
“Quero fazer um chamamento, um pedido à vossa excelência, para chamar o feito à ordem”, declarou Gaspar, visivelmente incomodado. “Ontem, nós tivemos Jucimar Fonseca, que esteve ausente, apesar de convocado. Pediria que incluísse o depoimento dele na pauta de hoje e mandasse a polícia legislativa buscá-lo. Aqui não é casa de mãe Joana para ele decidir o dia que vem ou deixa de vir.”
A cobrança ocorre menos de 24 horas depois da sessão frustrada da CPMI de segunda-feira, que acabou cancelada porque dois convocados não compareceram. O empresário Thiago Schettini apresentou um habeas corpus que lhe permitiu faltar, enquanto Jucimar levou um atestado médico afirmando estar impossibilitado de falar. A justificativa, porém, não convenceu: a junta médica do Senado avaliou o documento e concluiu que ele tem condições de prestar depoimento.
A insistência na oitiva de Jucimar não é à toa. Ele é considerado uma das figuras centrais para destrinchar o esquema de descontos irregulares aplicados a aposentados e pensionistas. Já acumula 11 requerimentos de convocação e é apontado por parlamentares como peça-chave no funcionamento das autorizações e cadastros usados pelas entidades investigadas.
A CPMI, instalada há quase três meses, tem enfrentado uma sucessão de obstáculos para ouvir testemunhas. Mais da metade dos convocados recorreu a decisões do Supremo Tribunal Federal para garantir prerrogativas, desde o direito ao silêncio até a possibilidade de sequer comparecer. Dos 27 depoimentos marcados até agora, 14 foram acompanhados de habeas corpus.
ABN C/ Correio Braziliense

📚 Lançamento do número 03 da Revista da Academia Anadiense de Letras e Artes.
















