As conversas com Ancelotti ganharam força nos últimos dias, impulsionadas pela instabilidade do treinador no Real Madrid. A eliminação nas quartas de final da Liga dos Campeões para o Arsenal, com uma derrota por 5 a 1 no agregado, aumentou a pressão sobre o italiano. Apesar de seu contrato com o clube espanhol ser válido até junho de 2026, a CBF enxerga uma janela de oportunidade para trazê-lo ao Brasil. Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade, aposta na experiência de Ancelotti para reestruturar a equipe, que ocupa a quarta colocação nas Eliminatórias Sul-Americanas, com 21 pontos. A necessidade de um líder capaz de unir talentos como Neymar, Vinícius Júnior e Endrick é uma prioridade para a federação.
Jorge Jesus, por outro lado, representa uma opção com forte apelo no Brasil. Sua passagem pelo Flamengo entre 2019 e 2020, marcada por títulos como a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro, o credencia como um nome familiar aos torcedores. O português, que comanda o Al Hilal, tem contrato até maio de 2025, mas a CBF considera sua adaptação ao futebol brasileiro um diferencial. A decisão entre Ancelotti e Jesus reflete o dilema da entidade: apostar em um técnico com visão global ou em alguém com experiência local.
- Principais desafios do próximo técnico:
- Definir um modelo de jogo que maximize o potencial do elenco.
- Integrar jovens promessas, como Endrick e Estevão, aos veteranos.
- Reconquistar a confiança da torcida após resultados inconsistentes.
Contexto da busca por um novo treinador
A seleção brasileira vive um momento de transição desde a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2022, contra a Croácia. A passagem de Dorival Júnior, que assumiu o cargo em janeiro de 2024, foi marcada por altos e baixos. Apesar de vitórias contra Bolívia e Peru, o treinador enfrentou críticas após derrotas consecutivas para Uruguai, Colômbia e Argentina, esta última por 4 a 1 no Monumental de Núñez. A goleada contra os argentinos, em março, foi o estopim para sua demissão, anunciada por Ednaldo Rodrigues. A CBF, agora, busca um nome que traga estabilidade e devolva o Brasil ao topo do futebol mundial.

Ancelotti não é um nome novo nos planos da CBF. Desde 2023, o italiano é apontado como o “técnico dos sonhos” de Rodrigues. Naquele ano, a entidade tentou sua contratação, mas as negociações esbarraram na renovação de seu contrato com o Real Madrid. Agora, com a temporada europeia em sua reta final, a CBF vê uma nova oportunidade. Rodrigo Caetano, coordenador das seleções masculinas, lidera as tratativas, mantendo discrição para evitar especulações. A federação negou rumores de que um emissário teria viajado a Madri, mas fontes indicam que contatos diretos com representantes de Ancelotti já ocorreram.
A pressão por uma escolha acertada é enorme. A Copa de 2026, que será disputada nos Estados Unidos, México e Canadá, representa uma chance de o Brasil reconquistar o título mundial, ausente desde 2002. Com 48 seleções na competição, a disputa será ainda mais acirrada, exigindo um treinador capaz de lidar com a pressão e explorar o talento do elenco. A CBF planeja anunciar o novo técnico antes da próxima Data Fifa, em junho, quando o Brasil enfrentará Equador e Paraguai pelas Eliminatórias.
Perfil de Carlo Ancelotti
Carlo Ancelotti, de 65 anos, é um dos treinadores mais vitoriosos da história do futebol. Com passagens por clubes como Milan, Chelsea, Bayern de Munique, Paris Saint-Germain e Real Madrid, o italiano acumula títulos em cinco das principais ligas europeias. No Real Madrid, onde está em sua segunda passagem desde 2021, conquistou duas Ligas dos Campeões (2014 e 2022), dois Campeonatos Espanhóis (2012 e 2022), uma Copa del Rey (2014) e dois Mundiais de Clubes (2014 e 2022). Sua abordagem tática, que varia entre o 4-3-3 e o 4-2-3-1, é marcada por pragmatismo e adaptação ao elenco disponível.
A relação de Ancelotti com jogadores brasileiros é um ponto a seu favor. No Real Madrid, ele comanda Vinícius Júnior, Rodrygo e Éder Militão, além de ter trabalhado com Casemiro no passado. Sua habilidade em gerenciar elencos estrelados e sua calma sob pressão são atributos valorizados pela CBF. O treinador também já expressou admiração pelo futebol brasileiro, elogiando a tradição do país e a qualidade de seus atletas. Esses fatores reforçam sua posição como favorito para assumir a seleção.
No entanto, sua situação no Real Madrid é delicada. A eliminação na Liga dos Campeões e a desvantagem de quatro pontos para o Barcelona na La Liga aumentam as críticas ao seu trabalho. A final da Copa del Rey, marcada para 26 de abril contra o Barcelona, é vista como um divisor de águas. Uma vitória pode aliviar a pressão, enquanto uma derrota pode acelerar sua saída. A CBF acompanha o cenário de perto, ciente de que o desfecho da temporada europeia será decisivo para as negociações.
