Anadia/AL

22 de dezembro de 2024

Anadia/AL, 22 de dezembro de 2024

Ao longo de 35 anos, efetivo feminino faz história na Polícia Militar de Alagoas

Dia da Policial Feminina é celebrado neste 28 de novembro pela Corporação.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 29 de novembro de 2024

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Dos 7.687 militares componentes do quadro ativo da PM de Alagoas, 1.307 são mulheres, o que representa 17% do total | Igor Lessa / Ascom PM

Marília Morais / Ascom PMAL

A Polícia Militar de Alagoas (PMAL) celebra, neste 28 de novembro, o Dia da Policial Feminina. A data foi instituída em junho de 2019, por meio da Lei Estadual nº 8.118, em uma referência ao dia da formatura da primeira turma de policiais femininas no Estado.

Nesta quinta-feira, um café da manhã reuniu uma representação destas mulheres para homenageá-las, como forma de destacar o papel fundamental que desempenham; reconhecendo, ainda, a inestimável contribuição ofertada ao longo dos últimos 35 anos integrando as fileiras da Corporação.

Atualmente, dos 7.687 militares componentes do quadro ativo da PM de Alagoas, 1.307 são mulheres, o que representa 17% do total. Destas, 119 são oficiais, 1.184 são praças e 398 estão na inatividade – seja na reserva remunerada ou reformadas. Elas ocupam cada um dos postos e graduações da hierarquia militar e estão distribuídas em todos os quadros da instituição.

Cada uma delas escreveu e escreve sua própria história na PM, entregando disciplina e comprometimento com o serviço que executam. Hoje, vamos conhecer alguns dos nomes por trás destas fardas.

De Soldado à, em breve, Oficial: a trajetória da cadete Nayara Condja

O ano de 2013 foi especial para Nayara Condja Ferreira do Nascimento. À época, sem identificação com a atividade que desempenhava como farmacêutica em sua cidade natal, Garanhuns-PE, ela viu no concurso de Soldado Combatente da PM alagoana uma oportunidade de mudar de carreira e adquirir estabilidade.

Embora fosse filha de policial militar, recorda que não tinha o desejo de seguir os passos do pai, mas mesmo assim prestou o concurso naquele ano e foi aprovada. A indiferença durou pouco tempo. Assim que ingressou na Corporação, ainda no Curso de Formação de Praças, ela passou a olhar a profissão com outros olhos e foi, aos poucos, desenvolvendo a identificação e a grande paixão que hoje demonstra pela atividade policial militar.

Concluiu o curso e passou a servir no antigo Batalhão de Radiopatrulha, atual Rotam. Na Unidade, foi patrulheira de viatura, comandante de guarnição, pilotou motocicletas e se destacou, em 2016, ao ser a primeira mulher a concluir o exigente Curso Operacional de Rotam, o COR, ganhando o almejado título de rotanzeira.

“O COR foi um dos maiores desafios da minha carreira.  Era um sonho conseguir aquele brevê. Venci muitas dificuldades e cheguei a ouvir que não me formaria naquele curso por ser mulher. Ao mesmo tempo, tinham muitas pessoas torcendo por mim, então eu não desisti. Alguns meses depois, estava eu lá me formando ao lado dos meus colegas, em um momento de total realização e felicidade. E junto com a alegria, vieram também as responsabilidades”, recordou.

Naquela época, ela era a soldado Nayara e seu desempenho como aluna a fez ser indicada para ministrar instruções ao efetivo do BPRp e de outras Unidades. Mais tarde, ela recebeu o convite para ser monitora do Curso de Formação de Praças, que habilita os policiais recém-incorporados, preparando-os para a atividade nas ruas.

Foi promovida a cabo em agosto de 2019 e reforçou os estudos para alçar novos voos. Conseguiu ser aprovada no Curso de Formação de Oficiais e encontra-se matriculada no 2º ano. A cabo Nayara, então, teve o nome de guerra alterado e passou a ser a cadete Condja.

“Este foi um outro momento de grande felicidade na carreira. Ser aprovado no CFO é um sonho almejado por muitas pessoas. Dois terços do curso já foram conquistados e sigo para o último ano dessa jornada, em preparação para ser declarada aspirante a oficial no final de 2025. Concluindo o curso, pretendo continuar contribuindo com a minha Corporação, com os meus colegas de farda e com a sociedade”, completou.

Sargento Simone: única mulher Corcel Negro alagoana

A sargento Simone Melo Correia, lotada no 3º Batalhão, em Arapiraca, ainda morava em sua cidade natal, Pão de Açúcar, em Alagoas, quando decidiu prestar o concurso para Soldado Combatente da Polícia Militar.

