“No âmbito do Ministério da Justiça propriamente dito — sem ser da Polícia Federal — não temos setor, nem área nenhuma que trabalhe com urnas eletrônicas […], tecnicamente falando, não temos nada que aponte fraude nas urnas”, declarou Torres aos ministros da Corte”, afirmou.
“Eu passava isso e quando era questionado pelo presidente [Bolsonaro] e por qualquer autoridade, eu sempre passei isso: não tínhamos tecnicamente nada a dizer sobre as urnas eletrônicas. O material que tive acesso eram sugestões de melhorias às urnas eletrônicas”, completou.
A fase atual da instrução processual tem como objetivo reunir provas e ouvir os acusados, que agora têm a chance de apresentar suas versões sobre os fatos apurados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
As audiências começaram na segunda-feira (9), com o depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e delator do caso. Ele reafirmou o conteúdo de seus depoimentos anteriores e disse: “Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles”. Segundo o militar, Bolsonaro teve acesso à chamada “minuta do golpe” e sugeriu mudanças no documento, como a retirada do trecho que previa a prisão de autoridades — exceto do ministro Alexandre de Moraes, cuja detenção permaneceu no texto.
Cid também afirmou que o ex-presidente pressionou o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, a elaborar um relatório com críticas ao sistema eleitoral. “Bolsonaro queria um texto duro contra o sistema de votação”, confirmou ao ser questionado por Moraes.
Na sequência, foi ouvido o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que negou ter usado o órgão para monitorar autoridades e disse que o documento em que questionava o resultado eleitoral era apenas um “rascunho pessoal”. “Decerto que não fiz monitoramento de autoridades”, afirmou.
Além de Torres, Cid e Ramagem, o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, também prestou depoimento nesta terça-feira. Ainda serão ouvidos Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), Walter Braga Netto (candidato a vice na chapa de Bolsonaro) e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
Concluída a fase de interrogatórios, o processo pode passar por diligências complementares, caso solicitadas por defesa ou acusação. Em seguida, será aberto o prazo de 15 dias para apresentação das alegações finais. Só então o caso será levado a julgamento na Primeira Turma do STF.
Redação com Brasil 247
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