Jorge Jesus como alternativa
Enquanto Ancelotti é o plano A, Jorge Jesus ganha força como uma alternativa viável. O português, de 70 anos, deixou uma marca indelével no futebol brasileiro durante sua passagem pelo Flamengo. Entre 2019 e 2020, ele transformou o clube carioca em uma potência, conquistando a Copa Libertadores, o Campeonato Brasileiro, a Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-Americana e o Campeonato Carioca. Seu estilo de jogo, baseado em posse de bola, pressão alta e intensidade, encantou torcedores e influenciou o futebol brasileiro.
Atualmente no Al Hilal, Jesus vive um momento de sucesso na Arábia Saudita, onde conquistou o campeonato nacional, a Copa do Rei e duas Supercopas. No entanto, sua relação com a torcida saudita não é unânime, e as negociações para renovação de seu contrato, que termina em maio, ainda não avançaram. A CBF vê no português uma opção mais acessível que Ancelotti, especialmente por sua familiaridade com o Brasil. Sua capacidade de extrair o melhor de jogadores como Gabriel Barbosa e Bruno Henrique no Flamengo sugere que ele poderia repetir o sucesso com a seleção.
A escolha por Jesus, no entanto, não é isenta de desafios. Sua saída abrupta do Flamengo em 2020, para retornar ao Benfica, gerou críticas de parte da torcida, que questionou sua lealdade. Além disso, sua experiência em seleções é limitada, o que pode ser um obstáculo em um torneio como a Copa do Mundo. Ainda assim, sua popularidade no Brasil e seu conhecimento do futebol local o mantêm como um nome forte na disputa.
- Conquistas de Jorge Jesus no Flamengo (2019-2020):
- Copa Libertadores 2019
- Campeonato Brasileiro 2019
- Supercopa do Brasil 2020
- Recopa Sul-Americana 2020
- Campeonato Carioca 2020
Cenário no Real Madrid e implicações
No Real Madrid, o futuro de Ancelotti é incerto. Apesar do apoio público de Florentino Pérez, presidente do clube, a pressão por resultados é constante. A derrota para o Arsenal na Liga dos Campeões expôs fragilidades táticas, e a diferença de quatro pontos para o Barcelona na La Liga torna o título uma meta desafiadora. A final da Copa del Rey, contra o Barcelona, é uma oportunidade para Ancelotti provar seu valor, mas também pode marcar o fim de sua passagem pelo clube.
Xabi Alonso, técnico do Bayer Leverkusen, é o principal candidato a substituir Ancelotti. Sua campanha vitoriosa na Bundesliga, culminando no título de 2024, o colocou no radar do Real Madrid. A possibilidade de uma transição no comando técnico do clube espanhol alimenta as esperanças da CBF, que vê na instabilidade de Ancelotti uma chance de concretizar sua contratação. O treinador, por sua vez, mantém a postura profissional, focando nos jogos restantes da temporada e evitando comentários definitivos sobre seu futuro.
Fora de campo, Ancelotti enfrenta desafios adicionais. Acusações de fraude fiscal na Espanha, envolvendo cerca de 1,2 milhão de dólares, geraram um pedido de prisão de quatro anos pelo Ministério Público. O treinador nega as acusações e mantém o foco em suas responsabilidades, mas o caso adiciona complexidade à sua situação. A CBF, ciente dessas questões, segue confiante em sua capacidade de atrair o italiano, oferecendo um projeto ambicioso para a Copa de 2026.
Desafios da seleção brasileira
A seleção brasileira enfrenta um cenário de reconstrução. A campanha nas Eliminatórias, embora suficiente para manter o Brasil na zona de classificação direta, revelou fragilidades. A equipe sofreu 11 gols nos últimos cinco jogos, indicando a necessidade de ajustes defensivos. A derrota por 4 a 1 para a Argentina, em março, expôs a falta de consistência tática e a dificuldade em lidar com adversários de alto nível. O próximo técnico terá a missão de corrigir essas falhas e implementar um modelo de jogo que valorize o talento do elenco.
A integração de jovens jogadores é outro desafio. Endrick, de 18 anos, e Estevão, de 17, são vistos como promessas para o futuro, mas precisam de minutos para se consolidarem. Ao mesmo time, veteranos como Neymar enfrentam questionamentos sobre sua condição física. O novo treinador deverá equilibrar experiência e juventude, garantindo harmonia no grupo. A pressão por resultados imediatos, especialmente em casa, será um teste inicial, com o jogo contra o Paraguai, em 9 de junho, sendo uma chance de reconquistar a torcida.
