Em Jeddah, os americanos anunciaram a retomada imediata de sua ajuda militar à Ucrânia. O anúncio é visto com desconfiança pelos ucranianos, já que a Rússia ainda não deixou clara suas intenções e voltou a bombardear a Ucrânia durante a noite.
O Kremlin diz que está esperando ser informado pelos Estados Unidos sobre a proposta de trégua. Os líderes americanos afirmaram que devem se reunir com o governo russo nos próximos dias.
O acordo de cessar-fogo inclui também a libertação de prisioneiros civis e o retorno de crianças ucranianas. “Este foi um ponto fundamental para nós”, insistiu um conselheiro próximo de Volodymyr Zelensky.
Os Estados Unidos também anunciaram a retirada da suspensão sobre a troca de relatórios de inteligência. O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andriy Sybiga, considerou a decisão de Washington como “muito importante, especialmente agora, para nossa defesa”.
Novos ataques
Na Ucrânia, a noite foi tensa para muitos habitantes: sirenes de alerta soaram em várias regiões. Em Odessa, no sul do país, um míssil atingiu um navio de carga no porto da cidade, deixando quatro mortos.
No momento do ataque, o navio carregava trigo com destino à Argélia. “Era um navio totalmente civil”, escreveu Oleksiy Kuleba, vice-primeiro-ministro da Ucrânia. “A Rússia está atacando a infraestrutura da Ucrânia, incluindo portos que contribuem para a segurança alimentar global”, acrescentou.
O governador da região de Dnipropetrovsk disse que uma mulher de 47 anos foi morta em um ataque com mísseis russos em Kryvyi Rig, no centro do país, cidade natal do presidente Volodymyr Zelensky.
Segundo a força aérea ucraniana, no total, a Rússia lançou três mísseis contra o país durante a noite, além de 133 drones de vários tipos, incluindo drones de ataque do tipo Shahed fabricados pelo Irã. Suas unidades de defesa aérea abateram 98 artefatos, disse a Força Aérea.
A ofensiva acontece um dia após o maior ataque ucraniano desde o início da guerra, há três anos. Ao menos 337 drones foram interceptados, sendo que 91 deles sobrevoaram a capital Moscou e seus arredores.
A Rússia disse na quarta-feira que retomou cinco localidades perto da cidade de Sudja, na região de Kursk. O Exército ucraniano está recuando na área.
O Ministério da Defesa da Rússia disse em um comunicado que retomou os vilarejos, localizados ao redor de Sudja, uma pequena cidade que é a principal posição ucraniana na região.
A mídia estatal disse na quarta-feira que tropas russas entraram na cidade, o que representaria outra derrota para Kiev, mas isso não foi confirmado pelas autoridades russas.
Telefonema
O diretor do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR), Sergei Naryshkin, conversou pelo telefone com o chefe da CIA dos EUA, John Ratcliffe, logo após a reunião EUA-Ucrânia na Arábia Saudita.
Durante esse diálogo, Naryshkin e Ratcliffe “concordaram em manter contatos regulares e contribuir para as garantias de estabilidade e segurança internacionais, bem como para a diminuição das tensões nas relações entre Moscou e Washington”, segundo o comunicado citado pela agência russa TASS.
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“Tudo depende de Putin”
Para o chanceler alemão Olaf Scholz, cabe agora ao presidente russo, Vladimir Putin, tomar uma posição. “Agora a bola está no campo de Putin”, disse o chanceler na rede X. A proposta de cessar-fogo de um mês “é um passo importante e justo em direção a uma paz justa para a Ucrânia”.
As entregas de ajuda militar à Ucrânia via Polônia foram retomadas após negociações entre os Estados Unidos e a Ucrânia na Arábia Saudita, disse o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, na quarta-feira.
“Confirmo que as entregas de armas através de Jasionka voltaram aos níveis anteriores”, disse Sikorski a repórteres, falando em uma visita a Varsóvia.
Aliadada da Ucrânia, a Polônia tem um papel logístico importante na entrega de ajuda ocidental a Kiev. Segundo as autoridades de Varsóvia, 95% dessa ajuda passa pela Polônia, incluindo o centro de Jasionka, perto da cidade de Rzeszow, no sudeste do país.
Reação da China
Já a China disse na quarta-feira que “tomou nota” do anúncio da Ucrânia de que estava pronta para aceitar uma proposta dos EUA para um cessar-fogo imediato de 30 dias com a Rússia e esperava uma “paz duradoura”.
“Esperamos que todas as partes possam, por meio do diálogo e da negociação, encontrar um plano para uma paz duradoura e duradoura que leve em conta as preocupações de cada um”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma coletiva de imprensa.
Fonte: RFI
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