Por: Pedro Acioli
O advogado dos familiares de Rogério Almir Santos de Lima, de 32 anos, pediu o afastamento dos policiais que estariam envolvidos na morte do homem. A esposa denunciou que Rogério não resistiu após ser torturados pelos militares. Na noite desse domigo (13) o advogado Walisson dos Reis Pereira gravou um vídeo apontando supostas falhas na investigação. O caso foi registrado na última quarta-feira (09), no município de Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas.
No vídeo enviado à TV Pajuçara, Walisson revelou que existem relatos dos familiares e testemunhas do caso que estariam sendo ameaçados. Para que a investigação não sofra interferências, ele pede que os envolvidos sejam afastados.
“Autoridades e o Comando da Polícia Militar afastem esses policiais enquanto durar as investigações. Tem notícias de que estão ameaçando familiares e testemunhas para que elas não deêm sua versão dos fatos”, explica o advogado.
Além de entrar em contato corregedoria da PM, o advogado explicou que acionou o Ministério Público e também o delegado responsável pelo caso, que segundo ele, não teria colhido o depoimento de testemunhas. Ele diz também que não foi feita uma perícia dentro da residência.
“Dentro da casa tinham diversas marcas de sangue do Sr. Rogério e também as cordas que eles usaram para amarrá-lo. A perícia não foi feita no local. Nós queremos saber o motivo da perícia de exame de local de crime violento não ter sido feita. […] Nós queremos uma investigação séria e transparente”, relata o advogado.
Inquérito da Polícia Civil
De acordo com o delegado Leonardo Amorim, responsável pela Delegacia de Homicídios da cidade, diligências já estão em andamento para apurar as circunstâncias do crime. O delegado afirmou ainda que acompanha pessoalmente os desdobramentos do caso.
“Estamos atuando com responsabilidade e agilidade. Todas as linhas de investigação serão consideradas para esclarecer a autoria e a motivação”, disse Leonardo Amorim.
A Polícia Civil também informou que, nos próximos dias, será formada uma comissão de investigadores para reforçar a apuração e garantir uma condução criteriosa e transparente do inquérito, que ainda está em sua fase inicial.
O que diz a PM
Em nota oficial, a Polícia Militar de Alagoas deu uma versão completamente diferente. Segundo a PM, equipes da Companhia de Caatinga (Copes) realizavam patrulhamento na cidade, quando foram informadas por testemunhas sobre a existência de um ponto de tráfico de drogas localizado na Rua Arthur Moraes.
“A Polícia Militar de Alagoas informa que equipes da Companhia de Caatinga (Copes) realizavam patrulhamento na cidade de Santana do Ipanema, nessa quarta-feira (9), quando foram informadas por testemunhas sobre a existência de um ponto de tráfico de drogas localizado na rua Arthur Moraes.
Ao perceber a chegada dos militares, um grupo de indivíduos empreendeu fuga, sendo o acompanhamento iniciado. Ao entrar no imóvel, os militares encontraram um dos rapazes se debatendo no chão. Diante do cenário, o homem foi levado ao hospital da cidade para atendimento médico, mas não resistiu.
No local foram apreendidas 200 pedras de crack. Durante a verificação dos dados do indivíduo, foram encontradas passagens pelos crimes de homicídio qualificado, associação para o tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo.
O material apreendido foi levado ao 34º Distrito, onde foi apresentado à autoridade policial.”
Novos detalhes
Em entrevista exclusiva à TV Pajuçara Ariele, esposa da vítima, contou que os funcionários do hospital para onde o marido foi socorrido relataram que ele chegou na unidade de saúde com tanta hemorragia que não era possível entubá-lo.
“Eu cheguei no hospital e pedi à assistente social e aos médicos, pelo amor de Deus, para me dizer o que era. Mas como eu estava gestante ela não quis me dar um susto. Me chamaram para conversar dentro da sala. Elas disseram que ele já chegou com os olhos roxos. Tentaram entubá-lo mas estava com muita hemorragia, infelizmente não conseguiram e ele morreu.
Vídeo: TV Pajuçara/ Youtube
O caso
Maria Ariele gravou um vídeo nas redes sociais denunciando que o marido foi morto torturado por policiais militares. No vídeo, a esposa, aos prantos, lamenta a morte do companheiro, alegando que o homem recebeu choques e pancadas. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou que a causa da morte foi por espancamento. “Meu marido morreu de pancada, morreu sem ter sido pego com nada, não estava armado, não estava com drogas. Eu quero saber que justiça é essa”, declarou.
Ariele falou ainda que o marido estava doente e ficou em casa jogando videogame. Uma vizinha do casal relatou que foi possível ouvir os gritos de socorro de Rogério na rua inteira. De acordo com ela, o homem foi amarrado molhado ao pé da cama e os agressores teriam rasgado o fio da televisão e usaram para dar choques na vítima e depois sufocá-la.
Redação com TNH1
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