Anadia/AL

14 de junho de 2025

Anadia/AL, 14 de junho de 2025

Em editorial, Globo incita bolsonaristas a atacarem governo Lula após agressões a Haddad

Um dia após Nikolas Ferreira e Carlos Jordy agredirem Haddad, O Globo destaca editorial em que manda os bolsonaristas a seguirem com ataques no Congresso para acabar com o aumento do salário mínimo, da aposentadoria e de programas sociais.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 12 de junho de 2025

B.0

Nikolas Ferreira, Carlos Jordy e os irmãos Marinho, da Globo: conluio neoliberal. Créditos: Agência Câmara / Divulgação

Por Plinio Teodoro

Um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sofrer agressões dos deputados Carlos Jordy (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Marco Feliciano (PL-SP) e José Medeiros (PL-MT) na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, o jornal O Globo destacou na página principal do site um editorial que incita os bolsonaristas a seguirem com os ataques para defender os interesses dos endinheirados – incluindo a família Marinho.

Com fortuna estimada em R$ 51 bilhões, que faz com que os irmãos João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu figurem no ranking dos magnatas da revista Forbes, o clã Marinho usa o ódio bolsonarista para criar uma narrativa de que “o país caminhará para o caos” caso Lula não retroceda no aumento do salário mínimo, das aposentadorias e corte recursos da educação e da saúde públicas no editorial que claramente incita uma guerra no Congresso: “Se governo finge não haver crise fiscal, Congresso deve agir”.

“Já que o Executivo continua fingindo que não há crise fiscal, o Congresso tem o dever de conter a explosão inexorável das despesas. Se a intenção é buscar uma trajetória sustentável para a dívida pública, é fundamental desvincular do salário mínimo o reajuste de aposentadorias e benefícios previdenciários. Não adianta se iludir. Sem isso, o rombo só crescerá. Outra medida necessária é acabar com a vinculação das despesas de saúde e educação à arrecadação, restaurada pelo arcabouço fiscal. Sem isso, as despesas obrigatórias consumirão espaço cada vez maior no Orçamento. E o caos será inevitável”, sentencia O Globo no texto.

No editorial, tão agressivo quanto os destemperos da claque bolsonarista contra Haddad no Congresso, o clã Marinho mostra que controla a base ligada a Jair Bolsonaro (PL) no Congresso na pauta da economia e usa o ódio dos deputados para promover ataques ao governo e defender interesses da família e dos endinheirados que sustentam a rede de comunicação, como o “agro”.

“O pacote frustrante ensaiado pelo governo é mais uma ofensa ao brasileiro. Depois de muito suspense, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com os presidentes da Câmara, do Senado e líderes partidários para discutir alternativas à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) rechaçada pela classe política e pelo setor produtivo. O próprio Haddad falara em medidas de longo prazo. O que se viu foi a enganação de sempre: o avanço sobre o contribuinte para tapar o rombo de um governo perdulário”, dispara.

Em seguida, a Globo se coloca até contra o aumento da taxação das apostas onlines, as chamadas Bets, atualmente o principal patrocinador dos programas esportivos e transmissões de futebol da emissora.

“Pela Medida Provisória editada ontem, o governo volta atrás na alta do IOF em algumas operações e muda regras ou alíquotas noutras. Ainda tenta compensar a perda de arrecadação aumentando a taxação sobre as bets (de 12% para 18%) — além da insegurança jurídica, isso empurra empresas de apostas à ilegalidade, depois de todo o esforço pela regulamentação”, diz o clã Marinho sobre as plataformas de apostas que devastam o orçamento das pessoas mais pobres, seduzidos pelas celebridades e pela emissora que promovem os jogos.

O texto ainda ataca a “contribuição sobre lucros” dos ricaços, o que afetaria diretamente os ganhos bilionários dos Marinho diante do lucro de R$ 1,99 bilhões registrados pelo grupo em 2024. E se coloca contra a taxação de “títulos como LCIs e LCAs”, alegando que a medida tem “impacto nos dois setores, ensejando aumento no preço de alimentos e construção civil”, ignorando que mais de 50% do crédito rural é feito por bancos públicos, assim como o financiamento imobiliários, especialmente para pessoas de baixa renda.

