Por Dafne Ashton
Em entrevista ao programa Boa Noite 247, a filósofa Marcia Tiburi analisou o impacto da premiação internacional da atriz Fernanda Torres no contexto político e cultural brasileiro. Segundo Tiburi, o reconhecimento de obras artísticas como o filme de Walter Salles, estrelado por Torres, transcende o âmbito cultural e adquire relevância política ao enfrentar narrativas autoritárias.
“É um momento de muita alegria”, afirmou Tiburi. “Nós temos que comemorar e discutir esse filme porque ele traz questões importantíssimas para pensar o nosso passado, nosso presente e, evidentemente, o futuro, considerando o risco da ascensão fascista, especialmente em períodos eleitorais como o que se aproxima em 2026.”
Tiburi também refletiu sobre o papel do cinema no fortalecimento da democracia. “Esse filme conseguiu implantar um sentimento de empatia maravilhoso, ao contar a história de uma família destruída pela ditadura militar, algo que dialoga diretamente com a história do Brasil e suas feridas ainda abertas.”
Sobre a estratégia da extrema direita em manipular afetos, Tiburi enfatizou: “O afeto que vence e faz a extrema direita chegar ao poder é sempre o ódio. Ele não é abstrato; é organizado e fomentado por meio de processos estéticos e afetivos.”
Respondendo à audiência do programa, que questionou como competir com grandes veículos de propaganda de extrema direita, como o Brasil Paralelo, a filósofa sugeriu que é essencial fortalecer a mídia democrática e alternativa. “Apoiar pensadores, cursos e iniciativas democráticas é um caminho. Precisamos estudar mais, fortalecer a educação e a cultura para resistir à cultura autoritária e ao ódio.”
Por fim, Tiburi ressaltou a relevância de prêmios internacionais como o recebido por Fernanda Torres. “É impossível desmerecer um reconhecimento desse nível. Ele nos lembra que o Brasil sabe fazer cinema, arte e cultura. É urgente que o Ministério da Cultura ocupe a centralidade que merece, pois arte não é algo menor — é um elemento transformador da sociedade e da democracia.”
A filósofa encerrou com um apelo: “Lembrem-se: não há arte do lado da extrema direita. Há uma indústria cultural da ignorância que precisa ser combatida com educação, cultura e sensibilidade democrática.
Redação com Brasil 247
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