Por Henrique Rodrigues
Em meio ao caos e ao pandemônio político estabelecido, a direita bolsonarista assistiu esta semana a um embate interno que mais parecia um round de boxe virtual. Paulo Figueiredo, o golpista foragido que vive nos EUA, conhecido por seus rompantes de macheza exagerados, e Jeffrey Chiquini, advogado famosinho na bolha da extrema direita, que representa o ex-assessor e igualmente golpista Filipe Martins, se enfrentaram em uma live que começou como tentativa de diálogo e terminou em troca de farpas pesadas.
O estopim foi uma discordância sobre a interpretação de uma suposta fraude em registros migratórios norte-americanos: Chiquini acusa Figueiredo de minimizar o caso ao sugerir, mesmo que hipoteticamente, tudo seja um “erro de inserção”. Do outro lado, Figueiredo rebate chamando o advogado de “oportunista”, algo que até então vinha sendo disputado por postagens nas redes.
Só que nesta sexta (17), o debate foi ao vivo e no ar, mediado por aliados, e tudo escalou rapidamente – com acusações de “vagabundo”, apelos agressivos como “seja homem” e um “dedo na cara virtual” pela tela, além de pausas carregadas de tensão e olhares que diziam mais que palavras.
A transmissão viralizou, com dezenas de milhares de visualizações, memes nas redes e o campo progressista assistindo de camarote, enquanto os dois, que deveriam ser aliados, expunham seus podres.
Entenda a briga e a questão envolvendo Filipe Martins
O pano de fundo é o caso de Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro e réu no STF por participação na trama golpista engendrada após as eleições de 2022. A acusação central recai sobre um suposto registro migratório falso que indicaria sua entrada nos EUA em 30 de dezembro de 2022, supostamente para reuniões com aliados de Trump. Chiquini, à frente da defesa ao lado de outros advogados, sustenta há mais de um ano que se trata de “fraude deliberada”: o documento só surgiu em 2024, durante a prisão de Martins.
Contatos diretos com autoridades dos EUA confirmaram a “anomalia”, que teriam desencadeando investigação interna com o FBI e o DOJ, o que a defesa atribui a possível manipulação por parte da PF brasileira. Ou seja, um delírio. Figueiredo, que pressionou contatos na administração Trump para expor o caso, gerou polêmica ao admitir em live anterior a hipótese remota de “erro burocrático”, o que Chiquini classificou como “impossível ou de má-fé”, acusando-o de diluir o escândalo e proteger o STF.
A live conjunta visava esclarecer, mas virou palco de acusações mútuas: Figueiredo aponta ambições políticas de Chiquini (filiado ao PL); este retruca que narrativas sensacionalistas atrapalham a defesa técnica. Sem acordo à vista, o episódio destaca divisões internas, enquanto o caso de Martins segue normalmente no Supremo.
Fonte: Revista Fórum