Anadia/AL

22 de julho de 2024

Anadia/AL, 22 de julho de 2024

Agressão, cárcere privado e fuga: idosa faz denúncia contra filho e nora em Maceió

Idosa denunciou que foi mantida por cárcere privado por mais de um ano

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 4 de junho de 2024

ASSS

Reprodução/TV Pajuçara

Uma idosa de 67 anos denunciou o próprio filho e a nora por cárcere privado após passar um ano, cinco meses e três dias em condições precárias e sendo vítima de violência psicológica e física na capital Maceió. A mulher, que vai ter a identidade preservada, assim como o novo endereço, por questões de segurança, conversou com a TV Pajuçara na segunda-feira (3) e deu detalhes do período de sofrimento, trancada em casa, e sem acesso aos medicamentos e ao dinheiro da aposentadoria.

A idosa registrou um Boletim de Ocorrência depois de conseguir fugir da residência e o caso já está sendo investigado pela Polícia Civil de Alagoas. A mulher se manteve lúcida a todo momento da entrevista ao repórter Alan Garcia e contou episódios vividos na casa com o filho e a companheira dele. Banheiro e comida eram limitados. E até agressão física, de acordo com ela, foi praticada pela nora.

“Eu ficava trancafiada num quarto, fazia as minhas necessidades em um balde no quarto. Para eu tomar banho, batia na porta e gritava, gritava com vontade. Aí ele vinha e abria a porta, e aí eu ia para o banheiro. Ele ficava em pé na porta do quarto me esperando. Quando eu tomava banho, me enrolava em uma toalha, vinha para o quarto. Ele puxava a porta do quarto, “bei”, que o forro balançava. Aí trancava a porta do quarto, eu trocava de roupa e ficava ali”, disse a mulher.

“Os primeiros dias foram ótimos. Eu comia na mesa. “Venha para a mesa comer” [disse o filho], e aí depois carregaram meus medicamentos, porque eu todo mês ia para o posto [de saúde], me consultava com a médica, e ela passava os exames e eu fazia os exames. Quando eu não fazia pelo SUS, quando eu recebia o meu dinheiro, eu fazia no particular, pagava, e pegava meus medicamentos, tomava. Aí chegaram, pegaram meus medicamentos e jogaram tudo fora”, recordou.

A idosa explicou que teve a oportunidade de fugir em abril deste ano, quando a nora precisou sair e pediu para ela varrer a casa. “Aí varri a casa, tirei os lixos do banheiro, tirei os lixos da cozinha, botei para fora, lavei os pratos, limpei a pia. “É porque eu vou sair, não sei a hora que vou chegar” [disse a nora]. Aí eu: ‘Meu Deus, obrigada, meu Deus! Nosso Senhor Jesus Cristo. Eu sou ‘aleijada’, e o senhor está vendo e me dê tempo pra eu subir essa escadaria precária’. E subi, clamando a Deus, pedindo a Deus, pedindo que me ajudasse a aliviar a dor, e com as pernas doendo, consegui subir”.

A mulher ainda caminhou por um longo percurso até chegar a um ponto de ônibus, onde pegou o transporte para se afastar ainda mais da residência onde era vítima de cárcere privado. “Cheguei na pista, peguei a direita, e passei quatro pontos de ônibus. Porque se ele chegasse antes, ele de moto, poderia pegar a rua e me seguir. Quando cheguei no quinto ponto, tinha uma mulher. Perguntei: ‘Moça, aqui passa ônibus?’. Ela disse: ‘Passa’. Eu disse: ‘A senhora pode pagar uma passagem pra mim? Porque eu não tenho’. Não entrei em detalhes. Aí a mulher disse: ‘Não, a senhora não precisa pagar passagem’. Aí fiz: ‘A senhora me ajuda a subir no ônibus?’. ‘Ajudo sim’ [disse a mulher].

A idosa, por questões de segurança, optou por não revelar para onde foi depois de pegar o ônibus.

Tentativa de internação em hospitais e agressões da nora

Também à reportagem, a idosa informou que o filho e a nora tentaram interná-la em dois hospitais de Maceió, alegando que ela teria Alzheimer – transtorno neurodegenerativo caracterizado por perda de memória e deterioração cognitiva. O primeiro hospital era destinado a pacientes dependentes químicos e o segundo para pessoas com quadro de psiquiatria. Foi neste último, que o caso chamou a atenção de uma médica. A profissional de Medicina entrou em contato com a polícia por ter percebido que o casal agia de má fé.

A vítima também destacou que, no período que ficou na casa do casal, foi agredida fisicamente pela nora e teve fratura no braço. “Ela me empurrou, me chutou, me bateu com uma sandália. E eu com isso aqui quebrado, balançando desse jeito”, diz a idosa se referindo ao braço.

Venda de casa virou caso de Justiça

Sem conseguir “se livrar da mãe”, o filho continuou com as agressões, mas desta vez psicológica. A única casa que a idosa tinha foi vendida pelo homem por um valor de R$ 50 mil. O negócio, porém, pode ser anulado com ação na Justiça.

“Ela contou que foi obrigada, coagida, a assinar o documento de venda da casa. Inicialmente ela achava que não estava assinando o documento, quando viu que era, se negou, e depois acabou assinando um documento em branco. O Núcleo do Idoso já está providenciando essa anulação pois houve uma fraude. Ela foi vítima, além de uma violência financeira, há o crime que também vai ser apurado”, disse Luciana Martins, defensora pública.

A Delegacia de Crimes contra Vulneráveis abriu inquérito e intimou o filho para prestar depoimento. “Quero tudo na minha mão. Tudo de volta. De um prego que eu tinha dentro da minha casa aos matinhos que tinham no quintal. Eu quero tudo na minha mão”, disse a vítima.

Confira a reportagem da TV Pajuçara:

*Com informações da TV Pajuçara

Fonte: TNH1

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