Por José Reinaldo Carvalho
O anúncio das novas tarifas unilaterais impostas pelo presidente estadunidense Donald Trump contra o Brasil marca um momento decisivo e dramático nas relações internacionais do País — e, mais do que isso, inaugura uma nova etapa na luta histórica do povo brasileiro por sua completa emancipação nacional. A gravidade do episódio não permite tergiversações. Trata-se de um ato de agressão direta, uma ofensiva econômica, uma guerra comercial declarada contra o Brasil, com objetivos geopolíticos claros: submeter nossa soberania, enfraquecer nossa economia e sabotar qualquer projeto nacional de desenvolvimento autônomo.
Com justa razão, manifesta-se a indignação de amplos setores patrióticos, democráticos e progressistas do país. O Brasil não aceita sanções, primeiro porque não se submete, como asseverou, com postura altaneira, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. E rechaça as razões invocadas pelo inquilino da Casa Branca, que se arvora em juiz sobre o que convém ou não ao exercício das prerrogativas constitucionais dos Poderes republicanos brasileiros. Bolsonaro e sua caterva de golpistas serão julgados e poderão ser severamente condenados quer queira ou não seu suserano norte-americano. É preciso também enfatizar que a guerra comercial desencadeada fere os princípios e normas internacionais. O pressuposto para resolver qualquer diferendo entre Estados nacionais é o diálogo, não a coerção, o supremacismo, o exclusivismo e ordens imperiais. Para dirimir conflitos é que existem o direito internacional e as instâncias cujo mister é o exercício do multilateralismo.
É fundamental compreender o contexto mais amplo em que esta medida se insere. Não é um ato isolado, mas parte de uma política sistemática de “pressão máxima” que os Estados Unidos têm adotado para conter a ascensão do Sul Global. A tarifa imposta ao Brasil — país-chave no BRICS e na organização de um mundo multipolar — é uma retaliação direta ao êxito da recente Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, que reafirmou o compromisso das nações emergentes com a construção de uma nova ordem internacional, baseada no respeito mútuo, na cooperação solidária e no multilateralismo genuíno.
A mensagem de Trump é clara: para ele, o fortalecimento do BRICS e de qualquer alternativa ao domínio absoluto dos EUA é inaceitável. Daí o gesto brutal. Daí o ataque. Daí a tentativa de sufocar economicamente quem ousa resistir a ditames e lutar por plena soberania.
Nesse cenário, os patriotas devem fazer uma denúncia urgente e demonstrar que o concubinato do bolsonarismo com o trumpismo pode causar danos irreversíveis ao Brasil. A aliança entre Trump e Bolsonaro — cuja herança ideológica e política ainda contamina partes do aparelho de Estado — está na base dessa nova agressão. Essa união entre extremistas de direita representa um pacto antinacional, que sacrifica o interesse do povo brasileiro em nome da subordinação cega aos desígnios do imperialismo. A crítica à “aliança espúria entre Donald Trump e o bolsonarismo” não deve ser apenas retórica, mas um alerta necessário sobre os riscos que corremos. Não devemos iludir como se fôssemos um gigante deitado em berço esplêndido, imunes a agressões externas.
A resposta, portanto, não pode ser tímida, muito menos protocolar. O momento exige envergadura histórica. O Brasil precisa fazer ecoar, nacional e internacionalmente, sua recusa ao ditame de Trump. É hora de unidade ampla, democrática, patriótica e popular, em torno de um projeto de reconstrução nacional, que defenda o desenvolvimento com soberania, reindustrialização com inclusão, cooperação com independência e direitos para o povo. É hora de unir todas as forças democráticas, progressistas e anti-imperialistas numa frente única ampla em defesa do país, de seu povo e de seu futuro.
Não se trata apenas de responder a uma medida econômica. Trata-se de compreender que o tarifaço é um divisor de águas. Ele revela que o Brasil não pode mais se iludir com um sistema internacional dominado pelo hegemonismo norte-americano. Mostra que, para avançar no desenvolvimento, será preciso romper amarras. Que a luta contra as sanções é, na essência, a luta pelo direito de existir como nação independente.
É neste marco que a ofensiva de Trump deve ser enfrentada. Não como um episódio isolado, mas como o estopim de uma grande virada histórica. O tarifaço deve ser o catalisador de uma nova etapa de nossa luta, a luta pela emancipação plena do Brasil — econômica, política, tecnológica e cultural.
Em nome da soberania nacional, do desenvolvimento, da justiça social e da paz entre os povos, o Brasil deve erguer-se, ao lado dos demais países do Sul Global, como protagonista ativo da nova ordem que está nascendo.
A luta nos convoca. E o povo brasileiro, como tantas vezes provou, saberá responder à altura do desafio.
Redação com Brasil 247
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