Em Maceió, o Projeto Acolher abriga atualmente 400 animais — 300 cães e 100 gatos —, mesmo tendo estrutura para até mil. A presidente do abrigo, Naíne Teles, relata que vive o momento mais difícil desde a criação do projeto.
“Eu não dou conta mais. A gente não recebe nenhum tipo de ajuda governamental, tudo o que chega aqui é por doação”, conta. O impacto emocional foi tão grande que ela passou quatro meses internada. “Tive depressão, ansiedade, tudo derivado do Projeto Acolher. Amo meus animais. Vou morrer fazendo isso. Eles também sentem frio, sede, dor, fome, medo. A gente precisa de ajuda”, disse, em entrevista à TV Gazeta.
A situação é ainda mais crítica no abrigo de Antônio Anastácio, em Marechal Deodoro. Ele cuida de cerca de 2.500 animais e convive diariamente com atrasos no pagamento de funcionários, contas de energia pagas por seguidores, e fornecedores que só continuam vendendo ração e medicamentos por confiança pessoal.
“Tem dia que não tem ração. Temos funcionários indo embora porque não conseguimos pagar. Se eu conseguir manter os cães com qualidade de vida, vou levar esse abrigo até o dia que eu morrer, caso contrário, não tenho como manter os animais em um ambiente insalubre”, afirma.
Para o professor Pierre Barnabé, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), iniciativas como essas precisam de mais apoio e visibilidade. Ele destaca que o problema vai além do resgate e passa pela educação da população.
Ele cita um projeto piloto realizado pela Ufal com a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, que durante um ano atendeu mais de 300 denúncias, realizou cerca de 200 castrações e promoveu ações educativas.
“Esses autores de maus-tratos, a maioria deles, 90%, realizavam isso por ignorância, falta de informação e não maleficência. Temos muito o que avançar nas políticas públicas”, finaliza.
Redação com Gazeta web
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