Anadia/AL

1 de fevereiro de 2025

Anadia/AL, 1 de fevereiro de 2025

Aos 27, ela alcançou nota para entrar em medicina em 86 faculdades públicas

''O resultado não veio da noite para o dia: foram três anos de cursinho e quatro provas do Enem até a aprovação em uma universidade pública'' / 11:59 hs

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 1 de fevereiro de 2025

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Foto: Reprodução/ Instagram

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Por: Camila Corsini

Ir bem no Enem e conquistar uma vaga em medicina é o sonho de muitos estudantes brasileiros.

Em busca de uma das vagas de ampla concorrência (sem cotas), ela só não atingiu a nota de corte para a Universidade Estadual de Maringá e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Mudança de rota

Maria Clara já era formada em artes cênicas pela CAL (Casa de Artes de Laranjeiras) e em relações internacionais pela UFRJ, graduações que ela cursou em paralelo entre 2015 e 2019. Ela escolheu mudar de área durante a pandemia.

Em 2020, Maria Clara estava com uma peça em cartaz, mas o teatro fechou. A gravação de uma websérie em que ela também estava envolvida foi paralisada e o estágio em uma empresa de petróleo e gás já tinha se encerrado.

Eu me vi sem nada, sem perspectiva de carreira. Eu vi que as duas carreiras que eu tinha escolhido não me davam a satisfação que eu estava buscando, não me davam a segurança financeira ou psicológica.

Maria Clara Rolim

“Sentia que essas carreiras não me abraçavam e não estava me sentindo útil para a sociedade, desempenhando algo que pudesse melhorar o mundo. Pode soar meio utópico, mas eu sempre quis me tornar uma pessoa melhor e entregar algo de volta.”

Pais tomaram susto com medicina

A primeira opção de Maria Clara era prestar concurso público mas o que ela estava visando não tinha perspectivas de abrir. Quando citou para os pais a vontade de cursar medicina, eles tomaram um susto, mas a apoiaram.

Meus pais investiram muito na minha educação. Minha mãe tem 13 irmãos, e ela foi a única alfabetizada na família. Fez geografia, pedagogia e contabilidade. Meu pai trabalha desde os 13 anos, foi pedreiro e trabalhou como eletricista até se formar engenheiro.

Maria Clara Rolim

Quando estava concluindo relações internacionais, Maria Clara fez seu trabalho de conclusão de curso sobre a governança da saúde global. “Pesquisei e li artigos científicos que me despertaram para esse lado da saúde”, lembra ela.

“E a minha avó paterna tem Alzheimer uma doença que mexe com toda a estrutura familiar. É muito cruel e, se um dia eu puder contribuir para isso e ir para a área de neurocirurgia, ela vai ser a pessoa que mais me inspirou para isso”, completa.

Desempenho no Enem

O resultado não veio da noite para o dia: foram três anos de cursinho e quatro provas do Enem até a aprovação em uma universidade pública.

A rotina de estudos dela era intensa: 13 horas por dia, de segunda a sexta, no cursinho. Aos sábados, simulados.

Maria Clara fazia um cursinho específico para medicina, o Hexag, e também investiu em uma mentoria particular chamada Evolving, para conseguir se organizar e ter disciplina.

Ela conta que treinou o modelo de prova do Enem e refez todas as que foram aplicadas nos últimos 10 anos.

Como não tinha tempo para trabalhar, durante quase dois anos Maria Clara acordava 4h30 da manhã para assar croissant, que ela vendia aos colegas para ter uma renda.

“Em 2024, eu saí da prova muito satisfeita, mas com muito medo. Pensei que poderia estar viajando, porque estava com a sensação de que tinha ido muito bem.”

Quando corrigi a prova, vi que tinha acertado 165 questões de 180. Foi um choque. É uma pontuação muito boa para quem quer medicina.

Maria Clara Rolim

Maria Clara tirou 960 na redação, 698 em linguagens, 741,7 em ciências humanas, 795,4 em ciências da natureza e 891,8 em matemática.

Com as notas na mão, ela pegou um modelo de planilha pronto, que já considerava os cursos de medicina e quais os pesos de cada nota em cada uma das faculdades. Quando incluiu suas notas, veio a surpresa.

“São 89 faculdades de medicina pelo Sisu, mas o campus novo da UFSC não oferece vagas de ampla concorrência. Então, eu tirei nota suficiente para [passar em] 86 das 88 que eu podia tentar. Eu só não passaria na UEM, porque eles só oferecem duas vagas pelo Sisu, e na Unilab, que também não tem o Enem como vestibular principal”, explica.

Entre todas as opções, a escolha de Maria Clara foi pela UFRJ.

“Eu sou formada em RI na UFRJ e sempre fui apaixonada por essa universidade. Eu vi milhões de oportunidades de núcleo de pesquisa e o Hospital Universitário. Ficava maravilhada. Sempre foi uma admiração muito grande.”

Redação com Uol

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