No último final de semana, ele percebeu os barulhos saindo da espaçonave Starliner e acionou os técnicos da Nasa em Houston, no Texas.
Segundo a Nasa, o ruído do alto-falante foi resultado de uma configuração de áudio entre a estação espacial e a Starliner. Logo após a queixa do astronauta, o barulho parou.
“O sistema de áudio da estação espacial é complexo, permitindo que várias espaçonaves e módulos sejam interconectados, sendo comum a ocorrência de ruídos e feedbacks. A tripulação é orientada a contatar o controle da missão quando ouvir sons provenientes do sistema de comunicação”.
Os agentes em solo garantiram que o feedback do alto-falante relatado por Wilmore não tem impacto técnico para a tripulação, a Starliner ou as operações da estação, “incluindo a desacoplagem não tripulada da Starliner da estação, prevista para não antes de sexta-feira, 6 de setembro”, disse a agência.
O barulho
“Tenho uma pergunta sobre a Starliner”, Wilmore comunicou via rádio para o Controle da Missão, no Centro Espacial Johnson, em Houston. “Há um ruído estranho vindo do alto-falante… Não sei o que está causando isso”.
O astronauta preso disse que não sabia se havia alguma anomalia na conexão que pudesse causar os sons. Ele pediu aos coordenadores em Terra se podiam verificar o ocorrido. Minutos depois, o Controle da Missão respondeu via rádio que estavam conectados para ouvir o áudio dentro da Starliner.
Wilmore colocou seu microfone próximo às saídas de som e algo foi ouvido. “Era como um ruído pulsante, quase como um som de sonar”, relata o astronauta em gravação da conversa de Wilmore com o Controle da Missão.
“Vou fazer mais uma vez, e deixarei vocês coçarem a cabeça para tentar descobrir o que está acontecendo. Certo, agora é com vocês. Chamem-nos se descobrirem o que é” , diz o astronauta.
Preso
Após mais de dois meses de dificuldades, a Nasa anunciou que os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams retornarão à Terra em fevereiro de 2025 a bordo da missão Crew-9 da SpaceX, dirigida por Elon Musk.
Os dois astronautas estão na Estação Espacial Internacional há mais de dois meses, enquanto a missão originalmente estava prevista para durar aproximadamente oito dias.
A nave Starliner, da Boeing, na qual eles deveriam voltar, apresentou problemas significativos durante o acoplamento à estação e, por isso, será enviada de volta sem tripulação.
A Nasa informou que a decisão de adiar o retorno foi tomada em conjunto com especialistas da Boeing, que avaliaram que a Starliner representava riscos consideráveis para a tripulação.
O problema principal foi identificado no módulo de serviço da Starliner, uma parte da espaçonave descartada durante o retorno à Terra, e que necessita de uma avaliação detalhada enquanto ainda está no espaço.
Os problemas incluem a falha de vários propulsores do sistema de controle de reação, que são cruciais para orientar a nave ao deixar a estação e para a preparação da queima necessária para a reentrada na atmosfera terrestre. Recentemente, equipes da Nasa e da Boeing realizaram testes com um propulsor em White Sands, Novo México, e também avaliaram o desempenho dos propulsores enquanto a nave estava acoplada à ISS.
Embora os testes tenham fornecido informações úteis, a Nasa ainda não tomou uma decisão definitiva sobre o retorno dos astronautas.
Além do adiamento da Revisão de Prontidão de Voo, a Nasa destinou aproximadamente R$ 1,7 milhão à SpaceX em 14 de julho para um “estudo especial de resposta a emergências”.
Desde então, a agência enfrenta intensos debates internos sobre a segurança da tripulação. Alguns engenheiros argumentam que, diante das incertezas com a Starliner, seria mais seguro optar pelo retorno na Crew Dragon, que já completou 12 missões de ida e volta com sucesso.
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IG