🇧🇷 Por Plínio Teodoro
A investigação determinada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) a pedido do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou nesta quinta-feira (17) à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), autarquia que foi turbinada com o Orçamento Secreto durante o governo Jair Bolsonaro (PL) e é comandada historicamente pelo Centrão.
Na 5ª fase da Operação Overclean, deflagrada nesta quinta, agente da Polícia Federal (PF), em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita Federal do Brasil (RFB), chegou a prender o pai do ex-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, ao encontrar uma arma de fogo durante busca e apreensão em Salvador. A informação é do Portal Metrópoles.
Moreira é um dos alvos da investigação, juntamente com o deputado federal baiano Elmar Nascimento (União-BA). Embora não tenha sido alvo da operação nesta quinta-feira, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão em endereços de três parentes do parlamentar.
Entre os investigados está o prefeito de Campo Formoso, Elmo Aluízio Vieira do Nascimento, irmão de Elmar Nascimento, suspeito de autorizar pagamentos milionários a empresas ligadas a fraudes licitatórias.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 85,7 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas, além do afastamento cautelar de um servidor público. Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em Salvador (BA), Campo Formoso (BA), Senhor do Bonfim (BA), Petrolina (PE), Mata de São João (BA) e Brasília (DF).
Segundo a PF, os crimes apurados incluem integrar organização criminosa, embaraço a investigação, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos administrativos e lavagem de dinheiro.
Coração do Orçamento Secreto
Indicado por Elmar Nascimento, em acordo com o então ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI) e o então presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), Marcelo Moreira foi nomeado presidente da Codevasf em 28 de agosto de 2019 e comandou até 17 de junho deste ano a companhia, considerada um espólio eleitoral do Centrão.
Moreira deixou o cargo em meio a investigações da PF e denúncias de assédio e aguarda o fim da quarentena para assumir um cargo na Odebrecht, que já teria feito o convite ao executivo.
À frente da Codevasf, Moreira ampliou o feudo do Centrão na estatal e distribuiu cargos a figuras proeminentes do campo político.
Levantamento feito pelo jornalista Rubens Valente em setembro de 2021 mostra que Moreira emplacou ao menos seis parentes de políticos do Centrão na companhia.
Logo que assumiu a presidência da autarquia, Moreira nomeou Juliana e Silva Nogueira Lima, irmã de Ciro Nogueira, para cargo comissionado com salário de R$ 17,8 mil.
Atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu um cargo para a esposa, Luana Medeiros Motta, com o mesmo salário.
Moreira ainda empregou Andréa Velloso Maron Maia e André Menezes Maron, esposa e sogro do deputado federal Arthur Maia (DEM-BA); Amanda Cristina Diniz Rocha, filha do senador Roberto Rocha (PSDB-MA); e Leonardo Fortes Férrer de Almeida, filho do senador Elmano Férrer (PP-PI).
Com a nova ação sobre a Codevasf, dessa vez tendo como alvo Marcelo Moreira, a PF chega ao coração do chamado Orçamento Secreto, esquema que foi criado durante o governo Jair Bolsonaro (PL), articulado entre Ciro Nogueira, na Casa Civil, e Arthur Lira, na Câmara.
Informações obtidas pela Fórum junto a fontes da PF é que a investigação deve avançar agora para líderes partidários e figuras proeminentes do Centrão e da bancada bolsonarista.
🇧🇷 Revista Fórum
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