Por Plinio Teodoro
O silêncio do clã Bolsonaro diante da fuga da fiel escudeira, Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tem um motivo que vai além da mágoa de Jair Bolsonaro (PL), que culpa a aliada pela derrota eleitoral em 2022. O Supremo Tribunal Federal (STF) também formou maioria para impor mais 5 anos e 3 meses de cadeia à deputada por perseguição armada, mas ela fugiu em meio ao pedido de vistas do ministro Kássio Nunes Marques.
Antes da fuga, Zambelli falou sobre o caso e deixou clara a decepção com o ex-presidente, “uma pessoa que admiro tanto”, em entrevista.
Nesta terça-feira (3), ao anunciar a fuga, a deputada tentou se reaproximar do clã dizendo que vai “ombrear” com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), disseminando a narrativa de “perseguição” na Europa. O filho “03” de Bolsonaro, que fugiu para os EUA, ignorou o aceno da aliada e, assim como os irmãos e a madrasta, Michelle Bolsonaro, silenciou sobre a estratégia da parlamentar.
No entanto, o principal motivo do silêncio do clã diz respeito à briga aberta com Carla Zambelli na máquina milionária de explorar aliados com campanhas via Pix.
A deputada teria se irritado por Bolsonaro lançar uma nova campanha para arrecadar dinheiro dos seguidores dias antes da ação anunciada por ela, com vistas a financiar a fuga do país. Em 2023, Bolsonaro já havia arrecadado R$ 17 milhões em doações dos extremistas.
A aliados, Carla Zambelli teria reclamado que tem dívidas que beiram R$ 3 milhões e que a campanha “mesquinha” de Bolsonaro iria esvaziar as doações a ela.
A campanha da deputada foi lançada em 19 de maio, quando já planejava a fuga do país.
Nas redes, a deputada usou o filho, o “consultor político” João Zambelli, e a mãe, Rita, para apelas por mais doações.
“Como vocês sabem, minha filha está sendo duramente perseguida e enfrentando multas altíssimas, milionárias e totalmente desproporcionais. Peço, por favor, que, se acreditam na luta dela ao longo desses 14 anos, a ajudem com o que puderem”, diz o texto credito à mãe, que estaria sendo usada nas redes de Zambelli para evitar bloqueios.
Antes da fuga, a deputada, que teve o mandato cassado, também lançou a mãe e o filho como pré-candidatos nas eleições de 2026 e 2028.
“Tomei a decisão de transferir oficialmente a titularidade das minhas redes sociais, como herança, para minha mãe, Rita Zambelli, uma mulher íntegra, de princípios sólidos, que carrega os mesmos valores que sempre defendi. Ela, inclusive, é a minha pré-candidata a deputada federal no próximo ano, justamente para dar continuidade a essa luta que é de toda a nossa família e de milhões de brasileiros que se recusam a se curvar diante do autoritarismo”, anunciou.
“Da mesma forma, meu filho, João Zambelli, também dará seguimento a esse legado, em 2028, como pré-candidato à vereança de São Paulo, assegurando que minha luta não seja esquecida, caso, de fato, eu venha a ser calada pelo sistema”, emendou.
Redação C/ Revista Fórum
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