A Câmara de Vereadores de Maceió aprovou recentemente um projeto de lei, de autoria do vereador Delegado Thiago Prado (PP), que impõe punições a torcedores envolvidos em brigas de torcidas organizadas. Agora, o texto segue para sanção do prefeito JHC, abrindo caminho para uma lei municipal que visa coibir a escalada de violência ligada ao futebol na capital alagoana.

De acordo com a proposta, os torcedores flagrados em confrontos poderão receber penalidades que variam de multa (de R$ 1.000 a R$ 10.000) até proibição de frequentar estádios ou arenas por até cinco anos.

Outro ponto forte é a criação de um cadastro municipal de torcedores que praticarem atos violentos. A Secretaria Municipal de Segurança Cidadã (Semsc) será responsável não apenas pela fiscalização, mas também por notificar infratores, aplicar sanções e compartilhar os dados com outros órgãos competentes.

Além disso, o texto prevê que os valores arrecadados com as multas sejam direcionados a programas municipais voltados para a segurança pública, fechando um ciclo de responsabilização e reinvestimento social.

O projeto ainda estipula sanções mais duras para quem reincidir: pode haver exclusão de programas esportivos, sociais ou mesmo de incentivos municipais por até cinco anos. Também existe previsão de proibição de nomeação em cargos públicos no município por até oito anos para torcedores punidos.

Violência entre torcidas: casos recentes preocupam

A proposta não surge por acaso. Em outubro de 2025, uma confusão generalizada entre organizadas do CRB foi registrada após partida no Estádio Rei Pelé. A Polícia Militar interveio para conter agressões tanto nas arquibancadas quanto em ruas próximas.

Em paralelo, a Polícia Civil abriu inquérito para investigar os episódios que aconteceram dentro do estádio e no bairro Jacintinho, indicando que a violência não ficou restrita ao recinto esportivo.

Em janeiro de 2024, após clássico entre CSA e CRB, torcedores se enfrentaram nas ruas da cidade — imagens divulgadas nas redes sociais mostram uso de pedras e trocas de socos.

Em outro episódio, registrado em fevereiro de 2023, torcedores brigaram dentro de um ônibus de transporte público após partida da Copa do Nordeste, deixando passageiros feridos e danificando o veículo.

Em outubro deste ano, Milton Pereira da Silva Neto e Jonas Paulo Santana Cané foram condenados a 28 anos de prisão pela morte d​o torcedor do CSA Pedro Lúcio dos Santos, conhecido como “Peu”. O crime ocorreu em maio de 2023, no bairro Trapiche, após uma partida realizada no Estádio Rei Pelé.

Esses episódios reforçam, na visão do autor da proposta, a necessidade urgente de uma resposta institucional mais forte para evitar que a rivalidade futebolística se traduza em violência urbana.

Repercussão e próximos passos

De acordo com Prado, a aprovação da proposta pelo Legislativo é uma resposta estruturada para um problema que afeta não só o ambiente dos estádios, mas a segurança coletiva na cidade. “Esses confrontos comprometem a imagem de Maceió como sede de grandes eventos esportivos”, afirma Thiago Prado.

Se sancionada, a lei pode representar um marco na forma como a capital alagoana lida com a violência esportiva, ao combinar penalidade, registro formal e reinvestimento de recursos.

Por ora, resta acompanhar se o prefeito JHC decidirá sancionar o projeto na íntegra, e como a Secretaria de Segurança irá operacionalizar o sistema de fiscalização e cadastro previsto na proposta.

ABN C/Cada Minuto

📚 Lançamento do número 03 da Revista da Academia Anadiense de Letras e Artes.