♦️ Bruno Ribeiro
O almoço marcado entre Marta Suplicy e Guilherme Boulos para este sábado (13/1), na casa da ex-prefeita em São Paulo, será a primeira reunião entre ambos após a saída dela da Prefeitura da capital para ser vice do deputado do PSol na eleição municipal deste ano e servirá para testar se a parceria entre os dois “dará liga”.
Na última terça-feira (9/1), Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais da gestão Ricardo Nunes (MDB), após aceitar um convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para retornar ao PT e disputar as eleições como vice na chapa de Boulos, principal adversário do atual prefeito.
Embora Boulos e Marta já se conheçam e tenham conversado em alguns eventos públicos, a avaliação do entorno de ambos é que os dois ainda precisam estreitar a relação — e o almoço deste sábado é o primeiro passo dessa aproximação.
Na mesa, estarão Marta e seu marido, o empresário Márcio Toledo, Boulos e sua mulher, a advogada Natalia Szermeta, e o deputado federal Rui Falcão (PT), também com sua esposa. Um fotógrafo foi chamado para registrar o almoço e as imagens devem ser distribuídas à imprensa e postadas nas redes sociais – o perfil de Marta no Instagram ainda exibe várias fotos dela com Nunes.
Entretanto, de acordo com auxiliares, o encontro não deverá ter nenhum caráter deliberativo, em que questões práticas sobre as eleições são definidas.
♦️ Lula longe da mesa
Lula estará em São Paulo neste fim de semana. Porém, aliados dos três defenderam que o presidente não participasse do encontro. Se estivesse na mesa, dizem, as atenções seriam voltadas a ele, e a proposta de aproximação entre Marta e Boulos poderia ficar comprometida.
Ainda precisa ser afinado entre os novos aliados o modo como Marta irá se referir a Nunes, de quem foi secretária desde 2021, e como a dupla explicará comentários críticos feitos por Marta ao novo parceiro, que certamente será explorado pela campanha do prefeito. O marido de Marta já chamou Boulos de “picareta”, por exemplo.
Embora Nunes tenha evitado criticar Marta publicamente ao comentar sua saída, ele disse que o motivo apresentado por ela para deixar a Prefeitura – a aproximação do prefeito com Jair Bolsonaro (PL) – “não cola”, uma vez que Marta era sua conselheira política e sabia de seu plano de aliança com o ex-presidente.
A necessidade de evitar uma vitória bolsonarista na capital, que poderia comprometer a reeleição de Lula em 2026, teria sido um dos motivos apresentados por Marta e o marido dela na reunião em que ela comunicou sua decisão a Nunes, na terça-feira (9/1).
♦️ Discurso antibolsonarista
Marta ainda não foi formalmente refiliada ao PT e a data para que isso ocorra ainda está em aberto – deverá ser ainda neste mês ou no início de fevereiro. O partido pretende fazer uma grande festa para a ex-prefeita, que saiu de forma conflituosa da legenda em 2015, em meio às denúncias de corrupção contra a sigla no âmbito da Operação Lava Jato.
Segundo um auxiliar ouvido pelo Metrópoles, quando começou as sondagens para trazer Marta para a chapa de Boulos, Lula teria até ventilado entre os aliados a possibilidade de que a ex-prefeita se filiasse a outra sigla, como forma de reforçar o caráter suprapartidário “antibolsonarista” que o grupo quer emplacar na campanha municipal.
Mas tanto os petistas ficaram relutantes com a ideia, que poderia tirar ainda mais prestígio do partido — pela primeira vez o PT não terá candidato próprio à Prefeitura de São Paulo —, como a própria Marta opinou para que a filiação fosse ao próprio PT, com o objetivo de encerrar a carreira política no seu partido de origem, onde ficou 33 anos e pelo qual foi eleita prefeita da capital em 2000.
♦️ Redação com Metrópoles