Por Chico Alves
Veio do senador Renan Calheiros (MDB-AL) o protesto mais indignado contra o acordo firmado pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) e a oposição que possibilitou a aprovação do PL da Dosimetria, nesta quarta-feira (17). “Nunca vi uma indignidade dessa. Nunca vi, às vésperas do Natal, um líder do governo querer dar de presente um peru para os golpistas”, disse.
No mundo político, no entanto, pouca gente acredita que Wagner tenha agido sozinho, sem combinar com o governo. Em entrevista coletiva concedida hoje, o presidente Lula negou que que tenha havido acordo para aprovar o PL da Dosimetria em troca de outras votações de interesse do Executivo. Renan acredita nessa versão.
“Acho que ele [Jaques Wagner] tomou a decisão sozinho. Essa gente não tem limite. Acha que pode negociar inclusive com a democracia”, declarou o senador alagoano ao ICL Notícias. “O governo não sabia porque o Lula havia nos comunicado que vetaria”.
“Fiquei um pouco indignado com a falta de respeito. Havíamos combinado que o Otto daria vista máxima e a matéria ficaria para fevereiro. E ele fez acordo para votar ontem com emenda de redação que era de mérito”, explica Renan. “Não acredito, sinceramente, que alguém do governo tenha participado. Ele que falou com o Otto, comigo, com os líderes, e seria o relator dos cortes, que acabou sendo substituído na relatoria pelo Randolfe. Paciência”.
Perguntado sobre se não seria o caso de alguma punição ou reprimenda a Jaques Wagner por ter atuado sem consentimento do presidente, Renan diz que as manifestações da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, podem ser interpretadas como reprimenda do governo ao líder.
Gleisi disse nas redes sociais que a “condução desse tema pela liderança do governo na CCJ foi um erro lamentável”.
Na entrevista desta quinta-feira (18), o presidente antecipou que vai rejeitar o projeto de redução de penas quando chegar para sanção. “Assim que chegar em minha mesa, vou vetar”, disse.
Sobre a existência de um acordo para votar a dosimetria em troca de outros projetos de interesse do governo, o presidente negou.
“Não sabia (do acordo), se o presidente não foi informado, não houver acordo”, afirmou.
Com ICL Notícias