A escolha do técnico também terá implicações na relação com os torcedores. Após anos de resultados abaixo do esperado, a confiança na seleção está abalada. Um nome como Ancelotti, com sua reputação internacional, pode reacender o entusiasmo, enquanto Jesus tem a vantagem de já ser querido por parte da torcida. A CBF sabe que a decisão será crucial para o sucesso do projeto rumo ao hexacampeonato.
- Prioridades estratégicas para o próximo técnico:
- Reconstrução defensiva para reduzir gols sofridos.
- Integração de jovens como Endrick e Estevão ao elenco principal.
- Gestão de estrelas como Neymar e Vinícius Júnior para manter a harmonia.
- Aproveitamento de jogos em casa para reconquistar a torcida.
Cronograma das negociações
A CBF trabalha com um calendário apertado para definir o novo treinador. A entidade planeja anunciar o escolhido antes da próxima Data Fifa, em junho, quando o Brasil enfrentará Equador, fora de casa, e Paraguai, em casa, pelas Eliminatórias. Até lá, a seleção pode ser comandada por um interino, como ocorreu com Fernando Diniz em 2023. O cronograma inclui etapas estratégicas para garantir a transição:
- Abril: Final da Copa del Rey e definição do futuro de Ancelotti no Real Madrid.
- Maio-Junho: Negociações finais com o técnico escolhido.
- Julho-Agosto: Apresentação do novo treinador e planejamento para as Eliminatórias.
- Setembro: Início das Eliminatórias para a Copa de 2026.
A pressa da CBF reflete a necessidade de estabilidade. As partidas de junho são vistas como decisivas para consolidar a posição do Brasil nas Eliminatórias, especialmente após a goleada sofrida contra a Argentina. A entidade também planeja amistosos preparatórios para testar o novo modelo de jogo, com foco na Copa América de 2026, que servirá como um termômetro para o Mundial.
Impactos no futebol brasileiro
A chegada de Ancelotti ou Jesus à seleção brasileira teria impactos profundos. Ancelotti traria uma perspectiva global, algo que a seleção não experimenta desde a passagem de Luiz Felipe Scolari em 2002. Sua experiência em gerenciar elencos estrelados e sua abordagem tática poderiam modernizar o jogo da equipe, explorando a velocidade de jogadores como Vinícius Júnior e a versatilidade de meio-campistas como Bruno Guimarães. Sua presença também elevaria o status da seleção no cenário internacional, atraindo atenção de patrocinadores e mídia global.
Jorge Jesus, por outro lado, representa uma aposta na continuidade de um estilo que já deu certo no Brasil. Sua passagem pelo Flamengo demonstrou sua capacidade de implementar um futebol ofensivo e envolvente, que poderia ser adaptado à seleção. Sua conexão emocional com os torcedores brasileiros, especialmente os flamenguistas, seria um trunfo para reconquistar a confiança da arquibancada. No entanto, sua falta de experiência em seleções pode ser um obstáculo em um torneio como a Copa do Mundo.
A escolha do treinador também reacende o debate sobre o futuro do futebol brasileiro. A CBF enfrenta o desafio de equilibrar a tradição do “futebol-arte” com a necessidade de resultados pragmáticos. Ancelotti, com sua abordagem europeia, pode trazer uma mentalidade mais competitiva, enquanto Jesus oferece uma ponte entre o estilo brasileiro e a modernidade tática. A decisão será um divisor de águas para o projeto da seleção rumo ao hexa.
Expectativas da torcida e debates
A torcida brasileira acompanha as negociações com grande expectativa. Fóruns e redes sociais estão repletos de debates sobre qual treinador seria a melhor escolha. Ancelotti é elogiado por sua experiência e currículo, mas alguns torcedores questionam sua adaptação ao futebol sul-americano. Jesus, por sua vez, é celebrado por sua passagem pelo Flamengo, mas há quem tema que sua saída abrupta do clube em 2020 indique dificuldades em projetos de longo prazo. A polarização reflete a paixão dos brasileiros pelo futebol e a ansiedade por um novo ciclo vitorioso.
A possível chegada de um treinador estrangeiro também reacende discussões sobre a identidade da seleção. O Brasil, pentacampeão mundial, sempre foi conhecido por seu estilo único, mas os resultados recentes mostram a necessidade de evolução. A CBF aposta que um nome como Ancelotti ou Jesus pode combinar a essência do futebol brasileiro com as demandas do jogo moderno. A torcida, por sua vez, cobra maior identificação com a equipe, exigindo vitórias convincentes e um jogo que volte a encantar.
A Copa de 2026 será um marco para o futebol brasileiro, e a escolha do treinador é o primeiro passo para construir um projeto competitivo. A CBF, ciente da responsabilidade, trabalha para alinhar suas ambições com as expectativas dos torcedores. A definição do próximo comandante da seleção promete ser um dos momentos mais aguardados do ano, com impactos que podem reverberar por anos no esporte brasileiro.
Redação com Mix Vale
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