. O que corrobora a ideia de que o documentário foi feito priorizando a nostalgia.
No fim de um dos episódios, a catastrófica falsa entrevista aos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) é citada en passant. Sem um aprofundamento jornalístico básico: quais foram as consequências dessa polêmica? O programa perdeu, de fato, a credibilidade? Onde estão Wagner Maffezolli, o repórter, e os dois – falsos – membros do PCC? Um dos envolvidos era funcionário do SBT, inclusive. Neste ponto, o documentário das Paquitas foi mais sagaz que o de Gugu, quando entrevistou João Henrique Schiller, autor do livro Para Sempre Paquitas, que foi definitivo para o fim de uma das formações do grupo de assistentes de palco de Xuxa.
A pesquisa também não sinaliza quantos programas Gugu apresentou no SBT. Não foram apenas aqueles citados no documentário e no início desta reportagem. O doc também peca por não ter convidado Rodrigo Faro, um dos assessorados de Gugu no Dominó. Muito menos cita os problemas com drogas vividos por Rafael Ilha na época do Polegar – quando ainda era assessorado por Gugu. Não sabemos se a dependência química foi definitiva para ele ter deixado o grupo, por exemplo.
Outra falha do projeto: o +SBT usa uma trilha padrão para todos os seus produtos originais, tal como as séries Cazalbé, O Herdeiro da Graça e Hebe, a Cara da Coragem. O tema, um samba, que remete ao samba-joia, até casaria com Carlos Alberto de Nóbrega, que é nascido em Niterói e tem algo de carioca, ainda que more há anos em São Paulo. Porém, essa trilha padrão não casa em nada com Hebe, por exemplo. A apresentadora é de Taubaté – ela própria se identifica como caipira. Seus programas sempre foram um sofisti-pop, de modo que a música tema não orna com ela. Menos ainda com Gugu, nascido no coração de São Paulo e “pai” de boy bands, como Dominó e Polegar. Se no documentário de Hebe a confecção de uma trilha sonora original já era necessária, na de Gugu isso fica ainda mais latente.
O escorpião no bolso também fica claro quando obedece ao esquema de colagem depoimento de personagens + imagens de arquivo. Não há muitas externas, senão algumas poucas na GGP. Nem mesmo no antigo prédio do SBT do Rio, onde eram gravados os primeiros programas de Gugu na TVS carioca, eles estiveram.
Talvez uma maior duração fizesse o documentário melhor. Se ele não fosse um projeto com cara institucional. Mas, a decisão em não constranger a história do apresentador transforma o doc em saudosista, acossado pelo mito de Gugu.
Redação com Heloisa Tolipan
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ABN | Alagoas Brasil Notícias.
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