Anadia/AL

19 de junho de 2025

Anadia/AL, 19 de junho de 2025

PF encontra PowerPoint no celular de auxiliar de Braga Netto com plano para pressionar Congresso e STF no 7 de setembro

Governo Bolsonaro via a data como "um ponto de decisão e de inflexão"

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 19 de junho de 2025

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Crédito: Isac Nóbrega/PR

Mensagens encontradas nos celulares do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto e de seu assessor, o coronel Flávio Peregrino, expõem o que a Polícia Federal (PF) classifica como “mecanismos de pressão” planejados pelo governo Jair Bolsonaro nas vésperas do 7 de setembro de 2021. A análise faz parte de um relatório elaborado pela PF. As informações são do g1.

Os registros, interceptados durante uma operação da PF em novembro de 2024, mostram que o entorno de Bolsonaro articulava o uso simbólico e estratégico das comemorações da independência para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e sustentar uma narrativa de apoio das Forças Armadas ao presidente. “O possível cenário que tangenciava a instituição da Garantia da Lei e da Ordem […] chegou próximo à sua concretização”, afirma o relatório da PF.

Dois documentos em PowerPoint enviados por Peregrino a Braga Netto detalham o planejamento da Defesa para a data. Um deles apresenta a estratégia de comunicação: enquanto a grande mídia deveria receber a imagem de um evento “em paz e harmonia”, os “canais bolsonaristas” seriam abastecidos com a mensagem de que o presidente contava com o “apoio incondicional” das Forças Armadas para garantir a liberdade popular, vendendo a data como uma “segunda independência”.

Já o segundo arquivo é ainda mais explícito ao considerar o 7 de setembro como “um ponto de decisão e de inflexão para o governo”. Nele, são traçados três cenários possíveis para os desdobramentos após os atos: recuo estratégico sem desmobilização, reação da oposição com restrições e a adoção da GLO (Garantia da Lei e da Ordem). O uso da GLO, segundo os slides, poderia envolver convulsão social, confrontos entre policiais militares e o Exército e distúrbios nas principais capitais do país.

O relatório da PF também faz referência a uma reportagem de O Globo segundo a qual o então presidente do STF, Luiz Fux, teria cogitado solicitar a GLO caso houvesse risco à integridade do prédio da Corte. A tensão institucional se agravou naquele setembro: Bolsonaro ameaçava publicamente ministros, declarou que não mais cumpriria decisões de Alexandre de Moraes e falava em reunir o Conselho da República, etapa anterior à decretação de estado de sítio.

Na véspera do feriado, caminhoneiros bolsonaristas tomaram a Esplanada dos Ministérios. Em um momento crítico, romperam bloqueios da Polícia Militar e invadiram a Praça dos Três Poderes, gerando temores de ruptura. Dias depois, porém, Bolsonaro recuou. Com a intermediação do ex-presidente Michel Temer, publicou uma carta em tom conciliador — o que causou decepção entre seus apoiadores mais radicais.

Entre eles, Braga Netto, que desabafou com o então ajudante de ordens Mauro Cid: “Podemos virar a mesa. Ele [Bolsonaro] fez tudo para apaziguar. Se não cumprirem, ele abre o jogo e viramos com ele. Os Cmts [comandantes] estão cientes.”

Em outro trecho revelado pela PF, uma conversa de 6 de agosto de 2021 entre Braga e Cid traz ainda mais indícios do clima conspiratório. O ex-ministro envia uma imagem alusiva ao golpe militar de 1964 e escreve: “Histórica”. E complementa: “Não manda para o 01, mas pode mostrar” — em provável referência a Jair Bolsonaro.

Redação com Brasil 247

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