O presidente Lula chamou o clã Bolsonaro de ”excrescência política”. Em duro discurso neste domingo (3), ele classificou as lideranças bolsonaristas — em especial o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro — como traidores da pátria e inimigos dos interesses nacionais.
O presidente também atacou a submissão de aliados de Bolsonaro ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsável pelas recentes tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Ele fez essas declarações durante o encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, em Brasília. Em uma fala de cerca de uma hora, Lula abordou temas como a disputa pela reeleição em 2026, a relação com o Congresso Nacional e a crise gerada pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Recado a Donald Trump
Lula fez questão de se posicionar contra as tarifas impostas pelo governo Trump, classificando a decisão como “inaceitável”. O petista cobrou respeito e reafirmou que o Brasil não aceitará ser tratado como uma nação secundária.
“Os Estados Unidos são grandes, têm a maior economia do mundo. Mas nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Não somos uma republiqueta. Tentar usar política para nos taxar economicamente é inaceitável.”
Ele citou ainda uma frase marcante de Chico Buarque para ilustrar sua visão sobre soberania:
“Eu gosto do PT porque não fala fino com os Estados Unidos e não fala grosso com a Bolívia. Queremos igualdade de condições.”
Limites e abertura para o diálogo
Lula destacou a importância histórica das relações entre Brasil e Estados Unidos, mas defendeu que elas precisam ser pautadas pelo respeito.
“O Brasil já não é tão dependente dos EUA, temos boas relações com os outros países. Eu não vou esquecer das relações com os EUA, que têm mais de 200 anos, mas também não esqueço que eles deram um golpe aqui [em 1964]. Não vou abrir mão de discutir que precisamos de moeda alternativa para negociar com os outros países. Não queremos brigar, mas não temos medo”, disse Lula, citando que mantém conversas em tom respeitoso com todas as nações do mundo, sejam ricas ou pobres.
“Eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que acho que tenho que falar. Temos que falar apenas o que é necessário”, disse, reforçando que está aberto ao diálogo, mas sem submissão.
O presidente também afirmou que já existem propostas apresentadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira para negociar com Washington. “As propostas estão na mesa”, afirmou, lembrando que Donald Trump acenou recentemente com a possibilidade de conversas diretas.
Alternativa ao dólar
Lula voltou a defender a criação de uma moeda alternativa ao dólar para o comércio internacional, como forma de dar mais autonomia ao Brasil e fortalecer a soberania nacional.
“Eu não preciso ficar subordinado ao dólar. Eu não estou falando isso agora, não. Essa é uma ideia antiga”, afirmou.
Segundo ele, a proposta busca diversificar as relações comerciais e reafirmar a independência do país nas negociações globais.
Quarto mandato e extrema direita
Ao longo da fala Lula também sinalizou que pode disputar um quarto mandato em 2026: “Se eu for candidato, não vou disputar para competir, vou disputar para ganhar.”
Ele reforçou que não permitirá o retorno da extrema direita ao poder. “Não vamos deixar que esse país volte a ser governado pelos mesmos que o afundaram”, afirmou, destacando que só entrará na disputa se estiver em plena saúde:
“Para ser candidato, preciso estar 100% bem. Jamais enganaria meu partido ou o povo brasileiro”, disse, em referência ao caso de Joe Biden, que desistiu de sua candidatura nos EUA em meio a dúvidas sobre sua condição física.
Resgate dos símbolos nacionais
Lula também anunciou a intenção de retomar símbolos patrióticos que, nos últimos anos, foram associados à extrema direita.
“Nós vamos resgatar a bandeira nacional para o povo brasileiro. Vamos resgatar a camiseta da seleção brasileira. Não é possível que nazistas e fascistas fiquem desfilando com a bandeira do Brasil enquanto traem o país, defendendo tarifas e sanções contra o nosso povo.”
Durante o evento, o PT deu ênfase visual a essa mensagem. Bonés, faixas e adereços em verde, amarelo, azul, branco e vermelho com frases como “Brasil soberano” e “Brasil dos brasileiros” dominaram o ambiente, reforçando a ideia de que a identidade nacional pertence ao povo.
Essa estratégia visual não apenas dialogou com a fala de Lula, mas também buscou reafirmar a soberania brasileira frente às pressões externas e às tentativas de seus adversários de monopolizar símbolos nacionais.
Redação C/ Revista Fórum
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