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José Reinaldo
A pesar da pressão crescente sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), líderes partidários afirmam que ainda não há clima político para a tramitação do projeto de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro.
Reportagem da Folha de São Paulo destaca a avaliação de que a estratégia adotada pelo PL e seus aliados durante o ato convocado por Jair Bolsonaro neste domingo (6), na avenida Paulista, pode surtir efeito contrário e ampliar o isolamento da legenda no Parlamento.
“É uma tática de desespero. Se acham que Hugo vai pautar alguma coisa essa semana depois de tentarem emparedar ele, estão errados”, afirmou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). Para o deputado Mário Heringer (MG), líder do PDT, a crítica pública a Motta representa um ataque institucional. “Atacar Hugo Motta é um desserviço institucional, mantém a atitude transgressora contra as instituições e a Constituição. O movimento do encontro é legítimo, mas mais uma vez errático.”
Durante o evento, o pastor Silas Malafaia concentrou as críticas mais diretas ao presidente da Câmara. “Senhor presidente da Câmara, Hugo Motta, disse ‘eu sou árbitro, juiz’. Só se for juiz iníquo, porque ele pediu para os líderes partidários para não assinar urgência do projeto de anistia”, declarou em cima do carro de som. “Você, Hugo Motta, está envergonhando o honrado povo da Paraíba”, completou.
O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), ecoou a pressão durante o ato. “Hugo será pautado pela maioria da Câmara dos Deputados”, declarou, antes de chamar ao microfone os sete governadores presentes — entre eles Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO) e Wilson Lima (AM) — para confirmar se seus partidos apoiavam o projeto. Todos responderam afirmativamente, embora os líderes partidários de siglas como PSD, União Brasil, Republicanos e PP não tenham assinado o requerimento.
Segundo interlocutores, a leitura predominante entre aliados de Motta é que o presidente da Câmara não mudará sua postura diante da pressão pública, e que a condução da pauta deve priorizar a preservação da harmonia institucional, especialmente com o STF e o Senado. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já afirmou não ver prioridade no tema da anistia.
Entre parlamentares, a percepção é de que a pressão pública pode até elevar o custo político de manter o projeto parado, mas não será suficiente para alterar a postura de Hugo Motta — que, segundo seus aliados, encara a situação como parte do “ônus do poder”.
* Brasil 247