Anadia/AL

9 de agosto de 2025

Anadia/AL, 9 de agosto de 2025

Apagão de dados por Trump impulsiona onda de negacionismo climático nos EUA

Maioria das afirmações enganosas se referem às causas dos eventos climáticos extremos, estudos científicos, ações de socorristas e ajuda em desastres; relatório também revela que big techs concedem 'verificado' a perfis que publicam fake news climáticas.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 9 de agosto de 2025

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Créditos: ANDREW HARNIKGETTY IMAGES NORTH AMERICA - Getty Images via - AFP

Por Alice Andersen

Desde o início do ano, o governo Donald Trump vem ordenando a remoção de dados e informações sobre as mudanças climáticas nos Estados Unidos de diversos sites do governo federal estadunidense, como a Environmental Data and Governance Initiative (EDGI) e o Conselho de Qualidade Ambiental (CEQ). Em face disso, a desinformação climática vem crescendo a níveis devastadores, segundo um relatório  de uma ONG Britânica Center Four Coutering Digital Hate (CCDH).

A organização destaca que a desinformação sobre o clima nas redes sociais, durante eventos climáticos extremos, representa um risco significativo. O estudo, que analisou 300 postagens falsas e com alto engajamento no Facebook, Instagram, X e YouTube até abril de 2025, concluiu que essas plataformas amplificam teóricos da conspiração em vez de informações de emergência essenciais. A metodologia do estudo se baseou na busca por termos relacionados a desastres como enchentes, furacões e incêndios, utilizando uma base de dados de disseminadores de desinformação climática.

Mais de três quartos dessas postagens se referiam a incêndios florestais e furacões, como os incêndios em Los Angeles em janeiro deste ano e o furacão Helene entre os fenômenos mais discutidos. As afirmações falsas e enganosas visaram as ações de socorristas de emergência, as causas dos eventos climáticos extremos e a distribuição de ajuda em desastres.

Cada plataforma estudada está falhando em desmentir postagens falsas ou enganosas sobre o clima extremo usando verificações de fatos ou notas da comunidade, segundo o relatório.

  • Meta não tinha verificações de fatos ou notas da comunidade em 98% das postagens;
  • X não tinha verificações de fatos ou notas da comunidade em 99% das postagens;
  • YouTube não tinha verificações de fatos ou notas da comunidade em 100% das postagens;
  • Quase 1 em cada 3 vídeos do YouTube promovendo afirmações enganosas sobre o clima extremo apresentava uma recomendação para mais conteúdo de negação do clima ao lado.

Plataformas dão status ‘Verificado’ e benefícios a usuários que promovem afirmações enganosas:

  • No X, 88% das postagens enganosas sobre o clima extremo eram de contas verificadas;
  • No YouTube, 73% das postagens eram de contas verificadas;
  • Na Meta (Facebook e Instagram), 64% das postagens eram de contas verificadas.

A pesquisa traz um exemplo: as postagens enganosas do teórico da conspiração Alex Jones sobre os incêndios em LA, que já acumularam 408 milhões de visualizações no X. Jones obteve mais visualizações do que todas as postagens relevantes de dez grandes veículos de notícias e dez organizações de emergência importantes combinadas, incluindo o Los Angeles Times e a FEMA.

De acordo com o relatório, quando informações imprecisas se espalham durante uma crise climática aguda, elas podem colocar vidas em risco, enganando as pessoas sobre o perigo em que se encontram. Isso também pode colocar em perigo os socorristas, interromper decisões de salvamento e enganar as pessoas sobre a ajuda de que precisam.

Algumas das principais narrativas incluem:

  • Afirmações enganosas sobre as causas de eventos climáticos severos: afirmações falsas de que os incêndios em LA foram intencionalmente provocados como parte de um “plano globalista” ou que furacões são controlados por “tecnologia de arma climática”;
  • Afirmações enganosas sobre a ajuda em desastres: alegações falsas sobre a disponibilidade de fundos da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA) e sobre quem pode acessá-los;
  • Afirmações enganosas sobre as respostas de emergência: como que os bombeiros falharam em agir e alegações enganosas sobre a disponibilidade de água para combater incêndios florestais;
  • Afirmações enganosas sobre o impacto da mudança climática: como interpretações de dados que sugerem que a intensidade e o número de furacões estão diminuindo, ou caracterizações falsas da ciência como “alarmismo”;
  • Afirmações enganosas sobre respostas políticas: alegações falsas de que a administração Biden interrompeu a ajuda às vítimas de furacões, ou que a escassez de água nos incêndios em LA foi resultado de políticas ambientais.

Ou seja, uma novo negacionismo em torno dos fenômenos climáticos extremos está surgindo nas plataformas, segundo os pesquisadores. Negacionistas climáticos não mais negam a existência da crise climática, mas sim desacreditam seus efeitos, atacam as soluções propostas e questionam a credibilidade de cientistas e instituições. O relatório completo pode ser conferido neste link.

Além disso, o governo Trump está escalando negacionistas para publicar um relatório contrário à ciência climática com distorções na interpretação de dados utilizados. Entre as alegações negacionistas que constam neste documento estão a de que o aquecimento global não prejudica a economia, a elevação do nível do mar não é acelerada e a de que o aumento de dióxido de carbono na atmosfera pode, na verdade, “beneficia” a agricultura.

Inclusive, os cinco autores do relatório são figuras conhecidas na comunidade científica por se oporem ao consenso estabelecido sobre as mudanças climáticas.

Como relatado pela Fórum, a volta do bilionário extremista à presidência dos Estados Unidos soou como alerta para a comunidade científica e desencadeou uma corrida contra o tempo. Desde então, ativistas voluntários têm se mobilizado para copiar e proteger bancos de dados governamentais que contêm informações científicas sobre crise climática, meio ambiente, energia e saúde pública, temendo que esses registros sejam apagados para sempre.

Fonte: Revista Fórum


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