Anadia/AL

26 de julho de 2025

Anadia/AL, 26 de julho de 2025

“Bolsonaro não está sendo perseguido. Ele tentou um golpe neste país”, diz Lula em resposta a Trump

"O Bolsonaro não é problema meu, é da Justiça", diz o presidente, reafirmando disposição para negociar com os EUA

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 25 de julho de 2025

vv1

Foto: Crédito: Ricardo Stuckert/PR

Em discurso realizado nesta sexta-feira (25) em Osasco (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu com firmeza as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que publicou uma carta em seu portal pedindo ao governo brasileiro que cessasse a suposta “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De forma direta, Lula afirmou que Bolsonaro “não está sendo perseguido”, mas sim “julgado” pelos crimes que cometeu, incluindo a tentativa de impedir a posse legítima dos eleitos em 2022.

“O Bolsonaro não é problema meu, é da Justiça. Ele está sendo julgado com todo o direito de defesa. Ele tentou dar um golpe neste país, não queria que eu e o Alckmin tomássemos posse e chegou a montar uma equipe para matar o Lula, o Alckmin e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o Alexandre de Moraes. Isso já está provado, por delação deles mesmos”, afirmou o presidente brasileiro.

A resposta de Lula veio após Trump publicar uma mensagem alegando que os EUA poderiam impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros caso o governo do Brasil continuasse a “perseguir” Bolsonaro. Lula, que disse ter ficado surpreso com a carta, lamentou que o presidente norte-americano não tivesse feito um simples contato telefônico.

“Se o presidente Trump tivesse ligado para mim, certamente eu explicaria para ele o que está acontecendo com o ex-presidente. Mas ele foi induzido a acreditar em uma mentira”, disse. “Se o presidente Trump morasse no Brasil e tivesse feito aqui o que fez no Capitólio, ele também estaria sendo julgado.”

“Neste país, quem manda é o povo brasileiro, e o povo está esperando que se faça justiça. Se o Bolsonaro for inocente, ele vai ser livre. Agora, o que eu acho é que ele precisaria ter um pouco de respeito”, declarou.

O presidente também lembrou sua própria experiência com o sistema judicial, referindo-se ao período em que esteve preso após condenações da Operação Lava Jato — hoje anuladas. Ele afirmou que, mesmo diante de uma “mentira” que o levou à prisão por 580 dias, nunca deixou de acreditar na justiça e recusou um acordo que previa o uso de tornozeleira eletrônica:

“Não troco minha dignidade pela minha liberdade. Não vou colocar tornozeleira porque não sou pombo-correio e minha casa não é cadeia.”

Relações com os EUA e críticas à desinformação – Lula aproveitou a ocasião para destacar os 201 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos e expressou sua disposição para o diálogo. No entanto, disse que há limites claros que precisam ser respeitados. Um deles é a soberania nacional, inclusive no que se refere à regulação das plataformas digitais:

“Na carta, ele [Trump] diz que não aceita que a gente vá punir ou regular as big techs. E nós vamos fazer, porque eles têm que respeitar a legislação brasileira. Não pode ficar promovendo ódio, contando mentira, tentando destruir a democracia.”

Segundo Lula, a atuação de empresas digitais deve obedecer às leis brasileiras, especialmente no combate à desinformação e ao discurso de ódio.

Superávit americano e cobrança de reciprocidade – O presidente também refutou o argumento de que os Estados Unidos estariam em desvantagem comercial em relação ao Brasil. Lula apresentou dados que demonstram o contrário:

“Este ano exportamos US$ 40 bilhões e eles para nós US$ 47 bilhões. Eles têm superávit. Só nas empresas de dados, todos os dados brasileiros estão nas mãos dos americanos. Se você pegar serviços e comércio, eles têm superávit em 15 anos de US$ 410 bilhões. Então quem deveria estar reclamando éramos nós.”

Ele ainda reforçou que o Brasil está aberto à negociação, mas exige respeito mútuo. “Ninguém pode dizer que o Lula não está negociando. Não só estou negociando como estou colocando meu vice para ser meu negociador. Estamos tranquilos, discutindo. Queremos ouvir de verdade o que vai acontecer e aí vamos tomar nossas posições”, disse.

Críticas ao uso político da bandeira nacional – Lula também condenou a atuação de políticos brasileiros que, segundo ele, utilizam símbolos nacionais de forma oportunista para atacar a democracia. Sem citar diretamente o nome de Eduardo Bolsonaro, o presidente mencionou o ex-deputado que teria ido aos EUA pedir intervenção estrangeira:

“Estão pedindo para o presidente dos Estados Unidos aumentar a taxa das coisas que nós vendemos para eles para poder libertar o pai. Ou seja, trocando o Brasil pelo pai. Que patriota é esse? Isso é pior que Silvério dos Reis.”

Redação com Brasil 247
🇧🇷 Mantenha-se Informado !
👍 Siga Nossas Redes Sociais !
Curta & Compartilhe 👁️‍🗨️

Galeria de Imagens