Aprovada, ela estava frequentando o Curso de Formação, quando ouviu falar que o 3º BPM estava se preparando para implementar a modalidade de Policiamento Montado. Seus olhos brilharam pela possibilidade de trabalhar com cavalos e éguas.

“Assim que concluí o curso, há dez anos, me candidatei para integrar o Pelotão Montado. Fiz o estágio de nivelamento e passei a desempenhar a função de amazona. Um ano depois, assumi o comando da minha guarnição e pude frequentar diversos cursos e competições hípicas”, destacou.

“O Curso de Choque Montado me conferiu o título de Corcel Negro (como são chamados os especialistas em controle de distúrbios na modalidade de policiamento a cavalo). Na especialização do Curso de Policiamento Montado, sofri um acidente ao cair com o cavalo e fraturei a clavícula, algo que faz parte da atividade, mas tive uma boa e rápida recuperação. Todos estes momentos vividos ajudaram a adquirir experiência e conhecimento na atividade”, completou Simone.

Durante as instruções para o efetivo montado, a sargento Simone foi adquirindo mais experiência na área e recentemente recebeu o convite para participar das atividades junto ao Pelotão Mirim do 3º BPM, uma iniciativa que atende meninos e meninas com idades entre 10 e 13 anos, oriundos de famílias de baixa renda da região Agreste de Alagoas, para aulas no contraturno da escola formal.

Durante cerca de dez meses, os participantes aprendem noções de cidadania, hierarquia, convivência em grupo, disciplina, resistência às drogas, além de atividades esportivas. Neste contexto, o relacionamento das crianças com o cavalo, denominado Centauro Mirim, passou a fazer parte das instruções, coordenadas por Simone.

“Ensinar equitação para crianças é diferente de tudo o que eu já fiz. É incrível ver a alegria e a evolução delas. Nossos cavalos e éguas, até então temidos por eles, agora são verdadeiros amigos e é muito gratificante testemunhar isso de perto e fazer parte disso. Ao final, ser mulher na PM só me trouxe coisas boas e me proporcionou ter essas histórias para contar”, ressaltou a companheira da Selva, égua com quem trabalha desde 2015.

Para ficar na história

É impossível contar uma história sem olhar para trás. E foi imbuída por este sentimento, desejosa por exaltar e deixar registrada a trajetória das primeiras mulheres a pertencer à Corporação, que a cabo Fernanda Alves, da Diretoria de Comunicação da PM-AL, desenvolveu a pesquisa intitulada “Memória e Arquivo: um estudo sobre a inserção da mulher na Polícia Militar de Alagoas”.

O trabalho foi fruto de meses de estudos, entrevistas e produção para a defesa de dissertação do seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

 A apresentação do trabalho – aprovado com louvor, nota máxima e indicado para publicação – ocorreu no último mês de agosto e se debruçou sobre a história das 35 mulheres que ingressaram no primeiro Curso de Formação de Soldados Femininos da PM alagoana, realizado no ano de 1989.

Um mês depois, o trabalho deu origem a uma série de sete matérias publicadas na Agência Alagoas, Portal Oficial de Notícias do Governo do Estado, e está disponível para leitura no site da PM, em ESPECIAL | Polícia, substantivo feminino: a história das primeiras mulheres na PM de Alagoas.

Por trás da data 

A primeira turma de praças do sexo feminino na Polícia Militar foi composta, em 1989, por 12 sargentos e 35 soldados. Para a Corporação, aquele foi um momento novo, uma vez que, até então, apenas homens eram incorporados. Tinham início, portanto, o primeiro Curso de Formação de Soldados Femininos, o CFSd Fem e o primeiro Curso de Formação de Sargentos Femininos, o CFS Fem.

No final daquele ano, em 28 de novembro, após receberem formação passando pelos mesmos treinamentos e instruções que seus pares masculinos, aquelas mulheres se tornavam, portanto, as primeiras policiais femininas formadas em Alagoas. O nome da turma: Maria Quitéria de Jesus, em homenagem à militar brasileira heroína da Guerra da Independência.

Os anos foram passando e as mulheres pioneiras, inicialmente em 47, hoje contabilizam mais de mil. Após 35 anos, inúmeras outras dedicaram seus esforços, sangue e suor, para servir e proteger a sociedade alagoana.

Consolidaram o papel feminino e são, inclusive, escolhidas para desempenharem relevantes funções. Acumulando diversos papéis sociais, muitas delas, além de policiais, também são mães, filhas, esposas, cuidam do lar e assumem tantas outras atribuições, mas com um diferencial: a maestria que somente as mulheres possuem.

Redação com Agência Alagoas

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