A sanha dos neoliberais, representados pelos bolsonaristas, fará inclusive com que o governo corte investimentos no Minha Casa Minha Vida, o que é ignorado no editorial d’O Globo.

Incitando agressões

O tom raivoso da Globo na defesa da Faria Lima e de interesses do neoliberalismo ganhou corpo nesta quarta-feira (11), quando deputados bolsonaristas tumultuaram e promoveram agressões gratuitas a Haddad na Câmara, mostrando que as fake news e o ódio da ultradireita neofascista tem raízes nessa mídia neoliberal.

Carlos Jordy (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Marco Feliciano (PL-SP) e José Medeiros (PL-MT) promoveram uma arruaça contra o ministro, levando ao encerramento do debate.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento exato em que os parlamentares iniciam o tumulto, com o claro objetivo de atacar Fernando Haddad durante a audiência. Confira abaixo:

Tudo começou quando Jordy e Ferreira, no momento de suas respectivas intervenções, fizeram críticas à gestão de Haddad à frente da Fazenda e, posteriormente, se retiraram do plenário.

Indignado com a saída dos parlamentares, Haddad afirmou que o que eles fizeram era “molecagem”, pois, segundo ele, “apresentaram números equivocados e não ficaram para ouvir a resposta”.

“Agora aparecem dois deputados, fazem as perguntas e correm do debate. Nikolas sumiu, [perguntou] só para aparecer. Pessoas falaram, agora tenha maturidade. E corre daqui, não quer ouvir explicação, quer ficar com o argumento dele. Não quer dar chance de o diálogo fazer ele mudar de ideia”, disse Haddad.

Parlamentares que permaneceram na audiência avisaram Jordy e Nikolas, que retornaram ao recinto e dispararam ataques pessoais contra Haddad.

“Eu estava em outra comissão. O ministro nos chamou de moleque. Moleque é você, ministro, por ter aceitado um cargo dessa magnitude e só ter feito dois meses de [faculdade de] Economia. Moleque é você por ter feito o nosso país ter o maior déficit da história. Governo Lula é pior do que uma pandemia”, disparou Jordy.

Rogério Correia (PT-MG), que presidia a audiência, encerrou a reunião após os confrontos verbais e a escalada da tensão.

Pauta conjunta

Cofundadores da Think Thank neoliberal Instituto Millenium, a Globo foi a principal fiadora de Paulo Guedes para tentar colocar uma coleira em Jair Bolsonaro (PL) em 2018, quando incitou a Lava Jato a prender Lula e impedi-lo de disputar a eleição.

Guedes tinha como principal missão levar adiante a pauta neoliberal dentro do governo neofascita, já que os financistas não conseguia mais emplacar um governo “cheiroso e limpinho”, como o de Fernando Henrique Cardoso.

A parceria da Globo com Guedes e bolsonaristas também se estendem às suspeitas de evasão de divisas reveladas pelo caso Pandora Papers. Tanto a família Marinho, quando Guedes – e Roberto Campos Neto – são donos de Offshores em Paraísos fiscais.

Em 2021, os documentos revelaram que Paula Marinho, neta de Roberto Marinho (1904-2003), é listada como proprietária de duas empresas nas Ilhas Virgens Britânicas: Limozina Investing Limited e Ravello Holding Limited.

O objetivo da constituição das offshores era a compra de aeronaves nos Estados Unidos. Na sua ficha de abertura de 2011, a Limozina diz que comprará um helicóptero Grand Agusta. Não está claro se a compra foi efetuada.

Nessa empresa, Paula é sócia de Alexandre Chiappetta de Azevedo, seu ex-marido. Na época, seu nome constava como Paula Marinho de Azevedo. A empresa foi aberta em 31 de agosto de 2011.

A Ravello informou que também tem como objetivo a compra de uma aeronave. Não cita o modelo, mas menciona o valor: US$ 5 milhões.

Foi aberta em 15 de junho de 2016, após a separação, e foi identificada pelo nome de solteira da neta de Roberto Marinho: Paula Mesquita Marinho. A empresa foi registrada nas Bahamas.

A assessoria de Paula foi procurada e disse que as empresas foram declaradas às autoridades brasileiras e que já foram encerradas.

Revista Fórum

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