A equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou tratativas preliminares para viabilizar um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O governo brasileiro vê na aproximação uma oportunidade para rebater a “narrativa bolsonarista” que ainda circula em Washington, segundo a qual Lula teria um viés antiamericano. De acordo com o Valor Econômico, auxiliares de Lula avaliam que o gesto de Trump na semana passada abre espaço para a reconstrução da relação bilateral, mas a ordem do Planalto é agir com prudência. O Itamaraty deve conduzir as primeiras conversas diplomáticas em etapas, deixando um possível encontro presencial como última fase.
Cautela marca preparação do encontro
Nos bastidores, diplomatas brasileiros reconhecem que Trump é visto como uma figura política imprevisível. A estratégia, portanto, é escalar embaixadores experientes para uma sequência de contatos de alto nível, garantindo segurança ao diálogo. Só depois desse processo amadurecido Lula estaria disposto a se reunir com o republicano.
Entre os cenários discutidos, está a hipótese de reunião em território neutro, como a Malásia, que sediará em outubro a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Antes, porém, assessores defendem que os dois líderes conversem por telefone, como forma de medir convergências e evitar embates desnecessários.
Possibilidade de reunião em terreno neutro
O Planalto avalia que não se pode “baixar a guarda” após os episódios em que Trump mudou radicalmente de posição. “O pêndulo dessa narrativa vai continuar sendo puxado de volta [pelos bolsonaristas]. Cabe a nós mostrarmos que não temos uma postura antiamericana”, afirmou um negociador brasileiro ouvido pela reportagem. Nesse contexto, a diplomacia quer garantir que Lula não seja exposto a gestos hostis. A eventual reunião só ocorrerá se houver segurança política e diplomática para preservar a imagem do Brasil.
Prioridades do Brasil na mesa de negociações
Um dos principais temas da agenda será a regulação das big techs. O governo brasileiro pretende destacar que a discussão sobre segurança digital e combate a crimes virtuais ocorre há anos no Congresso, sem qualquer intenção de prejudicar empresas norte-americanas. Além disso, Lula deve reforçar que o Brasil está aberto à instalação de data centers internacionais e busca parcerias em minerais críticos e terras raras, desde que fortaleçam o desenvolvimento nacional.
Temas sensíveis que podem gerar atritos
Apesar da expectativa de aproximação, alguns pontos são considerados delicados. Entre eles, a alíquota de 18% imposta pelo Brasil ao etanol americano — resposta às tarifas dos EUA sobre o açúcar brasileiro.
Outros tópicos que podem tensionar a conversa são as disputas na Organização Mundial do Comércio (OMC), imigração, mudanças climáticas e a participação do Brasil nos Brics. O PIX, sistema de pagamentos instantâneos, também foi alvo de questionamentos em Washington, mas o Itamaraty já reiterou que não há restrições a plataformas estrangeiras.
Redação com Brasil 247
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