O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), buscou apaziguar a crise política aberta com o governo federal após declarações em que afirmou que as forças de segurança do estado estavam atuando “sozinhas” em operações contra o crime organizado. Segundo reportagem publicada pelo G1, Castro telefonou para a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para dizer que suas falas não tiveram o objetivo de criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a apuração do portal, Castro explicou à ministra que havia solicitado o empréstimo de blindados ao governo federal, mas não obteve autorização por falta de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O governador teria sido informado de que, sem a solicitação formal de GLO, o uso do equipamento não seria possível.
Declarações e reação do governo federal
Antes da conversa com Gleisi, Castro havia declarado que o governo federal negou apoio às operações realizadas nesta terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio. “Tivemos pedidos negados três vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, afirmou o governador em entrevista.
Em resposta, o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou nota afirmando que atendeu a todos os 11 pedidos de renovação feitos pelo governo fluminense, o que demonstraria “total apoio” às forças de segurança estaduais e federais que atuam na capital. O comunicado destacou que a Força Nacional está presente no Rio desde outubro de 2023, com atuação garantida até dezembro de 2025, e que a medida pode ser renovada conforme a necessidade.
Tentativa de transferência de responsabilidade
Nos bastidores de Brasília, assessores diretos do presidente Lula avaliam que as declarações de Cláudio Castro representaram uma tentativa de transferir responsabilidade da crise de segurança no estado para o governo federal. Segundo fontes do Planalto, o governador não comunicou previamente a realização da megaoperação — que mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares —, embora a ação envolvesse grande risco tanto para os agentes quanto para os moradores.
Um dos auxiliares de Lula ressaltou que o empréstimo de blindados só pode ocorrer com uma GLO em vigor, o que não foi solicitado oficialmente por Castro. “O desencadeamento de uma operação para GLO implica o reconhecimento formal da falência dos órgãos de segurança locais por parte do chefe do Executivo estadual”, disse um assessor presidencial. Ele acrescentou que nenhum pedido de uso de blindados das Forças Armadas chegou ao Exército.
A megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, realizada na terça-feira (28), foi uma das maiores já deflagradas no Rio de Janeiro neste ano, marcando mais um capítulo da tensa relação entre o Palácio Guanabara e o Planalto em torno da política de segurança pública.
Redação com Brasil 247

















