PUBLICIDADE
A pressão sobre as entidades que comandam o futebol mundial cresce diante da guerra em Gaza. A Turquia tornou-se o primeiro país membro da UEFA a defender publicamente a suspensão de Israel de todas as competições, exigindo que a FIFA e a confederação europeia adotem medidas firmes contra a seleção israelense. A informação foi publicada pela rede Al Jazeera.
Na última sexta-feira (27), o presidente da Federação Turca de Futebol, Ibrahim Haciosmanoglu, enviou uma carta a dirigentes internacionais cobrando ação imediata. “Está na hora de FIFA e UEFA agirem”, afirmou. Segundo ele, as organizações esportivas, que dizem defender valores de paz e cidadania, “permaneceram em silêncio por tempo demais diante da situação desumana e inaceitável promovida pelo Estado de Israel em Gaza e áreas próximas”.
Atletas se mobilizam contra Israel
A pressão não parte apenas de governos. Um grupo de 48 atletas de renome internacional lançou o movimento Athletes 4 Peace, pedindo a suspensão de Israel de todas as competições de futebol. Entre os signatários estão o francês Paul Pogba, campeão mundial de 2018, e o jogador de críquete inglês Moeen Ali.
Em declaração conjunta, os atletas afirmaram:
“Como profissionais de origens, crenças e tradições diversas, acreditamos que o esporte deve defender os princípios de justiça, equidade e humanidade. Chamamos a UEFA a suspender Israel de todas as competições até que cumpra o direito internacional e cesse o assassinato de civis e a fome em larga escala”.
O manifesto também lembrou a morte de Suleiman al-Obeid, conhecido como “Pelé palestino”, que teria sido morto em Gaza no mês passado durante ataque israelense contra civis que aguardavam ajuda humanitária, segundo a Associação Palestina de Futebol.
Duplo padrão em comparação à Rússia
A crescente mobilização também destaca a diferença de tratamento entre Israel e a Rússia. Em 2022, após a invasão da Ucrânia, tanto a FIFA quanto a UEFA suspenderam a seleção russa de todas as competições internacionais. Já Israel, acusado de crimes de guerra contra palestinos, continua disputando as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, que será organizada por México, Estados Unidos e Canadá.
Um eventual banimento dependerá do comitê executivo da UEFA, composto por 20 membros. Caso a votação seja convocada, a expectativa é de maioria favorável à suspensão.
Pressão política e geopolítica
Israel é membro da UEFA desde 1994, após ter sido expulso da Confederação Asiática em decisão liderada pelo Kuwait e apoiada por países árabes. Desde então, conseguiu apenas uma classificação para uma Copa do Mundo, em 1970, sem vitórias na fase de grupos.
A possível suspensão, no entanto, encontra resistência no campo político. O Departamento de Estado dos EUA já afirmou que “vai trabalhar para impedir qualquer esforço de banir Israel da Copa de 2026”. Embora a UEFA possa barrar a participação israelense em torneios europeus, a decisão sobre as eliminatórias globais cabe à FIFA.
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, mantém relações estreitas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que é visto como um obstáculo à adoção de medidas punitivas. Infantino presidirá na próxima quinta-feira uma reunião do conselho da entidade em Zurique, na Suíça, onde o tema poderá ser debatido.
Redação com Brasil 247
PUBLICIDADE